17 de novembro de 2021 - por Jaíne Jehniffer
A maioria dos investidores conhece os ativos de renda fixa assim que entram no mercado financeiro. Mas você conhece o ETF de renda fixa?
Esse tipo de ETF é mais uma opção de aplicação, caso você esteja em busca de ativos para diversificar sua carteira de investimentos.
Mas será que compensa mais investir em ETFs de renda fixa ou aplicar diretamente em títulos do tesouro?
O que é ETF de renda fixa?
A sigla ETF deriva de Exchange Traded Funds. Ou seja, os ETFs são os fundos de índice. Isso significa que o foco dos ETFs está em acompanhar um índice de referência.
Como se trata de um fundo, o seu funcionamento é similar aos demais fundos do mercado. Dessa forma, o responsável por aplicar os recursos dos investidores é o gestor do fundo.
Sendo que o gestor é um profissional apto a escolher os ativos que melhor se encaixam na estratégia do fundo. No caso dos fundos de índices, o gestor deve escolher os ativos de acordo com o índice de referência.
Como funciona?
Os ETFs de renda fixa funcionam de forma similar a todos os tipos de ETFs do mercado. Sendo assim, o gestor aplica nos mesmos ativos do índice usado como referência.
Por exemplo, um ETF de ações pode usar o Ibovespa como referência. Nesse caso, o portfólio do ETF será composto das ações que fazem parte da carteira teórica do índice.
Já nos ETFs de renda fixa, é usado um índice de referência que reflete essa classe de ativos. Ou seja, pode ser usado qualquer indicador de renda fixa reconhecido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Pode ser, por exemplo, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ou o IMA (Índice Nacional de Mercado Anbima). Como você deve imaginar, os ETFs de renda fixa são compostos de títulos de renda fixa.
Sendo que esses títulos podem ser públicos ou privados. A escolha dos tipos de títulos será de acordo com o índice de referência.
Custos
Ao investir em ETF de renda fixa você precisa lidar com taxa de administração e tributos. Em síntese, a taxa de administração é um percentual cobrado para custear as despesas do ETF.
A porcentagem da taxa de administração varia de acordo com o ETF. Entretanto, os ETFs de renda fixa costumam ter taxas baixas, já que a gestão é passiva.
Em contrapartida, a tributação do ETF de renda fixa varia de acordo com os títulos que fazem parte da carteira.
Por exemplo, os ETFs com título com prazo médio acima de dois anos, a alíquota de imposto é de 15% em cima do lucro obtido. Vale destacar que no caso dos ETFs de renda fixa, não é cobrado o come-cotas.
Qual é melhor: ETF de renda fixa ou investir direto no tesouro?
Tanto o investimento em ETF de renda fixa, quanto a aplicação direta no tesouro direto, possuem características diferentes. Desse modo, eles se diferem em relação aos custos, liquidez, tributação e diversificação.
Uma das vantagens do ETF de renda fixa em comparação com a compra direta de títulos de tesouro é a isenção de IOF nos primeiros 30 dias da aplicação. Outra vantagem é que o imposto é menor no curto prazo.
Isso porque a alíquota é de 15% no resgate. Já na compra direta do tesouro, a tabela regressiva determina a alíquota, que varia entre 22,5% em até 180 dias desde a aplicação, e 15% acima de 720 dias.
Portanto, a alíquota de 15% dos ETFs é vantajosa para os investidores que não pretendem ficar com o investimento em carteira por muito tempo.
Por outro lado, o investimento direto pode ser mais vantajoso para as pessoas que não querem ver as oscilações diárias dos ETFs e que pretendem resgatar o título apenas no vencimento.
Neste caso, o investidor tem a garantia de receber o valor do título mais os juros do período. Outro ponto que o investidor deve considerar são os custos das aplicações.
No caso do ETF, existe a taxa de administração, que varia entre 0,20% e 0,25% ao ano. Já no tesouro, existe a taxa de custódia de 0,25% ao ano.
Outras diferenças
É preciso considerar também o spread, isto é, a diferença do preço de compra e de venda. No caso do tesouro direto, o investidor só tem esse custo se ele vender o título antes do vencimento.
Já nos ETFs, o spread vai depender da liquidez do fundo. Outra diferença entre eles é a data de vencimento. No ETF o investidor pode deixar o dinheiro aplicado pelo tempo que quiser.
Já os títulos do tesouro têm prazo de vencimento. Por fim, vale destacar que os ETFs trazem uma diversificação maior para a carteira.
Afinal de contas, ao comprar uma cota, o investidor se expõe a todos os ativos da carteira do ETF. Já investindo diretamente no tesouro, o investidor precisa comprar diferentes ativos para diversificar.
Diferenças entre ETF de renda fixa e outros tipos de ETFs
Agora que você conhece sobre o funcionamento dos ETFs de renda fixa, talvez você esteja se perguntando: qual a diferença entre os ETFs de renda fixa e os ETFs de renda variável?
Bem, a principal diferença são os indicadores usados como benchmark. No caso dos ETFs de renda variável, o benchmark usado está relacionado com o mercado de ações ou outros ativos de renda variável.
Existe ainda a diferença no prazo de liquidação. Sendo que no ETF de renda fixa, a liquidação geralmente é de D+1. Já em relação ao funcionamento, e os custos de investir, todos os ETFs são parecidos.
Eles se diferem ainda em relação aos riscos. Como os ETFs de renda fixa investem em ativos menos voláteis, eles tendem a ter um risco menor.
No entanto, os fundos não têm a mesma segurança do que investir diretamente em títulos de renda fixa. Isso porque os fundos estão expostos às oscilações do mercado e não existe a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Por fim, temos ainda a diferença de que, nos ETFs de renda fixa, a tributação é feita diretamente na fonte. Já nos outros tipos de ETFs, o investidor deve calcular os ganhos, o valor a ser pago de imposto e gerar um DARF.
Como investir?
O primeiro passo para investir em um ETF de renda fixa é considerar o seu perfil de investidor. Isso é importante, pois esses ETFs são híbridos.
Isso ocorre, pois eles investem em renda fixa, porém, a negociação das cotas é feita como renda variável. Em outras palavras, a carteira do fundo é composta de títulos de renda fixa.
Contudo, as cotas são negociadas na bolsa e passam por oscilações. Ou seja, as cotas dos ETFs são negociadas na bolsa da mesma forma que as ações.
Isso faz com que o processo de compra seja fácil e prático. Como a negociação ocorre na B3, as cotas têm maior liquidez.
Enfim, para investir o primeiro passo é analisar as características e custos dos ETFs disponíveis. Para saber quais os ETFs de renda fixa estão disponíveis para negociação, basta acessar o site da B3.
Um exemplo de ETF de renda fixa é o IMAB11. Esse ETF espelha o índice IMA-B. Logo, seu portfólio conta com títulos públicos atrelados ao IPCA, sobretudo o Tesouro IPCA+ com juros semestrais.
Lembrando que essa não é uma recomendação de investimentos, é apenas um exemplo.
E aí, gostou da opção do ETF de renda fixa para diversificar sua carteira? Então aproveite para aprender sobre a importância da Diversificação de investimentos – Quantas ações ter em carteira?