Taxa Selic: o que é, como funciona, impactos no cotidiano

A taxa Selic é a taxa de juros base de toda a economia brasileira, que influencia o ambiente econômico, assim como a inflação. Leia mais!

15 de setembro de 2020 - por Sidemar Castro


Você já deve ter ouvido falar da Taxa Selic. Afinal, ela está sempre nos noticiários e costuma mexer com o bolso de muita gente. Mas o que ela significa na prática? Como impacta as contas do dia a dia, os investimentos e até os preços no mercado? Neste texto, vamos explicar de forma simples e clara o que é a Selic, por que ela é tão importante para a economia brasileira, como suas variações podem afetar diretamente o seu planejamento financeiro e muito mais.

O que é Taxa Selic?

A taxa Selic é considerada a “mãe” de todas as taxas de juros no Brasil. Isso porque ela serve como referência para praticamente tudo o que envolve crédito e investimentos no país, que vai desde o financiamento de um imóvel até o rendimento da poupança. O nome Selic vem de “Sistema Especial de Liquidação e de Custódia”, que é a plataforma onde são registradas as negociações de títulos públicos. Ela é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), um grupo ligado ao Banco Central que se reúne, geralmente, a cada 45 dias para analisar o cenário econômico e decidir se a Selic será mantida, aumentada ou reduzida. Essa decisão leva em conta diversos fatores, como a inflação, o crescimento da economia, o dólar e até questões do mercado internacional. Por fim, vale dizer que além de ser uma ferramenta de política monetária, a Selic também está diretamente ligada aos investimentos em renda fixa, como o Tesouro Selic. Quando ela sobe, esses investimentos ficam mais atrativos. Por isso, a Selic impacta tanto o bolso de quem busca crédito quanto o rendimento de quem investe.

Para que serve a Taxa Selic?

A Taxa Selic é uma das principais ferramentas de política monetária do Brasil. Ou seja, faz parte das estratégias que o Banco Central utiliza para manter a economia sob controle. E o foco principal dessa estratégia: a inflação. Ela funciona mais ou menos assim: quando a economia está aquecida, as pessoas e empresas estão consumindo mais, pegando mais crédito, e os preços começam a subir. Nesse cenário, o Banco Central pode aumentar a Selic. Com juros mais altos, o crédito fica mais caro, o consumo tende a diminuir e, com isso, os preços podem parar de subir, ou até cair. É uma forma de “esfriar” um pouco a economia para que a inflação não fuja do controle. Por outro lado, se a economia estiver mais lenta, com consumo fraco e crescimento baixo, o Banco Central pode baixar a Selic para estimular os gastos e investimentos. Assim, fica mais barato pegar empréstimos e financiar projetos, o que ajuda a movimentar a economia.

Quando a Taxa Selic é definida?

A cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir o rumo da Taxa Selic. Ao longo do ano, são 8 encontros em que os membros do comitê analisam o cenário econômico do país e do mundo para definir se a taxa será mantida, aumentada ou reduzida. Essa decisão não é feita de qualquer jeito, já que o Copom leva em conta diversos indicadores, como o comportamento da inflação, o nível de atividade econômica, o câmbio, os preços de commodities e até os juros praticados lá fora. Tudo é minuciosamente avaliado para entender qual movimento é mais adequado naquele momento. Cada decisão impacta diretamente o crédito, os investimentos e o consumo no país. Por isso, essas reuniões do Copom costumam movimentar bastante o mercado financeiro. Acredite, não é à toa: o que é decidido ali tem reflexo direto na vida de quem investe, empreende ou consome.

Quem define a Taxa Selic?

A Taxa Selic é definida pelos membros do Comitê de Política Monetária (Copom), em reuniões que acontecem a cada 45 dias, totalizando 8 encontros anuais.

Calendário do Copom 2025

Calendário Copom 2025
28 e 29 de janeiro
18 e 19 de março
6 e 7 de maio
17 e 18 de junho
29 e 30 de julho
16 e 17 de setembro
4 e 5 de novembro
9 e 10 de dezembro

O que é Ata do Copom?

A Ata do Copom é um dos documentos mais importantes quando o assunto é política monetária no Brasil. Ela funciona como um canal de comunicação oficial entre o Banco Central e a sociedade, explicando de forma transparente os motivos que levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) a tomar determinada decisão sobre a Taxa Selic. Publicada alguns dias após cada reunião, a ata detalha o que foi discutido pelos membros do comitê, as análises sobre a economia brasileira e internacional, os riscos observados no cenário atual e as expectativas para os próximos meses. Também, traz comparações com projeções anteriores, o que ajuda a entender a evolução das percepções do Banco Central sobre o rumo da economia. Para quem acompanha o mercado financeiro, essa ata é uma espécie de leitura obrigatória. Ela não só explica a decisão atual, mas também dá pistas importantes sobre os próximos passos do Banco Central: se há tendência de manter, subir ou reduzir os juros nas próximas reuniões. Por isso, investidores, empresas e até mesmo o setor público usam essas informações para ajustar suas estratégias e se preparar para o que está por vir.

Como a Taxa Selic é definida?

Como a gente já viu, a Taxa Selic é definida a cada 45 dias, pelos membros do Copom. O processo envolve uma análise técnica, e leva em consideração elementos como inflação, desemprego, consumo, entre outros indicadores econômicos. Com base nessas informações, o Copom busca encontrar um equilíbrio. Se a inflação estiver subindo demais, por exemplo, a tendência é aumentar a Selic para conter o consumo. Em contrapartida, se a economia estiver andando devagar, a estratégia pode ser reduzir a taxa para estimular os gastos e os investimentos.

Como calcular a Taxa Selic?

Para calcular quanto um valor rende com base na Taxa Selic, dá pra seguir alguns caminhos simples. Um deles é consultar o histórico da taxa no site do Banco Central e usar a calculadora oficial que eles disponibilizam. O melhor de tudo: ela já faz as contas automaticamente e é ótima para quem quer praticidade. Mas, se a ideia for entender o cálculo na prática, também é possível usar uma fórmula básica. Nesse caso, a gente te explica melhor, o rendimento é calculado assim:

Valor Corrigido= Valor Original + (Valor Original × Taxa de Correção × Período)

Vamos a um exemplo para deixar isso mais claro? Imagine um investimento de R$ 1.000, com a Taxa Selic anual em 10%, aplicado por 6 meses (ou seja, 0,5 ano). Aplicando na fórmula:

Valor Corrigido= 1.000 + (1.000 × 0,10 × 0,5) Valor Corrigido= R$ 1.050

Ou seja, ao final de 6 meses, o valor corrigido pelo rendimento da Selic seria de R$ 1.050. Claro que, na prática, existem fatores como a tributação do imposto de renda e o tipo de aplicação (Tesouro Direto, CDB, etc.), mas essa fórmula ajuda a ter uma noção inicial de como funciona o cálculo.

O que faz a Taxa Selic oscilar?

Aqui estão alguns fatores que podem fazer a Selic subir ou cair:
  • Inflação: A Selic é um instrumento de política monetária usado para controlar a inflação. Se a inflação está alta, o Banco Central pode aumentar a Selic para reduzir a quantidade de dinheiro em circulação, diminuindo o consumo e, consequentemente, a inflação. Por outro lado, se a inflação está baixa, o Banco Central pode reduzir a Selic para estimular o consumo e a economia.
  • Atividade Econômica: O nível de atividade econômica também influencia as decisões sobre a Selic. Se a economia está aquecida e os preços começam a subir a ponto de minar a meta de inflação, a Selic sobe. Por outro lado, se a economia está desaquecida, o Banco Central pode reduzir a Selic para estimular o crescimento.
  • Cenário Internacional: O cenário econômico internacional também pode influenciar as decisões sobre a Selic. Por exemplo, se há uma expectativa de aumento das taxas de juros em outros países, o Banco Central pode decidir aumentar a Selic para evitar uma saída de capitais do país.
Portanto, as decisões sobre a Selic se baseiam em uma análise complexa de vários fatores econômicos.

Como a Taxa Selic influencia no cotidiano?

A Taxa Selic, por ser a taxa básica de juros da economia, tem um papel de peso no dia a dia de todo mundo, tanto das pessoas quanto das empresas. Mesmo que a gente não perceba de imediato, ela influencia diretamente o valor de empréstimos, o rendimento dos investimentos, o consumo e até os preços que se paga no mercado. Quando a Selic sobe, o crédito fica mais caro. Ou seja, pegar dinheiro emprestado, financiar um carro, um imóvel ou até parcelar compras no cartão de crédito pode pesar mais no bolso. Isso acontece porque os bancos e financeiras repassam esse aumento para os juros que cobram dos clientes. Além disso, a Selic mais alta também impacta os investimentos em renda fixa. Produtos como Tesouro Selic, CDBs e até a poupança passam a render mais. Por outro lado, quando a Selic está em queda, esses rendimentos diminuem, mas o crédito, em compensação, tende a ficar mais acessível. E tem mais: a Selic é uma das ferramentas usadas para controlar a inflação. Quando os preços estão subindo rápido demais, o Banco Central pode elevar a taxa para desestimular o consumo e tentar frear a alta dos preços.

Efeitos das mudanças da Taxa Selic na Economia

As decisões do Copom sobre a Taxa Selic não são tomadas de forma isolada, muito pelo contrário: são influenciadas por uma série de fatores que refletem o momento econômico do Brasil e do mundo. Entre os principais pontos analisados estão a inflação, o crescimento da economia, o comportamento do câmbio e até as condições internacionais. Por exemplo: se a inflação começa a sair do controle, isso acende um alerta. Nesse caso, o Copom pode optar por aumentar a Selic para segurar o consumo e tentar conter a alta de preços. Já se a economia estiver fraca, com pouca geração de empregos e produção em ritmo lento, a tendência pode ser reduzir a taxa para estimular os investimentos e o consumo. A taxa de câmbio também tem um peso bem importante. Quando o real se desvaloriza frente ao dólar, o preço de produtos importados tende a subir, o que pode pressionar a inflação. Em situações assim, uma Selic mais alta pode atrair investidores estrangeiros e ajudar a segurar o dólar. Além disso, outro ponto é que o cenário internacional influencia diretamente as decisões. Se grandes economias, como os Estados Unidos, aumentam seus juros, o Brasil precisa se posicionar de forma estratégica para continuar atraindo capital externo, o que, é claro, pode impactar na manutenção ou aumento da Selic.

Como a Selic afeta os investimentos?

Aqui, ela funciona como um termômetro para medir o rendimento de diversas aplicações e é especialmente importante para quem investe em produtos de renda fixa, embora também influencie outros tipos de investimento, como a poupança e até a renda variável. Vamos a alguns exemplos para entender isso melhor:

Renda Fixa (Tesouro Selic, CDB, LCI/LCA)

Quando a Selic está em alta, os investimentos em renda fixa se tornam mais atrativos. Um bom exemplo é o Tesouro Selic, que acompanha diretamente essa taxa, quanto mais alta ela estiver, maior será o rendimento. CDBs, LCIs e LCAs também costumam pagar um percentual do CDI, que anda lado a lado com a Selic. Então, quando a taxa sobe, esses produtos também rendem mais.

Poupança

A poupança tem uma regra específica: se a Selic estiver acima de 8,5% ao ano, ela rende 0,5% ao mês + TR (Taxa Referencial). Mas se a Selic estiver igual ou abaixo de 8,5%, o rendimento cai para 70% da Selic + TR. Ou seja, em tempos de Selic baixa, a poupança perde muito em comparação com outros produtos de renda fixa e fazer o investidor repensar suas escolhas.

Renda Variável

Mesmo não sendo diretamente ligada à Selic, a renda variável sente os efeitos dessa taxa. Quando a Selic sobe, muitos investidores migram para a renda fixa, já que ela passa a oferecer bons retornos com menor risco. Com isso, o mercado de ações pode perder um pouco do apelo. Além disso, empresas que dependem de crédito mais barato podem ter seu desempenho afetado, o que impacta o valor de suas ações. Por outro lado, quando a Selic cai, a renda variável costuma ganhar força. Como os rendimentos na renda fixa ficam menos atrativos, investidores passam a buscar melhores oportunidades em ações, fundos e outros ativos de maior risco e potencial de retorno.

Qual a relação entre a Taxa Selic e o CDI?

A relação entre a Taxa Selic e o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é bem próxima. Inclusive, dá pra dizer que o CDI praticamente anda de mãos dadas com a Selic. Na prática, o CDI representa a taxa média dos empréstimos de curtíssimo prazo (geralmente de um dia) feitos entre os próprios bancos. Essas transações usam títulos públicos como garantia e são fundamentais para manter o sistema financeiro equilibrado no dia a dia. Como esses empréstimos interbancários são influenciados diretamente pela Taxa Selic, qualquer mudança na Selic acaba puxando o CDI junto. Se a Selic sobe, o CDI também sobe. Se a Selic cai, o CDI acompanha. Essa ligação é super importante para quem investe, especialmente em produtos que usam o CDI como referência de rentabilidade, como CDBs, LCIs, LCAs, fundos DI e até alguns fundos de previdência. Quando o CDI está alto, esses investimentos tendem a render mais. Quando ele cai, os rendimentos também diminuem. Então, mesmo que muita gente ouça falar mais da Selic, o CDI está presente em grande parte dos investimentos do dia a dia.

Qual é a Taxa Selic hoje?

A Taxa Selic hoje está em 15,00% ao ano, definida na reunião do Copom que aconteceu em 18 de junho de 2025. Inclusive, esse é o nível mais alto desde 2006.

Qual a origem da Taxa Selic?

A Taxa Selic surgiu no final da década de 1970, mais precisamente em 1979, em um momento em que o Brasil precisava organizar melhor o mercado financeiro e dar mais segurança às transações com títulos públicos. Na época, a economia era marcada por altos índices de inflação, e havia a necessidade de criar um sistema mais transparente e confiável para registrar essas operações. Foi nesse cenário que nasceu o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), que acabou dando nome à taxa. Esse sistema foi criado pelo Banco Central em parceria com a antiga ANDIMA (atual ANBIMA) com o objetivo de facilitar a negociação de títulos públicos federais e garantir o registro seguro dessas movimentações. A ideia era centralizar as operações em um ambiente eletrônico que funcionasse com precisão, segurança e agilidade. Desde então, todas as transações feitas entre instituições financeiras com esses títulos passaram a ser registradas nesse sistema, e a taxa média desses empréstimos de curtíssimo prazo  passou a ser conhecida como Taxa Seli. Com o tempo, a Selic deixou de ser apenas uma taxa operacional e passou a ser o principal instrumento de política monetária do país. Fontes: Serasa, Santander, Investalk, InvestingBCB, Infomoney, Riconnect, Suno, XPI, BTG Pactual
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