Empréstimo peer-to-peer: o que é e como funciona o P2P lending

30 de agosto de 2021, por Sidemar Castro

Tempo de leitura médio: 13 min, 32 seg


O empréstimo peer-to-peer é uma forma dos investidores emprestar créditos para as empresas, sem a necessidade dos bancos intermediarem as transações.  Para os investidores, esse tipo de empréstimo é bastante vantajoso, já que o rendimento pode ser superior a outros tipos de aplicações como, por exemplo, a poupança

Já para as empresas, o empréstimo peer-to-peer é uma ótima maneira de obter financiamento, sem precisar arcar com os altos juros bancários. Leia mais!

O que é empréstimo peer-to-peer (P2P)?

O empréstimo peer-to-peer, “ponto a ponto” ou “pessoa a pessoa”, também conhecido pela sigla P2P, é uma modalidade de crédito coletivo que conecta tomadores de crédito a investidores através de meios digitais, sem a intervenção de bancos.

Nesse modelo, pessoas investem em pessoas e projetos, sem toda a burocracia de uma instituição financeira tradicional. As taxas são geralmente menos abusivas, as parcelas mais flexíveis e a rentabilidade mais alta. Apesar de ser uma modalidade de crowdfunding, é específico para pequenos negócios e pequenos projetos.

Cada empresa e plataforma adota critérios para a seleção de quem pode pedir um empréstimo dessa modalidade, seja pessoa física ou jurídica. Quanto maior a avaliação de quem empresta, menor é a taxa de juros e o retorno do investidor.

As vantagens desse modelo incluem menor burocracia, juros para os tomadores de dívida bem menores do que a média do mercado em bancos, e juros pagos aos investidores muito mais atrativos do que o de aplicações de renda fixa tradicional.

Como funciona o empréstimo peer-to-peer?

O empréstimo peer-to-peer (P2P) funciona da seguinte maneira:

  1. Solicitação de crédito: O tomador de crédito acessa a plataforma desejada e cria uma solicitação de crédito.
  2. Pré-aprovação: Se a solicitação for pré-aprovada pela plataforma, será oferecida aos investidores em um portfólio online.
  3. Investimento: Os investidores, então, escolhem se querem financiar e quanto querem investir.

Cada empresa e plataforma adota critérios para a seleção de quem pode pedir um empréstimo dessa modalidade, seja pessoa física ou jurídica. Quanto maior a avaliação de quem empresta, menor é a taxa de juros e o retorno do investidor.

Existem plataformas em que o próprio beneficiário define a taxa de juros, sabendo que terá mais chances de receber o dinheiro se concordar em pagar mais alto pelo empréstimo. Em outras, a Sociedade de Empréstimo para Pessoas (SEP) define a taxa de acordo com uma análise.

Há a possibilidade de se investir em um empréstimo feito por mais de uma pessoa ou empresas, onde o risco de inadimplência será menor. É importante que tanto o beneficiário quanto o investidor pesquisem a SEP e analisem com cuidado o processo para encontrarem investimentos ou investidores com que se sintam mais seguros.

Quais são as vantagens desse empréstimo?

As vantagens do empréstimo peer-to-peer (P2P) incluem:

1. Menor Burocracia

Um dos principais benefícios do empréstimo peer-to-peer é que ele geralmente envolve menos burocracia do que os empréstimos tradicionais oferecidos por bancos. Isso torna o processo de solicitação de crédito mais rápido e eficiente.

2. Taxas de Juros Menores

Os tomadores de dívida geralmente pagam juros bem menores do que a média do mercado em bancos. Isso pode tornar o empréstimo mais acessível para muitas pessoas.

A avaliação de risco diferenciada e a ausência de intermediários podem influenciar as taxas de juros, mas é importante avaliar cuidadosamente as condições de cada empréstimo.

O empréstimo peer-to-peer é uma forma de obter financiamento, mas é importante considerar os potenciais riscos e benefícios, bem como avaliar as taxas de juros e as condições oferecidas por diferentes plataformas de P2P antes de tomar uma decisão.

3. Retorno Atrativo para Investidores

Os empréstimos peer-to-peer podem oferecer um retorno atrativo para investidores.

Como o investidor empresta diretamente ao devedor, o retorno pode chegar a 30% ao ano, ou seja, mais que o dobro do juro DI. Isso acontece porque o spread, ou seja, a diferença entre o valor pago pelo dinheiro ao investidor e o cobrado do devedor, é menor em um empréstimo peer-to-peer.

Isso permite cobrar um juro menor do empreendedor e remunerar melhor o investidor. No entanto, é importante avaliar cuidadosamente as condições de cada empréstimo e as plataformas de P2P antes de investir, bem como considerar os potenciais riscos e benefícios.

4. Flexibilidade

Os empréstimos peer-to-peer podem oferecer mais flexibilidade do que os empréstimos tradicionais. Isso porque as plataformas de P2P permitem que os investidores e empreendedores negociem diretamente as condições do empréstimo, como prazo, valor e taxa de juros.

Além disso, o processo de solicitação e aprovação do empréstimo pode ser mais rápido e menos burocrático do que em instituições financeiras tradicionais. No entanto, é importante avaliar cuidadosamente as condições de cada empréstimo e as plataformas de P2P antes de tomar uma decisão, bem como considerar os potenciais riscos e benefícios.

5. Diversificação de Risco

A diversificação de risco nos empréstimos peer-to-peer é uma vantagem significativa para os investidores.

Ao investir em empréstimos P2P, os investidores têm a oportunidade de diversificar seu investimento em diferentes mutuários, o que ajuda a reduzir o risco de inadimplência. Isso significa que, em vez de concentrar todo o capital em um único empréstimo, os investidores podem distribuir seus recursos em vários empréstimos, o que pode diminuir o impacto de um possível calote.

6. Empoderamento financeiro

Os empréstimos peer-to-peer podem trazer empoderamento financeiro para investidores e empreendedores. Isso acontece porque o P2P permite que investidores e empreendedores negociem diretamente as condições do empréstimo, como prazo, valor e taxa de juros, sem a intermediação de instituições financeiras tradicionais.

Além disso, as plataformas de P2P podem oferecer mais flexibilidade e rapidez no processo de solicitação e aprovação do empréstimo, bem como taxas de juros competitivas e um retorno atrativo para investidores.

A diversificação de risco também é uma vantagem significativa para os investidores, que podem distribuir seus recursos em vários empréstimos, reduzindo o risco de inadimplência.

E os riscos do empréstimo peer-to-peer?

Os riscos do empréstimo peer-to-peer (P2P) incluem:

1. Risco de crédito

O risco de crédito é uma das desvantagens do empréstimo peer-to-peer. Nele, o risco de crédito dos empréstimos é assumido pelos investidores, e não pelas plataformas de P2P. Isso significa que se o tomador do empréstimo não pagar, o investidor pode perder o principal investido.

Além disso, para indivíduos endividados e com alto risco de crédito, a taxa cobrada pode ser maior que as dos próprios bancos tradicionais. Assim sendo, é importante que os investidores estejam cientes desses riscos antes de investir em empréstimos P2P.

2. Inadimplência

A inadimplência é outra desvantagem importante nos empréstimos peer-to-peer. A inadimplência ocorre quando o tomador do empréstimo não consegue pagar o empréstimo no prazo acordado.

A taxa de inadimplência na fintech varia: 0% para financiamento solar, 14% para pessoa jurídica e de 5% a 30% para pessoa física, dependendo do rating do tomador de crédito. Portanto, é essencial que os investidores estejam cientes desses riscos antes de investir em empréstimos P2P.

No entanto, algumas plataformas de P2P afirmam fazer uma rigorosa avaliação sobre as empresas e pessoas que solicitam empréstimo.

3. Retorno abaixo da performance do mercado

O retorno do empréstimo P2P pode variar e, em alguns casos, pode ser abaixo da performance do mercado. No entanto, muitos investidores buscam empréstimos P2P como uma alternativa para obter retornos superiores às aplicações de renda fixa atreladas à Selic.

Por exemplo, o retorno médio para investidores em uma plataforma de fintech gira em torno de 25% ao ano. Em outra plataforma, o retorno pode chegar a 30% ao ano. No entanto, esses retornos podem variar dependendo do risco associado ao empréstimo. Empréstimos com maior risco podem oferecer taxas de retorno mais altas.

É importante notar que, embora os retornos possam ser atraentes, os investidores também devem considerar os riscos associados, incluindo o de inadimplência. Além disso, podem haver taxas por transação para a plataforma, o que pode afetar o retorno total do investimento. Ou seja, é essencial que os investidores estejam cientes desses fatores antes de investir em empréstimos P2P.

4. Taxas de juros altas para tomadores de crédito de alto risco

Em empréstimos peer-to-peer , as taxas de juros podem ser mais altas para tomadores de crédito de alto risco. Isso ocorre porque a instituição financeira ou a plataforma de P2P avalia o risco de crédito do tomador. Se esse risco for considerado alto, a taxa de juros pode ser maior para compensar esse risco.

Por exemplo, quando a instituição financeira avalia o risco de crédito de um consumidor como alto, a taxa de juros pode ser maior para compensar o risco. Ao contrário, caso o consumidor tenha a pontuação de crédito elevada, por exemplo, isso demonstra menor risco de inadimplência e podem ser aplicados juros menores no contrato por causa disso.

5. Spread alto

O spread alto é uma característica dos empréstimos P2P. O spread é a diferença entre o valor pago pelo dinheiro ao investidor e o cobrado do devedor.

Em uma operação P2P, como o investidor empresta diretamente ao devedor, o spread pode ser menor em comparação com os empréstimos tradicionais. Entretanto, isso não significa que o spread seja sempre baixo. Dependendo do risco associado ao empréstimo, o spread pode ser alto.

Por exemplo, para indivíduos endividados e com alto risco de crédito, a taxa cobrada pode ser maior que as dos próprios bancos tradicionais. Isso ocorre porque a taxa de juros é ajustada para compensar o risco maior, resultando em um spread mais alto.

Principais empresas de empréstimos P2P no Brasil?

Abaixo listamos 6 das principais empresas de P2P no Brasil. Essa lista deve ser vista apenas como um primeiro passo para escolher uma instituição. Em outras palavras, essa lista não é uma recomendação, nem uma classificação.

1. Biva

Biva é uma plataforma digital de empréstimos coletivos (P2P), que facilita o acesso de pessoas jurídicas ao empréstimo. A empresa foi criada para tornar a distribuição de empréstimos mais justa e eficaz.

A Biva conecta pessoas que desejam investir a outras que buscam formas para que seus negócios possam crescer. Os empreendedores pagam taxas mensais entre 1,5% e 4% pelo dinheiro recebido, e os financiadores têm promessa de retorno de até 25% ao ano.

A solicitação do empréstimo da Biva pode ser feita por profissionais liberais, micro, pequenos e médios negócios. O valor contratado pode ser utilizado para ampliação do negócio, por exemplo, ou na renegociação de dívidas ativa e aumento de capital de giro.

O empréstimo na Biva pode ser solicitado com Custo Efetivo Total (CET) entre 2,1% e 6,8% ao mês. E o parcelamento do pagamento chega a 24 parcelas.

2. BancaClub

BancaClub é uma empresa que atua no setor de empréstimos peer-to-peer (P2P). Fundada em 2014, a BancaClub é conhecida por ser um dos primeiros mercados de empréstimo em formato P2P do mundo.

A principal proposta da BancaClub é conectar tomadores de crédito, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, aos investidores. Isso é feito de forma totalmente online, o que facilita o processo para ambas as partes.

A BancaClub oferece uma alternativa para quem precisa de crédito rápido e sem burocracias. Empresas que estão começando agora podem precisar de uma ajudinha nos primeiros anos para conseguirem se manter e pessoas físicas podem precisar de um crédito para resolver questões como a reforma de um cômodo ou o pagamento de um cartão de crédito atrasado.

Além disso, a BancaClub protege integralmente a privacidade dos seus usuários, permitindo que os investidores operem de forma totalmente anônima. As informações fornecidas no site não serão, de forma alguma, vendidas ou compartilhadas sem o consentimento de seus responsáveis.

3. BizCapital

BizCapital é uma fintech que atua como intermediária de crédito para pequenas empresas que buscam capital. Ela não é um banco, mas sim um correspondente bancário. Isso significa que ela atua como um elo entre empresas e instituições parceiras que podem oferecer o crédito.

A BizCapital oferece uma série de soluções para simplificar a gestão e a vida de pequenas e médias empresas, incluindo conta digital, a pagar e a receber, cartão pré-pago, extrato automático com envio direto para o time financeiro dos clientes e muito mais.

Os empreendedores pagam taxas mensais entre 1,5% e 4% pelo dinheiro recebido, e os financiadores têm promessa de retorno de até 25% ao ano. O empréstimo na BizCapital pode ser solicitado com Custo Efetivo Total (CET) entre 2,1% e 6,8% ao mês. E o parcelamento do pagamento chega a 24 parcelas.

4. Mutual

Mutual é uma plataforma de empréstimo peer-to-peer que opera no Brasil. Ela permite que pessoas invistam em empréstimos pessoais, gerando uma alternativa de crédito para quem precisa e uma opção de investimento para quem deseja investir.

A plataforma utiliza tecnologia para avaliar o perfil de crédito dos solicitantes de empréstimo, o que permite oferecer taxas de juros mais justas. Os investidores, por sua vez, podem escolher em quais empréstimos desejam investir com base nas informações fornecidas pela plataforma.

É importante notar que, como em qualquer investimento, investir em empréstimos P2P envolve riscos. Os investidores devem estar cientes de que podem perder parte ou todo o capital investido caso os tomadores de empréstimo não consigam pagar.

5. IOUU

IOUU é uma fintech que atua como intermediária de crédito, conectando empresas à procura de crédito com investidores com dinheiro para emprestar. A sigla IOUU significa “I owe you” ou “EuTeDevo”, uma expressão de origem americana que reforça o dever de manter uma relação sólida e verdadeira.

A IOUU oferece uma plataforma digital que facilita o acesso ao crédito de forma rápida e segura. Ela é voltada principalmente para pequenas e médias empresas (PMEs) que buscam capital.

Os empreendedores pagam taxas mensais entre 1,5% e 4% pelo dinheiro recebido, e os financiadores têm promessa de retorno de até 25% ao ano. O empréstimo na IOUU pode ser solicitado com Custo Efetivo Total (CET) entre 2,1% e 6,8% ao mês. E o parcelamento do pagamento chega a 24 parcelas.

6. Nexoos

Nexoos é uma fintech brasileira que opera no modelo de empréstimo P2P, conectando empresas que necessitam de crédito com investidores que buscam opções alternativas para aplicar seus recursos.

Fundada em 2015, a Nexoos tem como objetivo facilitar o acesso ao crédito para pequenas e médias empresas (PMEs) de forma rápida, segura e sem burocracia. A plataforma oferece empréstimos de R$15 mil a R$ 500 mil, com prazos de pagamento de até 24 meses.

A Nexoos é regulamentada pelo Banco Central do Brasil e é correspondente bancária da financeira Socinal. Ela já financiou mais de R$280 milhões por meio de uma base de mais de 50 mil investidores.

As taxas de juros na Nexoos variam conforme as condições e os tipos de empréstimos realizados, com tarifas entre 1,14% ao mês a 4,19% ao mês e Custo Efetivo Total (CET) de 1,68% a 6,15% ao mês.

Fontes: Valor Investe, Creditas, Coin Telegraph, IOUU, Amedigital