Risco financeiro: o que é, como calcular, evitar e analisar

Descubra o que é risco financeiro, quais são os principais tipos e como empresas podem identificar, analisar e se proteger deles.

25 de julho de 2025 - por Millena Santos


No mundo dos negócios, lidar com o risco financeiro é praticamente inevitável. Afinal, ele faz parte da rotina de quem empreende ou investe. Mas apesar de parecer algo assustador, o risco pode, e deve, ser controlado com boas estratégias.

Seja em grandes corporações ou em pequenos empreendimentos, ele pode aparecer de várias formas: oscilações do mercado, crises econômicas, falhas operacionais, mudanças políticas ou até imprevistos do dia a dia. Neste texto, a gente te explica mais sobre isso.

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O que é risco financeiro?

Risco financeiro é a chance de que algo saia diferente do planejado e acabe causando prejuízos, seja em investimentos ou em qualquer tipo de transação financeira. Isso, inclusive, vale tanto para pessoas físicas quanto para empresas.

Imagine uma empresa recém-criada: por melhor que seja a ideia ou o planejamento, sempre existe a possibilidade de algo não sair como esperado. Certo? Pode ser por fatores internos, como uma má gestão, ou externos, como uma crise econômica. E o ponto é: não existe operação 100% livre de riscos, nem mesmo aquelas consideradas mais seguras.

Por fim, ainda vale ressaltar que o risco financeiro não escolhe tamanho da empresa: desde pequenos empreendedores até grandes corporações estão sujeitos a esses probleminhas. O que muda, na verdade, é como cada um lida com eles.

Quais são os tipos de risco financeiro?

1- Risco de Mercado

Esse risco aparece quando há variações inesperadas nos preços de ativos financeiros, como ações, commodities (como petróleo, soja, café) ou moedas estrangeiras. Essas flutuações podem causar perdas para quem compra ou vende ativos no momento errado.

Alguns fatores desencadeiam esses riscos. Entre eles estão:

  • Mudanças nas taxas de juros;
  • Inflação alta;
  • Crises internacionais;
  • Guerra ou instabilidade política;
  • Notícias econômicas que impactam o mercado.

2- Risco de Liquidez

É o risco de não conseguir transformar um ativo em dinheiro rapidamente sem perder valor. Ou seja, é quando se tem um bem ou aplicação, mas não dá para vendê-lo a tempo em uma situação de aperto.

Alguns sinais de alerta são:

  • Empresa com muitos ativos, mas sem caixa para pagar contas do mês;
  • Investimentos com baixa procura no mercado secundário;
  • Dificuldade para vender imóveis ou mercadorias paradas no estoque.

3- Risco de Crédito

Já esse tipo de risco se refere à chance de que uma pessoa ou empresa não pague o que deve. Bancos, outras instituições financeiras e empresas que vendem a prazo enfrentam esse risco diariamente.

Alguns exemplos comuns:

  • Um cliente compra parcelado e deixa de pagar;
  • Uma empresa faz um empréstimo e não consegue quitar as parcelas;
  • Um investidor aplica em debêntures e a empresa emissora entra em colapso.

4- Risco Operacional

Esse risco tem a ver com falhas internas: erros humanos, falhas em sistemas, processos mal estruturados ou falta de preparo da equipe.

Algumas consequências são:

  • Perdas financeiras por atraso em entregas;
  • Multas por descumprimento de contrato;
  • Danos à imagem da empresa.

5- Risco de Solvência

Aqui, trata-se da incapacidade de uma empresa ou instituição de arcar com suas obrigações financeiras no longo prazo. Não se trata apenas de estar “sem dinheiro agora”, mas de um desequilíbrio estrutural.

Entre as causas frequentes, vale a pena citar:

  • Endividamento excessivo;
  • Receita insuficiente para cobrir despesas fixas;
  • Má administração dos recursos ao longo do tempo.

6- Instabilidade Financeira

Esse risco surge em cenários de incerteza econômica, política ou social. Ele afeta toda a cadeia produtiva, impactando diretamente nas finanças de empresas e investidores.

Causas possíveis:

  • Pandemias;
  • Guerras;
  • Crises econômicas globais ou nacionais;
  • Mudanças bruscas na política fiscal ou monetária.

7- Risco Legal

Ocorre quando contratos são mal redigidos ou quando há falta de conformidade com leis e regulamentos. Negligenciar esse aspecto pode gerar ações judiciais, multas ou até o cancelamento de parcerias.

Alguns exemplos:

  • Assinar contratos sem análise jurídica;
  • Falta de registro formal de acordos;
  • Descumprimento de regras ambientais ou trabalhistas.

8- Risco Reputacional

É o risco de perder a confiança do mercado. Isso pode acontecer por escândalos, má conduta, insatisfação de clientes, crises internas ou exposição negativa na mídia.

Consequências:

  • Queda nas vendas;
  • Perda de investidores e parceiros;
  • Dificuldade para captar recursos.

9- Risco Sistêmico

Por fim, esse é o risco que atinge o sistema financeiro como um todo. Quando uma grande instituição quebra, os impactos se espalham e provocam reações em cadeia.

Inclusive, foi o que aconteceu, por exemplo, na crise de 2008, com a falência do banco Lehman Brothers nos EUA.

Leia mais: 6 investimentos seguros em tempos de crise

Como calcular o risco financeiro?

Calcular o risco financeiro pode parecer uma tarefa complicada e abstrata, mas, na prática, é uma forma de se preparar melhor para o que pode acontecer no futuro. A ideia central é bem simples: entender a probabilidade de algo dar errado e o impacto que isso pode causar nas finanças, seja de uma empresa ou de uma pessoa.

O primeiro passo é olhar para a probabilidade de determinado problema acontecer. Um atraso frequente de fornecedores? Quedas recorrentes na bolsa? Inadimplência de clientes? Tudo isso deve entrar no radar. Quanto maior a chance de algo acontecer, maior o cuidado que esse risco exige.

Mas não basta saber que o problema pode surgir, é importante também entender o tamanho do estrago. Qual seria o prejuízo financeiro caso esse risco realmente se concretizasse? Ele afetaria apenas o caixa do mês ou poderia comprometer a operação como um todo? Esse tipo de análise é fundamental e ajuda a dimensionar o impacto e a definir prioridades de ação.

Outro ponto é considerar por quanto tempo se está exposto ao risco. Quanto mais tempo uma operação estiver vulnerável, maiores são as chances de o imprevisto acontecer em algum momento.

E aqui entra uma questão essencial: qual a capacidade de resposta diante de uma crise? Ter um plano de contingência, equipe preparada e recursos de reserva pode fazer toda a diferença para reduzir os danos.

Além disso, vale ressaltar que existem ferramentas e indicadores que ajudam a quantificar esse risco com mais precisão. Métricas como o Value at Risk (VaR), o desvio padrão ou o índice de Sharpe são exemplos usados por quem atua no mercado financeiro. No entanto, também é necessário focar no básico: identificar, entender e se preparar.

Como analisar e identificar os riscos financeiros?

1- Análise Preliminar de Risco (APR)

A APR é uma técnica bastante aplicada na fase inicial de projetos, antes mesmo da operação começar.

O objetivo é mapear todos os possíveis riscos que podem surgir durante as etapas de um processo, de forma preventiva.

Essa análise geralmente é feita em forma de tabela, em que são listados:

  • Os possíveis riscos em cada etapa do negócio;
  • As causas prováveis desses riscos;
  • As consequências caso eles se concretizem;
  • As medidas preventivas que podem ser adotadas.

A grande vantagem da APR é permitir uma visão ampla e antecipada do que pode dar errado, o que ajuda muito na construção de um plano de ação para minimizar os impactos ou até evitar que o problema aconteça.

2- FMEA (Failure Mode and Effects Analysis)

Essa é uma técnica que tem origem na engenharia, usada inicialmente pela NASA, e se tornou uma das mais conhecidas no mundo corporativo para análise de riscos.

O FMEA é um método sistemático para identificar falhas potenciais em um processo, produto ou sistema, analisando suas causas e os efeitos que essas falhas podem provocar.

Essa técnica ajuda a responder:

  • Quais falhas podem acontecer?
  • Por que elas aconteceriam?
  • O que acontece se elas ocorrerem?
  • Qual a gravidade e a frequência desses problemas?

Com base nas respostas, é possível classificar os riscos e priorizar os que precisam de atenção imediata. Além disso, o método também estimula a busca por soluções antes que os erros causem prejuízos financeiros ou operacionais.

3- Método “What If”

Esse é um dos métodos mais simples, mas também um dos mais eficazes, para identificar riscos, principalmente em projetos ou investimentos em fase inicial.

Na prática, consiste em fazer perguntas hipotéticas com base no cenário proposto.

Exemplos:

  • E se a taxa de juros aumentar de forma inesperada?
  • E se o fornecedor não entregar no prazo?
  • E se houver uma greve geral?
  • E se o sistema sair do ar por 48 horas?

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Como evitar riscos financeiros?

Lidar com riscos financeiros exige atenção, preparo e, principalmente, estratégia. Afinal, eles podem surgir de formas diferentes e, muitas vezes, de onde menos se espera, o que, com certeza, torna a prevenção um grande desafio.

O primeiro passo é entender exatamente qual risco está diante de você. Parece simples, mas essa identificação é essencial. Sem isso, fica difícil saber por onde começar.

Isso porque cada tipo de risco exige uma abordagem diferente, então generalizar pode acabar gerando mais prejuízos do que soluções.

Agora, é muito importante lembrar: nem sempre os riscos podem ser previstos. O mundo está em constante mudança, e alguns eventos fogem completamente do controle, a exemplo de pandemias, guerras, crises econômicas globais, mudanças climáticas entre outros fatores.

Por isso, é preciso muito mais do que tentar evitar o risco a todo custo. O ideal, aqui, é estar preparado para reagir com estratégia quando ele surgir.

Como fazer a gestão de risco financeiro e qual a sua importância?

Fazer a gestão de riscos é essencial para garantir a continuidade e o crescimento sustentável de qualquer negócio. Isso não se trata só sobre evitar perdas: é sobre tomar decisões com estratégias bem pensadas.

1- Identificação dos riscos

Liste todos os riscos possíveis, internos e externos, que podem afetar suas finanças. Essa etapa exige olhar crítico e envolvimento de todas as áreas.

2- Avaliação de impacto

Avalie a gravidade de cada risco e a chance de ele acontecer. Assim, é possível priorizar os mais urgentes e perigosos.

3- Adote estratégias

Implemente ações preventivas, como:

  • Hedging: para proteger contra variações de câmbio;
  • Diversificação: não colocar todos os ovos na mesma cesta;
  • Políticas de crédito: para evitar inadimplência.

4- Monitoramento constante

Acompanhe os indicadores financeiros, revise suas estratégias e atualize os controles. O mercado muda rápido, e sua resposta também precisa ser ágil.

5- Controles e governança

Estabeleça regras claras de decisão, treine as equipes, faça auditorias e mantenha a cultura de responsabilidade em todos os níveis da empresa.

6- Planos de contingência

Por último, mas não menos importante: prepare-se para o pior. Ter planos B bem estruturados pode salvar o negócio em situações de crise. Isso inclui protocolos de emergência, comunicação rápida e alternativas de financiamento.

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Fonte: FIA, Nibo, Flash Blog, Stripe.

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