Ativos reais x Ativos financeiros: qual a diferença?

12 de janeiro de 2022, por Jaíne Jehniffer

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Quando o assunto é investimentos, fala-se muito sobre a bolsa de valores e o mercado financeiro tradicional. Mas você já ouviu falar sobre os ativos reais?

Esse tipo de ativo está descorrelacionado da bolsa de valores. Na verdade, eles estão ligados diretamente à capacidade produtiva e de geração de riquezas de uma sociedade.

Isso faz com que eles tenham um funcionamento bem diferente dos ativos financeiros. Logo, eles podem ser uma boa opção para a diversificação do portfólio.

O que são ativos reais?

Antes de falarmos o que são ativos reais, você precisa saber o que é economia real. Em resumo, a economia real é um setor da economia que gera riquezas e retornos significativos para a sociedade.

Ou seja, é a economia do dia a dia, que todos nós temos contato. Sendo que alguns dos índices ligados à economia real são: PIB, inflação e taxa de desemprego.

Enfim, aplicar em ativos reais é investir diretamente na economia real e contribuir com a geração de benefícios para a sociedade. Alguns exemplos de ativos reais são:

  • Imóveis;
  • Maquinário industrial;
  • Veículos;
  • Títulos públicos judiciais;
  • Recebíveis de empresas;
  • Obras de arte, vinhos e carros antigos;
  • Moedas e cédulas raras;
  • Empréstimos peer-to-peer;
  • Royalties de propriedade intelectual;
  • Crowdfunding imobiliário.

Ativos reais x Ativos financeiros: qual a diferença?

Vale destacar que os ativos reais estão entre as formas mais antigas de investimento. Ou seja, esse tipo de aplicação existe desde antes da invenção da bolsa de valores, renda fixa e títulos públicos.

Apesar de ser uma forma muito antiga de investir, durante muito tempo ela esteve esquecida pelos investidores comuns.

É claro que os grandes investidores nunca se esqueceram desse tipo de aplicação. No entanto, foi com a crise do subprime que o mercado passou a dar atenção para os ativos reais novamente.

Isso porque, naquele momento, as pessoas estavam em busca de investimentos que não sofressem com as quedas da bolsa e que tivessem um retorno mais alto do que a renda fixa.

Logo, os ativos reais passaram a ser vistos como uma boa opção de diversificação. Enfim, as características dos ativos reais são:

  • Baixa correlação com outros ativos;
  • Proteção contra inflação;
  • Segurança;
  • Longo prazo;
  • Baixa liquidez;
  • Não é afetado pela bolsa.

Vantagens

Uma das grandes vantagens dos ativos reais, é o fato de que eles são descorrelacionados da bolsa. Isso é um ponto positivo, pois as variações da bolsa não afetam estes ativos. Isso nos leva a 2º vantagem que é a diversificação.

Como eles não são afetados pelas variações da bolsa, então eles são uma boa forma de diversificar. Afinal de contas, eles não sofrem com as crises, circuit breakers e afins que podem afetar a bolsa.

Ativos reais x Ativos financeiros: qual a diferença?

Temos ainda a vantagem do potencial de retorno. É claro que não são todos os ativos que irão te trazer altos retornos.

Mas alguns deles podem trazer bons resultados, principalmente se compararmos a relação de risco e retornos dos ativos reais com os ativos financeiros.

Ativos reais X ativos financeiros

Existem várias diferenças entre os ativos reais e os ativos financeiros. A primeira diferença é que os ativos reais não são oferecidos por corretoras e bancos como ocorre com os investimentos tradicionais.

No mercado tradicional são negociados ativos como ações e títulos. Esses ativos representam obrigações ou propriedades.

Logo, eles podem ser oferecidos por bancos e corretoras. Já os ativos reais são, em sua grande parte, bens palpáveis. É por isso que eles ficam fora do radar. 

Outra diferença entre eles é a segurança. Os ativos reais são tidos como mais seguros. Isso porque, eles não estão sujeitos às oscilações da bolsa.

Ativos reais x Ativos financeiros: qual a diferença?

No entanto, vale destacar que os ativos reais não são renda fixa. Na renda fixa, você sabe desde a aplicação, qual será a forma de retorno. Já nos ativos reais, o retorno depende muito do cenário.

Por fim, temos ainda a questão da liquidez. Os ativos reais têm liquidez menor do que os ativos financeiros. A baixa liquidez significa que você pode ter dificuldades em vender o ativo.

Por outro lado, os ativos financeiros com alta liquidez são negociados de forma fácil. Contudo, vale lembrar que a baixa liquidez, de maneira geral, está ligado a um retorno mais alto.

O mercado de ativos reais

Depois da crise de 2008, o mercado de ativos reais se tornou mais movimentado. Com isso, surgiram empresas e plataformas especializadas em oferecer esse tipo de aplicação.

No Brasil, esse cenário passou a mudar em 2017. Isso porque, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulamentou a atividade de crowdfunding de investimentos no Brasil.

Esse tipo de aplicação já era feita no Brasil antes que houvesse uma norma da CVM. Isso era feito com base em uma exceção das regras de ofertas públicas de grandes empresas que era normatizada desde 2002.

Mas com a definição de regras pela CVM em 2014, passaram a surgir plataformas que solicitavam autorização da CVM para realizarem essas ofertas.

Dessa forma, em 2017 a CVM publicou uma norma à Instrução CVM nº 588/17, que regulamenta esse tipo de oferta pública de investimentos.

Algumas projeções indicam que esse tipo de financiamento deve atingir a marca de 90 bilhões de dólares arrecadados em todo o mundo até 2025. Sendo que o Brasil pode representar 10% deste total.

Como investir?

E aí, ficou interessado em investir em ativos reais? Vamos te explicar como fazer isso. Em 1º lugar, este tipo de aplicação antes era uma opção apenas para pessoas muito ricas.

Mas isso mudou com a democratização dos acessos a essas aplicações. Sendo assim, hoje os investidores no geral, podem aplicar em ativos reais.

Antes de investir, é preciso que você defina seus objetivos de longo prazo. Isso porque, a maior parte desses ativos são para o longo prazo.

Logo, se você pretende aplicar para o curto ou médio prazo, talvez seja melhor outros tipos de ativos. Além disso, analise o seu portfólio e estabeleça a porcentagem que será destinada aos ativos reais.

Uma dica é que você não invista apenas em ativos reais. Ao invés disso, prefira montar um portfólio diversificado. Ou seja, tenha renda fixa, variável e ativos reais em seu portfólio.

Antes de investir, não deixe de levar em conta também o seu perfil de investidor. Respeitar o seu perfil aumenta as suas chances de obter os resultados pretendidos. Algumas dicas para investir são:

  • Planeje;
  • Análise o tempo de retorno;
  • Leve em conta as taxas;
  • Considere seu perfil;
  • Diversifique com outros tipos de ativos.

Por fim, para investir você deve escolher uma fintech que ofereça esse tipo de ativo. No mercado existem várias plataformas que oferecem esse tipo de aplicação. Mas não deixe de checar se elas são reguladas pela CVM.

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