Taxa de desconto: o que é, como calcular e exemplo

9 de abril de 2025 - por Sidemar Castro


A taxa de desconto representa a porcentagem usada para trazer valores futuros para o presente. Ou seja, quando queremos calcular o valor atual de um pagamento que será feito no futuro, aplicamos a taxa de desconto para ajustar esse valor.

Sendo assim, isso é muito útil em investimentos, precificação de ativos e avaliação de projetos. Por exemplo, ao analisar um investimento, um investidor usa a taxa de desconto para calcular quanto vale hoje um retorno esperado daqui a alguns anos. Se a taxa de desconto for alta, o valor presente será menor; se for baixa, o valor presente será maior.

Portanto, a escolha da taxa depende de vários fatores, como o risco envolvido, a inflação e o custo do dinheiro ao longo do tempo. Empresas e economistas geralmente definem essa taxa com base na taxa de juros vigente no mercado e no risco específico do projeto. Leia mais e aprenda como calcular.

Leia também: Taxa de redesconto: o que é, como funciona e qual a importância?

O que é taxa de desconto?

A taxa de desconto é a porcentagem que se usa para calcular o valor presente de um pagamento futuro. Em outras palavras, ela representa o retorno mínimo que um investidor espera receber para adiar o consumo e investir o seu dinheiro hoje.

Além disso, essa taxa reflete o risco associado ao recebimento desse pagamento futuro. Quanto maior o risco, maior será a taxa de desconto exigida pelos investidores.

Por exemplo, imagine que você vai receber R$ 100 daqui a um ano. Se a taxa de desconto for de 10%, o valor presente desse pagamento seria de aproximadamente R$ 90,91. Assim sendo, isso significa que R$ 90,91 investidos hoje a uma taxa de 10% se tornariam R$ 100 em um ano.

Para que serve a taxa de desconto?

A taxa de desconto serve para determinar o valor presente de fluxos de caixa futuros, ajustando-os ao risco e ao custo de oportunidade do capital. Em outras palavras, ela traduz recursos financeiros que serão recebidos ou pagos no futuro para seu equivalente monetário atual, considerando fatores como inflação, incertezas e alternativas de investimento.

Conheça alguns de seus principais usos:

  • Avaliar investimentos: Empresas e investidores aplicam a taxa de desconto para calcular se um projeto ou ativo vale a pena, comparando ganhos futuros com o custo inicial.
  • Calcular valor de ativos: É essencial em modelos como o Fluxo de Caixa Descontado (FCD) para estimar o valor justo de ações, imóveis ou empresas.
  • Definir políticas monetárias: Bancos centrais utilizam a taxa de desconto como ferramenta para controlar a oferta de moeda e influenciar a economia.

Além disso, a taxa reflete o risco associado a um projeto. Quanto maior a incerteza, maior a taxa aplicada. Por exemplo, um investimento em um setor volátil exigirá um desconto mais elevado que um título público estável.

Assim, a taxa de desconto funciona como uma ponte entre o futuro e o presente, permitindo decisões financeiras mais precisas e equilibrando expectativas de retorno com a realidade do mercado.

Como calcular a taxa de desconto?

Antes de tudo, é importante entender que não existe uma fórmula única para calcular a taxa de desconto, pois ela depende do contexto e da perspectiva de quem está realizando o cálculo. No entanto, existem algumas abordagens comuns.

Em seguida, uma forma comum de determinar a taxa de desconto, especialmente em finanças corporativas e avaliação de investimentos, é através do Custo de Capital. O custo de capital representa o retorno mínimo que uma empresa precisa obter sobre seus investimentos para cobrir os custos de financiamento (tanto de dívida quanto de capital próprio) e remunerar seus investidores.

Além disso, uma forma mais específica de calcular o custo de capital é através do Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC), também conhecido pela sigla em inglês WACC. O CMPC leva em consideração a proporção de dívida e capital próprio na estrutura de financiamento da empresa, bem como o custo de cada um desses componentes.

Por exemplo, imagine que você está avaliando um projeto de investimento. Para determinar a taxa de desconto a ser utilizada, você pode considerar o retorno que você poderia obter em investimentos alternativos com risco semelhante. Se você acredita que um investimento com risco parecido poderia te render 12% ao ano, você poderia utilizar essa taxa como sua taxa de desconto.

Outro exemplo: Uma empresa tem 60% do seu financiamento através de capital próprio com um custo de 15% e 40% através de dívida com um custo de 8% (antes dos impostos). Se a taxa de imposto de renda for de 25%, o custo da dívida após os impostos seria 8% (1 – 0,25) = 6%. O CMPC seria então calculado da seguinte forma:

  • 1,CMPC = (Peso do Capital Próprio \ Custo do Capital Próprio) + (Peso da Dívida \ Custo da Dívida após Impostos)
  • 2.CMPC = (0,60 \ 0,15) + (0,40 \ 0,06)
  • 3. CMPC = 0,09 + 0,024
  • 4. CMPC = 0,114 ou 11,4%

Portanto, neste caso, a taxa de desconto a ser utilizada para avaliar projetos dessa empresa seria de 11,4%.

Leia também: O que é a demonstração de fluxo de caixa e como fazer?

Qual a importância da taxa de desconto?

A taxa de desconto tem importância central nas decisões financeiras e econômicas, pois conecta o valor do dinheiro no tempo, o risco e as oportunidades do mercado. Sua relevância se destaca em três dimensões principais:

Primeiro, ela quantifica o custo de oportunidade do capital. Ao descontar fluxos de caixa futuros, a taxa reflete o que se poderia ganhar investindo em alternativas de risco similar. Por exemplo, se um investidor opta por um projeto com retorno de 8%, mas a taxa de desconto é 10%, o projeto não compensa o risco ou o capital imobilizado.

Segundo, ajusta os riscos de incertezas futuras. Projetos mais arriscados exigem taxas de desconto mais altas, reduzindo o valor presente dos retornos esperados. Isso evita superestimações e ajuda a comparar investimentos díspares, como um empreendimento imobiliário estável versus uma startup tecnológica volátil.

Terceiro, serve como ferramenta de política econômica. Bancos centrais alteram a taxa de desconto para estimular ou frear a economia. Se a taxa sobe, empréstimos ficam mais caros, reduzindo gastos e inflação; se cai, incentiva investimentos e consumo.

Além disso, a taxa de desconto padroniza análises financeiras. Sem ela, seria impossível comparar retornos de prazos diferentes ou tomar decisões coerentes entre pagar à vista, financiar ou investir.

Qual a relação entre taxa de desconto, capital próprio e capital de terceiros?

A relação entre taxa de desconto, capital próprio e capital de terceiros está diretamente ligada à estrutura de financiamento de uma empresa e ao cálculo do custo de capital. A seguir, explicamos os principais aspectos dessa interação:

Taxa de desconto

A taxa de desconto é usada para avaliar o valor presente de fluxos de caixa futuros, considerando o risco associado ao investimento. Ela reflete o custo de oportunidade do capital e serve como uma referência para decidir sobre alocação de recursos e viabilidade de projetos.

Em empresas, essa taxa é frequentemente calculada pelo Custo Médio Ponderado de Capital (WACC), que combina o custo do capital próprio e o custo do capital de terceiros, ponderados pela proporção de cada um na estrutura financeira da empresa.

Capital próprio

O capital próprio é formado pelos recursos dos acionistas ou sócios da empresa. Seu custo está relacionado ao retorno esperado por esses investidores, que pode ser medido por dividendos ou valorização das ações. Esse tipo de capital não envolve obrigações contratuais como juros, mas exige que a empresa seja lucrativa para gerar retornos aos acionistas. O custo do capital próprio, representado por ke, é um dos componentes da taxa de desconto.

Capital de terceiros

O capital de terceiros refere-se a recursos obtidos por meio de empréstimos ou financiamentos externos. Seu custo é mais fácil de calcular, pois inclui taxas de juros documentadas e deduções fiscais (como IRPJ e CSLL). Esse custo, representado por kd, também faz parte da fórmula do WACC. Apesar da vantagem inicial em acelerar o crescimento empresarial, o uso excessivo desse tipo de capital aumenta o risco financeiro da empresa.

Relação entre os três elementos

A fórmula do WACC demonstra como a taxa de desconto é calculada com base nos custos proporcionais do capital próprio e do capital de terceiros:

WACC = [ke x (E / (D + E))] + [kd x (D / (D + E)) x (1 – t)]

Sendo cada elemento:

  • ke: Custo do capital próprio.
  • kd: Custo do capital de terceiros ajustado pelos impostos.
  • E: Valor total do patrimônio líquido.
  • D: Valor total das dívidas.
  • t: Alíquota tributária aplicável.

Essa relação mostra que a taxa de desconto varia conforme a proporção entre capital próprio e capital de terceiros na estrutura financeira da empresa. Empresas mais endividadas tendem a ter um custo maior devido ao aumento do risco financeiro, enquanto aquelas que utilizam mais capital próprio podem ter maior estabilidade financeira.

Portanto, a escolha entre utilizar capital próprio ou capital de terceiros impacta diretamente na taxa de desconto e na rentabilidade esperada dos projetos. Uma análise cuidadosa é essencial para equilibrar risco e retorno.

Qual a diferença entre a taxa de desconto e a taxa de juros?

A taxa de juros e a taxa de desconto são conceitos muito importantes em finanças, mas possuem aplicações distintas. Vamos entender as diferenças entre elas de forma clara e direta.

Taxa de Juros

Por definição, ela representa o custo do dinheiro ao longo do tempo. Quando você empresta ou investe dinheiro, os juros são a remuneração pelo uso desse capital.

Aplicação: se você aplica R$ 1.000,00 em uma conta que rende 5% ao ano, ao final de um ano, terá R$ 1.050,00. Aqui, os R$ 50,00 adicionais são os juros ganhos pelo investimento.

Taxa de Desconto

É utilizada para determinar o valor presente de um montante que será recebido ou pago no futuro. Em outras palavras, traz um valor futuro para o presente, considerando uma determinada taxa.

Se você espera receber R$ 1.000,00 daqui a um ano e utiliza uma taxa de desconto de 5%, o valor presente desse montante seria aproximadamente R$ 952,38. Assim, isso significa que R$ 952,38 hoje equivalem a R$ 1.000,00 daqui a um ano, considerando a taxa de desconto.

As principais diferenças são, na perspectiva temporal, que a taxa de juros calcula o valor futuro de um capital presente, adicionando juros ao longo do tempo. Por sua vez, a taxa de desconto determina o valor presente de um montante futuro, descontando uma taxa ao longo do tempo.

Quanto ao objetivo, a taxa de juros avalia o crescimento de um investimento ou o custo de um empréstimo ao longo do tempo. Já a taxa de desconto, avalia quanto vale hoje um valor que será recebido ou pago no futuro.

Para o cálculo, na taxa de juros, aplica-se a taxa sobre o capital inicial para projetar seu valor futuro. Na taxa de desconto, por sua vez, aplica-se a taxa para trazer o valor futuro ao presente.

Sendo assim, enquanto a taxa de juros projeta o crescimento de um valor presente para o futuro, a taxa de desconto traz um valor futuro para o presente. Ambas são essenciais para a tomada de decisões financeiras e investimentos.

Leia também: Taxa interna de retorno: o que é, como funciona e como calcular?

Fontes: Mais Retorno, Onze, Treasy e Suno.

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