Risco não-diversificável: questões que afetam o risco sistemático

2 de setembro de 2021, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 6 min, 18 seg


O risco não-diversificável, como o próprio nome sugere, é aquele risco que não pode ser completamente extinto apenas com a diversificação de ativos.

Apesar disso, a diversificação entre ativos que funcionam de maneira diferente, é uma maneira de reduzir os riscos, já que em situações que ocasionam uma grande mudança sistêmica no mercado financeiro, os ativos irão se comportar de formas diferentes.

Existe ainda o risco diversificável, que afeta um ativo ou setor específico. Dessa maneira, ele pode ser diluído através da correta diversificação de investimentos.

O que é risco não-diversificável?

O risco não-diversificável, conhecido também como risco sistêmico ou risco sistemático, é o tipo de risco inerente a um segmento de mercado específico ou ao mercado como um todo. Em outras palavras, o risco não-diversificável é aquele que afeta o mercado e não apenas um ativo em específico.

Como esse tipo de risco não pode ser previsto ou evitado totalmente, ele é chamado de não-diversificável. Afinal de contas, a diversificação dos ativos não acaba completamente com este risco. Apesar disso, é possível diminuir o risco sistemático através de hedging ou por meio de uma correta estratégia de alocação de ativos.

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Plano de vida

A crise de 2008 é um bom exemplo de risco não-diversificável. A crise começou no mercado financeiro nos EUA, mas se aprofundou quando surgiram notícias de corrupção, medidas de emergência e intervenções do governo. Logo, a crise chegou em diversos setores econômicos e se espalhou para outros países.

Como funciona?

De maneira geral, o risco não-diversificável funciona por meio da incorporação de questões macroeconômicas que podem impactar o mercado financeiro e que não podem ser evitadas apenas através de compra e venda de um ativo. Sendo que o prêmio de risco está relacionado com o risco não-diversificável.

Isso porque, o mercado não premia o risco diversificável, já que ele pode ser evitado através da diversificação de ativos. Portanto, o rendimento de determinada aplicação vai depender do nível de risco não-diversificável do investimento. Desse modo, quanto maior o risco, maior tende a ser o retorno.

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Live capital

Para determinar qual o nível de risco não-diversificável de determinado ativo e prever o retorno, é utilizado o coeficiente beta. Em resumo, o coeficiente beta indica o risco de um ativo específico em relação ao risco de um ativo médio. Em outras palavras, ele aponta a sensibilidade de determinado ativo em relação às mudanças macro do mercado.

Diferenças entre risco não-diversificável e diversificável

O risco não-diversificável é o risco que afeta a maioria dos ativos financeiros e, por isso, não pode ser totalmente eliminado por meio da diversificação de ativos. Por outro lado, o risco diversificável, ou risco não sistemático é aquele que está relacionado com um ativo ou setor específico.

Isso significa que ele pode ser bastante reduzido por meio da diversificação entre diferentes ativos. Por exemplo, se você possui na sua carteira apenas ações da empresa XYZ, então você está 100% exposto aos riscos que podem afetar essa companhia.

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Suno

Ou seja, se surgir algum escândalo envolvendo a empresa ou alguma mudança que afete a companhia, a sua carteira de investimentos será fortemente impactada. Contudo, se você diversificar sua carteira entre ações de empresas diferentes pertencentes a setores diversos, você irá diluir o risco não sistemático.

Vale ressaltar que a diversificação deve ser feita não apenas entre ações de empresas diferentes, mas também entre setores diversos. Enfim, alguns fatores que podem afetar o risco diversificável são: estrutura de concorrência, governança corporativa, risco regulatório, risco financeiro e de crédito, mudanças tecnológicas e risco de estratégia.

O que afeta o risco sistemático?

Existem algumas questões que podem contribuir para o aumento ou para a diminuição do risco não-diversificável no mercado financeiro, tais como: alterações nas taxas de juros, inflação, mudanças no PIB, relações internacionais (incluindo acordos e guerras), políticas internas e transformações jurídicas.

Para que o investidor possa tomar decisões levando em consideração o risco não-diversificável, ele deve ficar atento a todos esses fatores que podem aumentar ou diminuir o risco sistêmico. Além disso, os investidores interessados nos mercados estrangeiros devem considerar o risco não-diversificável associado a cada país.

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Por exemplo, se compararmos o Brasil e a Alemanha, o risco sistemático no Brasil é maior. Em contrapartida, entre Brasil e Colômbia, o risco da Colômbia é maior. Portanto, considerar o risco associado a cada país é muito importante antes de investir no exterior.

Como evitar?

Não é possível evitar completamente o risco não-diversificável, mas é possível diluir seus efeitos. Para fazer a gestão do risco não-diversificável e diminuí-lo, é preciso diversificar entre diferentes tipos de ativos como, por exemplo, ações, títulos de renda fixa, ativos imobiliários, moeda estrangeira e investimentos internacionais.

Como esses ativos funcionam de formas diferentes, quando ocorrer um evento que ocasione uma grande mudança sistêmica no mercado financeiro, provavelmente a sua carteira de investimentos não será tão impactada. Por exemplo, se o governo aumentar a taxa de juros, o valor das ações pode cair.

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Entretanto, o rendimento dos títulos de renda fixa irão aumentar. Dessa forma, se você tiver os dois tipos de aplicações, a subida de um ativo serve para amortecer a queda de outro.

Lembrando que essa estratégia irá apenas reduzir os impactos do risco sistemático, não irá acabar completamente com ele. No entanto, fazer uma boa diversificação e reduzir os riscos é melhor que ver a sua carteira no vermelho quando ocorrerem eventos que causem uma grande mudança sistêmica no mercado financeiro.

Outros tipos de riscos

Existem diversos tipos de riscos que podem impactar os investimentos, além dos riscos não-diversificável e diversificável. Alguns deles são:

1- Risco de liquidez: A liquidez é a facilidade com que o investidor consegue resgatar uma aplicação. Nesse sentido, o risco de liquidez é o risco do investidor não conseguir resgatar a aplicação ou quando o resgate antecipado resulta em prejuízos.

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2- Risco operacional: Ele consiste no risco de haver enganos na execução de ordens de investimentos. Este tipo de risco é bem baixo, mas pode resultar em prejuízos para o investidor caso ocorra.

3- Risco de crédito: Por fim, o risco de crédito pode ser entendido como o risco de levar um calote em uma aplicação. Por exemplo, ao investir em uma debênture o investidor corre o risco da empresa não devolver o dinheiro e os juros da aplicação.

Para saber mais sobre os riscos relacionados com os investimentos leia: Riscos dos investimentos, o que são? Quais são eles e como diminuí-los

Fontes: Mais retorno, Investimentos blue e The cap

Imagens: Riconnect, Live capital, Plano de vida, Capital research, The cap, PerenewsSuno