18 de agosto de 2021 - por Jaíne Jehniffer
A carteira administrada é um serviço realizado por administradores de investimentos, que podem ser empresas ou profissionais habilitados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Uma das principais vantagens da carteira administrada é a personalização. Ao contratar o serviço, o investidor determina a porcentagem que deseja para cada classe de ativos e o grau de risco que está disposto a correr.
Desse modo, a função do gestor é administrar a carteira visando obter a melhor rentabilidade possível, respeitando as determinações do investidor. Mas é claro que essa personalização tem um custo.
O que é carteira administrada?
A carteira administrada ou portfólio administrado, é uma forma do investidor terceirizar as decisões da sua carteira para um gestor profissional. Ou seja, a carteira administrada é um serviço financeiro de gestão do patrimônio do investidor e não um produto financeiro.
Em outras palavras, o gestor contrata um profissional que irá realizar um serviço. Isso é bem diferente de comprar um produto financeiro, como, por exemplo, um CDB. Sendo que, a pessoa que vai atuar na gestão de portfólio de terceiros precisa ter uma autorização da CVM e a certificação CGA.
Além disso, normalmente as empresas que disponibilizam este serviço são vinculadas à Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA).
O fato da CVM fazer a regulação deste tipo de serviço e das empresas serem vinculadas à ANBIMA, faz com que exista maior segurança para os investidores que escolhem essa modalidade de investimentos. Por fim, vale destacar que o serviço de uma carteira administrada é bem diferente do serviço de um gerente de banco.
Isso porque o gerente recomenda para os investidores as aplicações que são mais interessantes para a instituição, até porque ele possui metas a bater e pode receber parte dos resultados do banco. Já o gestor não tem esse conflito de interesses e trabalha de maneira transparente, visando apenas o benefício do cliente.
Como funciona?
O portfólio administrado funciona como uma maneira de delegar para um profissional a função de montar uma carteira e realizar as movimentações necessárias de acordo com o seu perfil de investidor e objetivos.
Dessa maneira, o gestor da carteira passa a ser o responsável por analisar e escolher os ativos que serão inclusos no portfólio, além de decidir qual o melhor momento para fazer o rebalanceamento da carteira de investimentos.
Sendo que, como o profissional passa a ser o responsável pela carteira, ele pode tomar as decisões e agir rapidamente, já que ele não precisa da intervenção do cliente. Porém, ele deve sempre respeitar o perfil do cliente e os objetivos estabelecidos quando o serviço foi contratado.
Nesse sentido, a determinação da política de investimentos é essencial na elaboração de uma carteira administrada. Isso porque, é por meio dela que será estabelecida as diretrizes da carteira. Por exemplo, através dela o investidor indica qual o seu grau de aceitação de volatilidade e risco.
Além disso, é por meio dela que é definido o percentual de alocação em cada classe de ativos. Sendo assim, o investidor pode estabelecer, por exemplo, que 20% da carteira deverá ser alocada em ações. Logo, o gestor deve realizar a administração do portfólio respeitando as porcentagens indicadas pelo cliente.
Em relação à liquidez, ela vai depender dos prazos das aplicações que compõem o portfólio. Dessa forma, algumas aplicações podem ser resgatadas no mesmo dia do pedido e outras podem demorar dias e outras só podem ser resgatadas no vencimento.
Etapas da carteira
O funcionamento da carteira administrada, de maneira geral, passa pelas seguintes etapas:
- O investidor entra em contato com uma empresa de gestão de valores mobiliários, que seja credenciada pela CVM.
- A empresa conhece o perfil, objetivos e tolerância ao risco do investidor;
- A companhia e o investidor assinam um contrato de prestação de serviços de gestão de investimentos;
- A empresa passa a gerir o portfólio do investidor, tomando todas as decisões de compra e venda de ativos.
Diferenças entre carteira administrada e fundos
Os fundos exclusivos são bem parecidos com a carteira administrada, já que ambos são focados em um único investidor. Mas eles se diferenciam já que o fundo exclusivo possui uma tributação específica que é mais vantajosa do que a carteira administrada.
Entretanto, o fundo exclusivo possui alguns custos extras como, por exemplo, o pagamento do agente de custódia e do administrador.
Em contrapartida, a carteira administrada é bem diferente dos fundos de investimentos comuns. Em síntese, os fundos comuns funcionam como uma reunião de investidores focados na aplicação em um ativo ou setor específico. Neste caso, os recursos dos investidores formam o patrimônio do fundo que é alocado por um gestor.
Portanto, a carteira administrada e os fundos possuem em comum o fato de que um gestor é o responsável por analisar os ativos e escolher as melhores oportunidades. Contudo, eles se diferenciam em relação à quantidade de investidores.
Isso porque, nos fundos de investimentos existem vários cotistas, enquanto a carteira administrada é exclusiva para um único investidor. Nesse sentido, na carteira administrada existe uma personalização das aplicações e uma proximidade maior entre o investidor e o gestor.
Principais diferenças
As principais diferenças entre a carteira administrada é os fundos comuns são:
1- Envolvimento do investidor: Nos fundos os investidores compram cotas e possuem uma participação proporcional no fundo. Neste caso os ativos adquiridos são atrelados ao CNPJ do fundo. Na carteira administrada os ativos são negociados no nome do investidor.
2- Liquidez: A liquidez do fundo vai depender das regras específicas de liquidez. Por exemplo, alguns fundos possuem D+1 onde o investidor consegue fazer o resgate um dia depois da solicitação. Por outro lado, no portfólio administrado os prazos de resgate vão depender dos ativos que compõem a carteira de investimentos.
3- Custos: Os fundos possuem a taxa de administração, que serve para remunerar os profissionais que trabalham no fundo. Além disso, alguns fundos possuem a taxa de performance que serve como bonificação para os gestores que conseguirem um retorno acima do esperado. Já na carteira administrada existe apenas a taxa de administração, também conhecida como taxa de gestão.
4- Tributação: A tributação dos fundos de investimentos variam de acordo com o tipo de fundo e o prazo de aplicação. Em contrapartida, na carteira administrada, a tributação varia de acordo com as aplicações, já que cada ativo da carteira tem uma tributação diferente.
5- Segurança: O seu dinheiro transita entre sua conta bancária e a conta da corretora. Sendo assim, existe maior segurança já que o dinheiro não transita na conta da gestora.
Carteira administrada versus consultoria
Existem diversas diferenças entre consultoria de investimentos e carteira administrada. Primeiramente, na consultoria ocorre a recomendação de ativos tendo como base o perfil e os objetivos do cliente. Na carteira administrada ocorre não apenas a recomendação, mas também a execução das aplicações tendo como base o perfil do cliente e os seus objetivos.
Outra diferença é que na consultoria de investimentos, o cliente é avisado sobre o vencimento de um ativo e ocorre a recomendação da reaplicação. Já no portfólio administrado, o gestor executa automaticamente as reaplicações. Na consultoria ocorre a recomendação de quais ativos devem ser resgatados para que haja um equilíbrio da carteira.
Na carteira administrada o gestor realiza os resgates necessários para manter o equilíbrio da carteira. Por fim, na consultoria são recomendados rebalanceamentos e na carteira administrada o gestor faz esses rebalanceamentos de maneira automática.
Vantagens e desvantagens
Uma das principais vantagens de optar por um portfólio administrado é a personalização dos investimentos. Essa personalização é uma grande vantagem, pois possibilita que as aplicações sejam realizadas de acordo com o perfil de risco do investidor.
Existe também a vantagem de que o gestor é remunerado apenas pelo investidor. Isso faz com que exista uma ausência de conflito de interesses e maior transparência na atuação do gestor. Existe também a vantagem de que as aplicações passam a ser de responsabilidade de um gestor profissional, o que é mais prático do que investir sozinho.
Ou seja, é mais fácil acompanhar a carteira e você não corre o risco de realizar aplicações por impulso. Por fim, o investidor tem mais tranquilidade, já que ele não precisa se preocupar com o rebalanceamento da carteira, pois o gestor realiza os rebalanceamentos necessários.
Por outro lado, existe a desvantagem do custo. Ao contratar o serviço de portfólio administrado, o investidor deve pagar uma taxa de administração para o gestor. De maneira geral, essa taxa varia entre 0,5% e 2%.
Por isso, esta modalidade de investimento é mais indicada para os investidores com grande patrimônio e que desejam terceirizar sua carteira para um profissional. Existe também a desvantagem de que o investidor possui menos liberdade para investir, já que a função de administrar a sua carteira de investimentos passa a ser do gestor.
E aí, gostou de aprender sobre carteira administrada? Então não deixe de aprender também Como juntar dinheiro rápido: dicas para guardar dinheiro
Fontes: Suno, Magnetis, Montcapital e Clube do valor
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