Câmbio fixo: o que é, quais são as vantagens e desvantagens?

No câmbio fixo, o valor da moeda estrangeira é fixado pelo governo. A moeda nacional tem o valor fixo frente a moeda-lastro. Leia mais.

27 de setembro de 2021 - por Jaíne Jehniffer


No câmbio fixo, o valor da moeda estrangeira (normalmente o dólar) é fixado pelo governo. Dessa maneira, a moeda nacional tem o valor fixo frente a moeda-lastro.A vantagem de adotar o câmbio fixo, é que ele pode ajudar a controlar a inflação.

Isso porque, ao indexar a moeda nacional em um ativo mais estável, as chances dela perder valor é menor. Por outro lado, temos a desvantagem de que o câmbio fixo pode trazer algumas consequências para a economia do país.

Por exemplo, pode ocorrer uma valorização muito grande da moeda nacional, o que leva à diminuição das exportações e aumento das importações, se a moeda estrangeira se mantiver desvalorizada.

Quer saber mais sobre o câmbio fixo? Prossiga na leitura a seguir.

O que é câmbio fixo?

O câmbio fixo é um instrumento de política econômica que fixa a taxa de câmbio de um país, ou seja, o preço de sua moeda em relação a uma moeda estrangeira, geralmente o dólar.

Neste sistema, o governo ou o banco central determina o valor da moeda nacional e intervém no mercado de câmbio para mantê-lo estável. Para isso, o banco central compra e vende sua própria moeda em troca da moeda de referência, mantendo grandes reservas desta última.

As principais razões para adotar o câmbio fixo são para corrigir uma economia instável ou que dependa muito do valor da moeda, proporcionando mais estabilidade e previsibilidade.

O câmbio fixo foi amplamente utilizado no passado, como no padrão ouro e no sistema de Bretton Woods, mas perdeu prestígio desde a década de 1990 em favor do câmbio flutuante, visto como mais resistente a especulações. Ainda assim, alguns países como a China continuam a adotar políticas de controle cambial.

No Brasil, o câmbio fixo foi usado em alguns períodos, como durante o Plano Real de 1994 a 1999, quando o real era atrelado ao dólar dentro de uma banda cambial.

Para que serve o câmbio fixo?

Para que o câmbio fixo funcione integralmente, isto é, uma moeda local ser igual a uma moeda estrangeira, é necessário uma Currency Board. Em resumo, a Currency Board é uma agência de conversão da moeda, cujo objetivo é manter as reservas internacionais mais altas ou equivalentes à base monetária da moeda nacional.

Na prática, essa agência atua na troca de moedas de acordo com o movimento do mercado. Ou seja, o seu papel é trocar uma moeda pela outra e ela não faz nenhuma política monetária nem cria moedas.

Por exemplo, se uma empresa faz a importação de produtos, ela recebe em dólar. Logo, a Currency Board retém o dólar e repassa para a empresa o valor convertido para a moeda nacional. Como o câmbio é de 1 para 1, a companhia irá receber o mesmo valor que ela negociou.

Quais são as características do câmbio fixo?

O câmbio fixo é uma política econômica que estabelece uma taxa de câmbio fixa para a moeda de um país, com base em uma moeda estrangeira. Aqui estão algumas características importantes:

Estabilidade no valor da moeda: O câmbio fixo evita flutuações bruscas no valor da moeda, o que é especialmente útil para economias sensíveis a mudanças repentinas.

Outra características é que ele atrai investimento estrangeiro. Uma moeda estável dá segurança aos investidores, pois seus ativos não serão desvalorizados repentinamente.

Também ajuda no controle da inflação. A taxa fixa ajuda a manter a inflação controlada, pois proporciona estabilidade de preços para importações e exportações.

Finalmente, o câmbio fixo ajuda no suporte às exportações. Fixar a taxa de câmbio em relação a um parceiro comercial importante equilibra as relações comerciais.

Quais são as vantagens do câmbio fixo?

1) Estabilidade no Valor da Moeda

O câmbio fixo proporciona uma estabilidade no valor da moeda, o que é benéfico para a economia. Essa característica ajuda a manter a confiança dos investidores e contribui para um ambiente econômico mais estável, facilitando o comércio e as transações internacionais.

2) Promove o Investimento Estrangeiro

O câmbio fixo atrai investimentos estrangeiros, pois os investidores sabem que a moeda nacional não vai sofrer grandes flutuações, o que é importante para a atratividade do país para investimentos.

3) Ajuda a Conter a Inflação

Ao indexar o valor da moeda a um ativo mais estável, o câmbio fixo reduz a probabilidade de uma grande alta na inflação. Isso é benéfico para a economia, pois evita a erosão do poder de compra da moeda.

4) Ajuda a Manter a Estabilidade do Valor da Moeda

O câmbio fixo permite um melhor controle sobre a inflação, pois o governo pode estabelecer uma paridade fixa que ajuda a manter a estabilidade do valor da moeda. Esse fato é especialmente útil em economias com histórico de alta inflação.

5) Previsibilidade para o Mercado Financeiro

O câmbio fixo oferece maior previsibilidade ao mercado financeiro, pois as taxas de câmbio são fixas e não sofrem grandes flutuações. Essa característica ajuda a reduzir o risco e a incerteza, o que é benéfico para a estabilidade econômica.

Estas vantagens tornam o câmbio fixo uma opção atraente em situações específicas, como a contenção da inflação ou a atratividade para investimentos estrangeiros. No entanto, o sistema também apresenta desvantagens significativas, que descrevemos a seguir.

E quais são as desvantagens do câmbio fixo?

1) Rigidez e Falta de Flexibilidade

O câmbio fixo é criticado por sua falta de flexibilidade. Quando a economia enfrenta choques externos ou internos significativos, como recessões ou crises financeiras, o país pode ter dificuldades em ajustar sua política monetária para lidar com essas mudanças.

2) Necessidade de Grandes Reservas Estrangeiras

Para manter um câmbio fixo, os países precisam manter grandes reservas de moeda estrangeira, geralmente o dólar ou o euro. Isso pode ser uma carga financeira significativa e reduzir a capacidade do governo de investir em outras áreas, como saúde e educação.

3) Vulnerabilidade às Políticas Externas

Em um sistema de câmbio fixo, a política monetária de um país fica em grande parte vinculada à política do país cuja moeda serve como âncora. Significa que o país pode perder parte de sua soberania econômica e ficar vulnerável às decisões tomadas pelo país de referência.

4) Desequilíbrio na Balança Comercial

O câmbio fixo pode causar desequilíbrios na balança comercial, pois a taxa de câmbio fixa pode tornar as exportações menos competitivas e as importações mais atrativas, afetando negativamente o comércio exterior.

5) Possível Supervalorização da Moeda

Com o câmbio fixo, pode ocorrer a supervalorização da moeda nacional, o que pode prejudicar a competitividade das exportações e incentivar as importações, gerando déficits na balança comercial.

Essas desvantagens do câmbio fixo demonstram que, embora possa oferecer estabilidade e previsibilidade em certas situações, esse regime cambial também apresenta desafios significativos que podem afetar negativamente a economia de um país.

Como é o regime cambial no Brasil?

O regime cambial no Brasil é atualmente flutuante, com um modelo conhecido como “Dirty Float”. Desde 1999, a taxa de câmbio é determinada pelas forças de oferta e demanda no mercado, sem intervenções diretas do Banco Central para estabelecer uma taxa cambial específica.

No entanto, o BCB pode intervir para manter a funcionalidade do mercado de câmbio, controlando oscilações bruscas nas taxas de câmbio.

A taxa de câmbio é determinada livremente pelas forças de oferta e demanda no mercado, sem interferência direta do governo.

O Banco Central pode intervir para controlar variações extremas no câmbio, evitando impactos inflacionários ou prejudicando a produção industrial e os fluxos internacionais de pagamentos.

O regime cambial flutuante oferece maior flexibilidade para ajustes econômicos diante de mudanças na conjuntura nacional e internacional, sem a necessidade de gastar reservas financeiras para manter a cotação da moeda.

O BCB pode ajustar a taxa básica de juros (Selic) e a base monetária para controlar a inflação, mesmo com o câmbio flutuante.

Antes de 1999, o Brasil utilizava um regime de câmbio fixo com variação de banda cambial, em que o governo decidia o valor do real em relação a outras moedas. No entanto, isso gerava um excesso de supervalorização do real, o que despertava desconfiança internacional.

Em síntese, o regime cambial flutuante no Brasil permite maior flexibilidade e ajustes econômicos, mas também traz incerteza e vulnerabilidade às flutuações econômicas.

Fontes: Warren, C6 Bank, Suno,

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