17 de junho de 2021 - por Jaíne Jehniffer
Muitos investidores desejam montar uma carteira de dividendos para viver de renda. Se essa é a sua intenção, então você precisa montar uma carteira de dividendos à prova de balas.
Sendo que, a maior preocupação de quem quer fazer uma carteira de dividendos é que ela seja resiliente, ou seja, que ela consiga passar por períodos bons e ruins na economia sem grandes problemas.
Apesar de falarmos sobre como montar uma carteira de dividendos à prova de balas, esse texto não deve ser considerado como uma indicação de como você deve montar sua carteira de dividendos.
A melhor carteira de dividendos
Neste texto estamos focando em uma carteira voltada para a obtenção de dividendos. No entanto, se você deseja uma boa rentabilidade, vale a pena analisar as opções disponíveis em renda fixa e diversificar entre renda fixa e variável.
Por exemplo, no momento em que este texto está sendo escrito, existem alguns CDBs que oferecem um retorno de mais de 12% ao ano. Enfim, para montar a melhor carteira de dividendos possível, siga os passos abaixo:
1- Qual é o seu tipo de investidor
No geral, os investidores que querem montar uma carteira de dividendos podem ser divididos em dois tipos:
- Investidor com patrimônio: Este é o investidor que já possui um patrimônio e tem como objetivo viver de renda passiva. Geralmente esses são investidores mais velhos, que não tem a intenção de aumentar o patrimônio, mas sim usufruir.
- Investidor que está construindo o patrimônio: O objetivo é montar uma carteira que já pague dividendos desde o começo. Sendo assim, esses investidores não querem esperar para receber dividendos apenas no futuro.
2- Opções de carteira de dividendos
Depois de identificar qual o seu tipo de investidor, está na hora de montar uma carteira de dividendos à prova de balas. Existem diversas formas de fazer isso, vamos colocar alguns exemplos no decorrer desse texto, mas vale lembrar que são apenas exemplos e não recomendações.
Repare que os exemplos que são dados de carteiras de dividendos, são bem diversificados. A diversificação é muito importante para as pessoas que pretendem viver de dividendos, afinal de contas, você não pode correr o risco de deixar de receber seus proventos periodicamente.
Com patrimônio
Para o investidor com patrimônio, um exemplo de carteira é:
Nesse primeiro exemplo de carteira, seria destinado 30% para fundos imobiliários, 20% em REITs, 40% em ações com Dividend Yield (DY) acima de 4% e 10% em ETFs norte-americanos. Os fundos imobiliários são interessantes, pois distribuem dividendos todos os meses e são fundos que não podem se endividar.
Já os REITs são parecidos com os fundos imobiliários brasileiros, mas possuem regras de funcionamento diferentes. Os 40% destinados às ações, podem ser divididos entre ações nacionais e internacionais. Por fim, os ETFs na nossa carteira de exemplo, são apenas norte-americanos e não brasileiros.
Isso porque, os ETFs norte-americanos distribuem dividendos e os ETFs brasileiros não. Esse é apenas um exemplo de carteira, mas se você preferir pode destinar uma parte maior para uma dessas categorias de ativos, como, por exemplo, 20% para ETFs.
Construindo patrimônio
Para os investidores que estão construindo patrimônio, um exemplo de uma carteira de dividendos à prova de balas é:
Nesse segundo caso, a carteira possui 20% em fundos imobiliários, 20% em REITs, 40% em ações pagadoras de dividendos e 20% de ETFs norte-americanos. Essa carteira é bem diferente da anterior, pois, o mais importante para esse investidor é a valorização das cotas e o reinvestimento de dividendos.
Portanto, como os ETFs norte-americanos distribuem dividendos, eles podem ser ótimas oportunidades de alavancar o patrimônio enquanto crescem. Outra diferença entre essa carteira e a anterior, é que neste caso estamos falando de ações pagadoras de dividendos e não exatamente ações com DY a partir de 4%.
Nessa carteira não existe um valor mínimo de Dividend Yield, pois o investidor que está construindo patrimônio ainda precisa do crescimento do patrimônio. Sendo que, quando ele chegar na fase de usufruir do patrimônio, ele pode desmanchar uma parcela dessas ações e aplicar em ações com DY altos.
Os ETFs norte-americanos possuem uma porcentagem maior nesta carteira, pois estamos falando de um investimento realizado em um país que cresce muito e pode contribuir com o crescimento do patrimônio do investidor.
Por fim, os fundos imobiliários possuem uma porcentagem menor no segundo exemplo de carteira de dividendos, pois historicamente eles pagam mais dividendos, porém, a valorização das cotas não é tão grande.
Em outras palavras, quando você está construindo patrimônio é melhor priorizar as aplicações que proporcionam dividendos ao mesmo tempo em que ajudam no crescimento da carteira. Enfim, essas pequenas mudanças podem fazer com que seu patrimônio cresça muito mais rápido.
3- Como escolher os ativos
Além de estabelecer a divisão de ativos que faça sentido com o seu tipo de investidor e as classes de ativos que podem compor sua carteira, é preciso saber como escolher esses ativos:
Ações brasileiras
Primeiramente, é preciso considerar que se você deseja uma carteira forte, que sobreviva às crises, os setores perenes são os mais interessantes. Ou seja, se a intenção é ter uma carteira à prova de balas, você não deve priorizar as ações que mais crescem ou que estão na moda.
A intenção é escolher empresas que distribuíram historicamente bons dividendos. Sendo assim, os melhores setores para montar a melhor carteira de dividendos possível são:
- Setor bancário
- Saneamento
- Energia elétrica
- Alimentício
- Saúde
- Seguros
Desse modo, para montar uma carteira de dividendos à prova de balas, é preciso diversificar entre empresas que pagam bons dividendos e que sejam de algum desses setores perenes. Logo, se uma empresa tiver pago bons dividendos nos últimos anos, mas não pertencer a um setor perene, ela não deve entrar na sua carteira.
Isso porque, é impossível prever se essa empresa vai continuar pagando dividendos. É claro que não é certeza que a empresa do setor perene vai continuar a ser uma boa pagadora de dividendos. Entretanto, como historicamente ela distribuiu bons proventos, existe uma grande chance de ela continuar assim.
Fundos imobiliários
Ao escolher fundos imobiliários, é melhor priorizar os fundos do tipo tijolo. Em resumo, os fundos de tijolo aplicam em imóveis físicos e obtêm renda principalmente com aluguel dos imóveis. Os fundos de papel não são muito interessantes, pois eles investem em títulos relacionados a imóveis. Logo, é melhor investir diretamente nos títulos do que no fundo.
Ao escolher fundos de tijolo, prefira os fundos que não são monoativos, isto é, que possuem apenas um imóvel. Os fundos com apenas um imóvel são bem mais arriscados do que os fundos com muitos imóveis. Além disso, os fundos devem ter um DY superior a 2% ao ano, nos últimos 12 meses.
ETFs e REITs
Existem muitas opções de ETFs norte-americanos, inclusive alternativas de ETFs focados exclusivamente em investir em empresas pagadoras de dividendos. Veja o vídeo de Raul Sena para aprender como pesquisar sobre os ETFs e REITs disponíveis:
E aí, gostou de aprender como montar uma carteira de dividendos à prova de balas? Então aproveite para ficar por dentro da possível Tributação de dividendos – Projeto de Lei e o fim da distribuição de JCPs
Imagens: Investnews, Infomoney, Luiz fernando roxo, Money crashers e Clube do valor