29 de abril de 2022 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Se tem uma coisa que causa muita dúvida e até revolta nas pessoas são as tarifas bancárias. Na verdade, a maioria dos brasileiros tem uma relação problemática com os bancos tradicionais. Por isso, vou te mostrar 5 coisas – entre elas, a malvada taxa do banco – que você não precisa pagar nunca mais.
Talvez você não tenha se atentado a isso, ainda, pelo fato de já ter se acostumado a pagar um monte de taxas e tarifas. Assim, por pura ignorância quanto aos seus direitos, você pode estar caindo em alguma armadilha por aí.
O setor financeiro é um ladrão?
O setor financeiro não é, exatamente, um grande vilão que quer roubar o seu dinheiro. Não é isso!
Eu mesmo invisto e até sou sócio de empresa do ramo.
O problema, então, não está no todo. Mas, nas pequenas artimanhas que existem, aqui e ali, pra tentar ganhar alguma vantagem sobre os desavisados.
São, por exemplo, aquelas operações cercadas de letrinhas que acabam tendo o potencial de lesar o cliente.
Então, separando alhos de bugalhos, vamos conhecer as 5 coisas que você não precisará mais pagar a partir de hoje.
1. Não pague mais: cesta básica de serviços
Graças ao bom Deus, tivemos muita evolução neste ponto específico, nos últimos anos. Porém, a cesta básica de serviços ainda continua tirando dinheiro de muita gente.
De modo geral, as tarifas bancárias devem respeitar várias regras impostas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Assim, há um total de 4 modalidades de tarifas para pessoas físicas: serviços essenciais, prioritários, especiais e diferenciados.
Ocorre que, na maioria das vezes, você pode – e deve – pedir o cancelamento dessas tarifas. E muitos bancos, como Bradesco, Banco do Brasil e Santander, permitem fazer isto pelo próprio internet banking.
Tarifa bancária mascarada
Uma artimanha que vem sendo usada pelos bancos digitais é mudar a forma como a cobrança vem descrita no extrato.
Eles trocam, por exemplo, os termos “tarifa”, “manutenção” ou “pacote de serviços” por algo como “especial…” e “prioritário…”. Assim, muitas vezes a tarifa mascarada acaba passando despercebida.
Outra estratégia usada pelos bancos, em geral, é a de pulverizar a cobrança em dias alternados do mês.
Então, fique atento aos termos e à frequência das cobranças e entre em contato com seu banco urgentemente para cancelar essas tarifas.
Neste ponto, infelizmente vivemos no país em que os bancos viraram quase uma “sucursal” do Banco Central. Assim, a entrada de novos players, com melhor atendimento, é praticamente inviável.
Por isso, na hora de cancelar as tarifas abusivas, pode ir com tudo. Vale usar a legislação, ameaçar mudar de banco e, no caso dos digitais, até já ir direto pro Reclame Aqui.
2. Não pague mais: seguro do cartão de crédito
A segunda armadilha é onde eu mais vejo gente cair. É o tal do seguro do cartão de crédito.
Se você é correntista há muito tempo e tem cartão de crédito, já deve ter recebido algumas ligações oferendo este “excelente” serviço.
Do outro lado da linha, alguém com palavras bonitas e aterrorizantes te diz que o seguro é essencial pra sua vida. Vai que seu cartão seja clonado ou roubado por uma pessoa terrivelmente má intencionada!
Pois bem. Saiba que, pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), os bancos são obrigados a arcar com eventuais prejuízos, de forma solidária.
Ou seja, a segurança de seus dados e do seu cartão é de responsabilidade do banco. Isso já faz parte do risco do negócio das operadoras de cartão.
Em resumo, seu cartão já está “protegido” desde a emissão. Caso haja algum incidente, basta ligar na central para que a operadora tome as devidas providências.
Já no caso do cartão de débito, o mais prudente é não deixar a senha anotada próxima ao cartão. Isso porque, em caso de furto ou roubo, o banco não se responsabilizará.
Lembrando que a cobrança de seguro não solicitada ou não autorizada é considerada abusiva e, portanto, passível de indenização por dano moral.
3. Não pague mais: produto de banco para bom relacionamento
Os bancos são tão criativos na hora de inventar cobranças que a gente fica até impressionado!
Neste ponto, em específico, eles foram longe demais.
O gerente consegue te convencer que adquirir um produto específico, como um pacote “diferenciado” ou mesmo um título de capitalização faz bem pro seu relacionamento com o banco.
Não caia nessa! O que o banco quer, no fim das contas, é fazer você pagar ainda mais tarifas.
Isso sem falar que o título de capitalização é uma das formas mais eficientes de te descapitalizar!
No fim das contas, o banco sempre vai tentar empurrar mais e mais produtos, principalmente para clientes que têm ampla capacidade de se endividar – como os ricos, claro, e os servidores públicos.
E fique atento: quanto mais você puder se endividar, mais o banco vai te oferecer crédito. Afinal, para ele, os juros altíssimos acabam compensando – e muito – o risco.
Então, agora, você já sabe: quando o gerentão te oferecer café e um belo título de capitalização… aceite só o café!
4. Não pague mais: consórcio ruim até o final
Chegamos num ponto em que se enquadra, somente, a torcida do maior time do futebol brasileiro. Ou de vários times juntos!
É impressionante o número de gente que ainda acha que consórcio é bom. E pior, que acha que consórcio é investimento.
Nunca será!
Pra começar, a pessoa já entra iludida, achando que não está pagando juros. E, de direito, não está.
Mas, de fato, pode pagar ainda mais caro que num financiamento imobiliário convencional. Isso graças às altas taxas de administração e ao reajuste das parcelas pela inflação.
Aí, em muitos casos, o melhor é enxugar as lágrimas e pular fora enquanto é tempo.
Posso abandonar o consórcio sem sujar meu nome?
Pouca gente sabe que, quando desiste de um consórcio, a instituição financeira não pode fazer nada a respeito.
Então, se você estiver arrependido de ter feito o consórcio, saiba que o banco não vai poder sujar o seu nome caso você pare de pagar.
Isso porque consórcio não é dívida. Assim, deixar de pagar consórcio não coloca seu nome no SPC ou Serasa.
Uma coisa que você deve fazer, entretanto, é a boa e velha continha.
Se você ainda estiver no início do consórcio, quase sempre valerá a pena abandonar o barco.
Se estiver mais à frente, contudo, pode ser um mau negócio. Ou seja, você pode acabar perdendo ainda mais dinheiro.
Consórcio x investimento
Para saber se é mais vantajoso abandonar o consórcio e passar a investir os valores, é preciso fazer as contas.
Ao comparar o consórcio a um investimento, de fato, você pode acabar trocando um passivo por um ativo financeiro. Ótima ideia, não?
Por exemplo: talvez seja muito mais viável colocar o mesmo valor mensal do consórcio em um investimento de renda fixa. Dessa forma, você passa a ganhar dinheiro todos os meses, ao invés de perder.
E, no futuro, poderá usar o valor total (aportes + rendimentos) para comprar o bem à vista e, ainda, com um bom desconto.
Perco o valor pago quando desisto do consórcio?
Um ponto importante a considerar é que, ao desistir de um consórcio, você não perde todo o valor pago.
A instituição financeira devolverá o que você pagou – por meio de sorteio ou ao fim do consórcio –, com o devido desconto dos valores referentes a multas e taxas contratuais.
Portanto, se for mais vantajoso, não pense duas vezes. Pare de pagar o consórcio e vida que segue!
5. Não pague mais: juros abusivos
Para encerrar, que tal se livrar daqueles juros altíssimos, estratosféricos, quase impossíveis de pagar?
Saiba que você pode descobrir se caiu nessa armadilha. E, a partir de então, se livrar do pepino.
Antes, porém, sejamos justos: juros absurdamente abusivos quase não são vistos nos grandes bancos. Eles já são vacinados porque, felizmente, as indenizações neste tipo de processo costumam doer.
Então, as campeãs nesse quesito acabam sendo as financeiras – como aquelas instituições de crédito consignado que vivem te abordando na rua.
E, para saber se a taxa de juros que você está pagando é abusiva, você pode seguir alguns passos.
Como saber se estou pagando um juro abusivo?
O primeiro passo para saber se você está pagando um juro abusivo é conferir a taxa que está sendo cobrada (ao mês e ao ano) no seu contrato.
Em seguida, você pode encontrar as taxas de juros praticadas pelo mercado.
Os dados gerais são disponibilizados todos os meses pelo Banco Central (Acesse AQUI).
Lá, você pode obter o total de juros por instituição e por modalidade – como empréstimo pessoal, consignado, cartão de crédito, cheque especial, leasing e financiamento imobiliário.
A partir de então, você poderá tirar uma média dos juros no mercado.
Como me livrar do juro abusivo?
Se você constatar que está pagando um porcentual muito acima da média, certamente vai estar sendo uma vítima de juros abusivos.
Esse tipo de situação é mais comum entre idosos, servidores públicos e pessoas mais simples e leigas.
Assim, se não quiser partir para a via judicial, você pode tentar uma solução mais simples. É a chamada portabilidade de crédito.
Para tanto, você deve observar o saldo devedor para quitação antecipada da dívida. Em seguida, basta procurar outro banco ou instituição, com juros mais baixos, e fazer a portabilidade.
Assim, você vai, de fato, trocar uma dívida cara por uma mais barata.
E vale para diversas modalidades de crédito, inclusive para financiamento imobiliário e de veículos.
Caso não seja possível fazer a portabilidade, o ideal é procurar uma ajuda especializada. Mas atenção: só aceite ajuda de pessoas e empresas realmente sérias!
Para todos os 5 casos que comentamos aqui, o melhor mesmo é você se informar muito, mas muito bem, antes de assinar qualquer contrato com um banco ou financeira.
Assim, você consegue descobrir antecipadamente as arapucas e fugir das taxas que você não precisa pagar, da mesmíssima forma que o diabo corre da cruz!
Agora, que você conhece as 5 taxas que você não precisa pagar, confira mais detalhes no vídeo acima, que publiquei no canal do Investidor Sardinha.
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E não deixe de conferir, também: Como ganhar dinheiro com bancos: 4 dicas práticas.