28 de janeiro de 2021 - por Nathalia Lourenço

O termo crise financeira é usado para se referir às diversas situações em que instituições ou ativos financeiros passam por uma repentina desvalorização.
Os motivos para levar ao cenário de crise financeira são os mais diversos, sendo que ela é caracterizada por um número de agentes pessimistas superior aos otimistas.
Uma crise financeira tem o poder de impactar diversos setores e empresas. Dessa maneira, nas empresas, ela causa a desvalorização dos ativos financeiros e diminui a liquidez dos seus balanços.
O que é uma crise financeira?
A pandemia do Covid-19 afetou gravemente a economia e causou uma crise de saúde. Diversas medidas foram tomadas, como o distanciamento social e o fechamento de estabelecimentos.
Os efeitos econômicos da pandemia começam a ser sentidos no mundo todo e podem resultar em uma crise financeira mundial.
Sendo assim, muitos países possuem uma projeção negativa do PIB passaram por quebras bruscas nas bolsas de valores, empresas correm riscos de falência e muitas pessoas perderam o emprego.
Quais foram as maiores crises financeiras do mundo?
Uma crise financeira pode ser causada por uma série de fatores, e muitas vezes é uma combinação deles. As principais causas incluem:
- Instabilidade no sistema bancário: Quando os bancos falham, seja devido a investimentos mal feitos ou à falta de liquidez, eles geram pânico no sistema financeiro, afetando a confiança dos investidores e consumidores.
- Endividamento excessivo: Quando governos, empresas ou indivíduos assumem dívidas muito altas sem uma capacidade de pagamento sustentável, isso pode levar a inadimplência em massa e a um colapso do sistema financeiro.
- Bolhas especulativas: O aumento excessivo e não sustentável nos preços de ativos, como imóveis ou ações, pode criar uma bolha. Quando essa bolha estoura, pode gerar uma crise, como aconteceu na crise financeira de 2008 com o mercado imobiliário nos EUA.
- Políticas monetárias inadequadas: Taxas de juros muito baixas ou altas demais podem distorcer o mercado financeiro, levando a excessos de crédito ou a um endurecimento do acesso ao crédito, prejudicando a economia.
- Falhas regulatórias: A falta de regulamentação ou fiscalização adequada do sistema financeiro pode permitir práticas arriscadas e, eventualmente, levar a uma crise.
- Choques externos: Fatores externos, como crises políticas, guerras, desastres naturais ou mudanças repentinas nas condições econômicas globais, também podem desencadear uma crise financeira.
- Pânico e falta de confiança: O comportamento irracional dos investidores, como a venda em massa de ativos, pode espalhar pânico e aprofundar uma crise financeira.
- Desvalorização da moeda: Uma queda drástica no valor de uma moeda pode afetar gravemente uma economia, aumentando o custo das importações e desencadeando uma série de dificuldades financeiras, especialmente em países com altos níveis de dívida externa.
Esses fatores, isolados ou combinados, podem gerar uma crise financeira com efeitos profundos na economia de um país ou até globalmente.
O que o investidor deve fazer nas crises financeiras?
Em momentos de crise financeira mundial, é preciso que o investidor seja cauteloso e mantenha a postura de investimento de longo prazo. Isso porque, em cenários de crise, é normal que os ativos mais voláteis sofram desvalorizações. Portanto, é essencial que o investidor mantenha o sangue frio e reflita sobre suas estratégias.
Não é recomendado entrar em pânico e vender os ativos em baixa. O mais indicado é investir com foco no longo prazo, o que significa que nas crises podem surgem oportunidades de compras de bons ativos, ao invés de vender os ativos que você possui em carteira.
Quais foram as maiores crises financeiras do mundo?
Prever uma crise é extremamente difícil, pois, normalmente, ela vai crescendo aos poucos, podendo levar anos para de fato explodir, gerando períodos de recessão, instabilidade e desemprego. Na história da humanidade, diversas crises abalaram o mundo, dentre elas:
Crise de 1929
Conhecida como a Grande Depressão, a crise financeira de 1929 foi a pior crise até o século 20. Diversas foram as causas dessa crise.
Primeiramente, é preciso considerar que após a Primeira Guerra Mundial, os países europeus precisavam se recuperar. Neste sentido, os Estados Unidos estavam mais do que dispostos a emprestar dinheiro e exportar produtos.
Nessa época, os EUA se tornaram um grande produtor e o país chegou a representar 42% das mercadorias mundiais. Paralelo às exportações, os EUA estimulou o consumo interno e desestimulou a importação. A consequência disso foi o aumento do patriotismo e o otimismo entre investidores.
Em síntese, os Estados Unidos estavam emprestando dinheiro tanto para o exterior, quanto para a população poder consumir mais, eram os loucos anos 20.
Entretanto, depois de um tempo, os países europeus começaram a se recuperar e não dependiam mais dos EUA. Foi aí que uma crise começou a dar indícios de que iria aparecer.
No dia 29 de outubro de 1929, que ficou conhecido como Quinta-feira negra, milhares de pessoas decidiram colocar suas ações à venda. O resultado foi o colapso do mercado de ações de New York.
Apesar de a crise financeira ter explodido nos Estados Unidos, diversos países foram afetados. Muitas empresas faliram, pessoas perderam o emprego e as que permaneceram viram seus salários reduzidos.
Como o Brasil era responsável pela produção de 70% do café comercializado no mundo todo e os EUA consumiam a maior parte, a crise impactou fortemente o Brasil.
Enfim, o período mais crítico da crise foi entre 1929 e 1933. Depois disso, aos poucos os EUA começaram a se recuperar, sobretudo devido às medidas tomadas com o New Deal.
Saiba mais: Black Thursday de 29: entenda o que foi a quinta-feira negra
1980 – A crise da dívida externa latino-americana
Entre o final dos anos 60 e parte dos anos 70, os países da América Latina, se endividaram rapidamente baseados no crédito barato.
Esses países tiveram altas taxas de crescimento e os recursos advindos do crédito eram injetados sobretudo em projetos de infraestrutura. O PIB brasileiro, por exemplo, dobrou de tamanho entre 1967 e 1974.
Porém, no final da década os preços do petróleo subiram muito, o que resultou no aumento da inflação nos EUA. Consequentemente, para tentar conter a inflação, eles aumentaram os juros dos empréstimos feitos para os países em desenvolvimento.
Acontece que os empréstimos foram feitos com taxas pós-fixadas, o que pesou a conta para a América Latina. Além disso, os EUA passaram a ser mais criteriosos ao conceder empréstimos, o que fez com que os países subdesenvolvidos tivessem o seu crescimento limitado e alta da inflação.
1985 – Bolha imobiliária e de ações do Japão
Nos anos 80, o Japão passou por uma euforia econômica com um crescimento do PIB em 66,2%. O crédito abundante impulsionou o mercado imobiliário e o otimismo geral era latente tanto nas empresas, quanto nos investidores e consumidores.
Os imóveis se valorizaram muito e o Banco Central japonês orientou as instituições financeiras a controlarem a taxa de crescimento dos empréstimos bancários.
Em resumo, entre 1990 e 1991, os preços dos imóveis caíram pela metade e os efeitos disso se estenderam para diversos setores econômicos. As pessoas que estavam com dificuldades financeiras tentavam vender seus imóveis que continuavam a se desvalorizar e a levar consigo os preços das ações.
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1994 – Crise dos mercados emergentes
Algumas crises impactaram os países emergentes a partir de 1994. Primeiro tivemos o México com uma instabilidade política, conflitos agrários e o assassinato do líder nas pesquisas eleitorais presidenciais. O excesso de problemas enfrentados e os déficits na balança comercial fizeram com que os investidores retirassem o dinheiro investido no país.
A crise financeira dos mercados emergentes também impactou os países do Sudeste Asiático, em 1997. Em síntese, existia uma facilidade para obtenção de créditos, o que levou os países à uma bolha de crédito.
Além do crédito, os países do Sudeste Asiático enfrentavam outros problemas, como o fato de que suas moedas estavam atreladas ao dólar. O dólar se valorizou, o que reduziu a competitividade das exportações desses países frente aos EUA.
O Brasil também não passou imune pelas fases das crises econômicas dos países emergentes. Mesmo que o Plano Real tenha dado certo, o Brasil ainda passava por problemas estruturais, câmbio sobrevalorizado e juros elevados. Por fim, o país sofria ainda com o aumento da dívida pública e externa.
Crise de 2008
Por fim, a crise financeira de 2008, teve início com o sistema hipotecário dos Estados Unidos. A magnitude da crise de 2008 foi tão grande que ela é considerada como o pior desastre econômico, depois da crise de 1929. Em resumo, nos EUA os bancos estavam concedendo financiamentos imobiliários de alto risco, os chamados subprimes.
Além disso, os bancos estavam emitindo CDO – Collateralized Debt Obligations ou traduzindo Obrigações de Dívidas Colaterizadas. Ou seja, eles vendiam CDOs para investidores de todo o mundo como uma forma de conseguir ainda mais dinheiro para aprovar empréstimos de risco.
Portanto, quando as pessoas não conseguiram pagar seus financiamentos, um efeito em cadeia prejudicou tanto os bancos quanto os investidores de todo o mundo.
O marco da explosão da crise financeira foi a falência de um dos bancos de investimentos mais tradicionais dos EUA, o Lehman Brothers. A data em que o banco declarou falência, no dia 15 de setembro, ficou conhecida como Segunda-feira negra.
Com a quebra de vários bancos nos EUA, as bolsas de valores do mundo todo tiveram baixa, bancos tiveram prejuízos e os governos tiveram que injetar bilhões para evitar uma falência em massa.
Apesar de ter começado no sistema financeiro, a crise de 2008 afetou diversos outros setores, causando falências de empresas e aumento na taxa de desemprego.
Enfim, agora que você sabe quais foram as maiores crises financeiras, aproveite para aprender a fazer uma Reserva de valor, o que é? Conceito, importância e principais tipos.
Fontes: Brasil escola, Toda matéria, Economia em segredos, Globo, Folha, Capital research e Gazeta do povo