Investir no exterior: saiba como e por que fazer

Investir no exterior é uma excelente opção para diversificar a carteira de investimentos e obter maiores retornos. Aprenda como investir.

5 de outubro de 2020 - por Sidemar Castro


Investir no exterior é muito mais fácil do que muitos pensam. Afinal, apesar de todo o estigma em volta dessa opção de investimento, ela é cheia de vantagens, além de ser uma ótima maneira de diversificar a carteira de investimentos.

Uma das vantagens, além da diversificação, é a proteção contra crises econômicas nacionais.  Assim, com uma parte do seu patrimônio alocado no exterior, a carteira fica mais balanceada. Portanto, em casos de baixa do mercado no Brasil, você não vai sentir o baque em toda a sua carteira.

Em resumo, aplicar no exterior pode ser tão fácil quanto aplicar em fundos de ações. Uma das opções é justamente a aplicação em fundos de investimentos com foco em ativos no exterior. Sendo assim, para quem quer investir diretamente, também é possível, com um pouco mais de esforço.

O que é investir no exterior?

Investir no exterior, consiste em colocar dinheiro em empresas de fora ou em ativos financeiros internacionais. Isso pode ser feito de várias formas como, por exemplo, por meio da aquisição de ações de companhias estrangeiras, ETFs, fundos de investimento etc.

Os investimentos internacionais oferecem oportunidades de diversificação ao investidor, já que os mercados financeiros de diferentes países têm comportamentos distintos e podem proporcionar maior segurança jurídica.

Além disso, esse tipo de investimento permite acesso a setores e empresas que não estão disponíveis no mercado local. Por exemplo, o índice Ibovespa tem uma grande concentração de empresas de commodities e bancos, enquanto o mercado norte-americano conta com muitas empresas de tecnologia.

Por último, investir no exterior pode ser uma forma de mitigar o risco cambial, por meio da aplicação em ativos vinculados a moedas mais fortes, como dólar, euro, libra e outras.

Contudo, é importante considerar que investir fora do país pode acarretar riscos adicionais, como diferenças na regulação e proteção de investidores, cenários macroeconômicos diversos e, dependendo do país, maior volatilidade.

Como investir no exterior?

1. Fundos de investimentos no exterior

Aplicar fora do Brasil por meio dos fundos de investimento é uma das maneiras mais fáceis de investir no exterior. Uma vez que não é necessário mandar dinheiro para fora do país. O funcionamento desses fundos é igual aos demais, ou seja, várias pessoas aplicam em uma porcentagem do fundo.

O fundo, então, aplica o patrimônio em ativos. Posteriormente, a rentabilidade é dividida entre os cotistas do fundo. O retorno financeiro que cada cotista vai ter depende de quantos por cento do fundo ele adquiriu. 

Existem fundos de varejo que podem aplicar até 20% de seus recursos em ativos fora do país. É claro que isso já deve estar previsto nas políticas do fundo.

Além disso, existem ainda fundos comuns que destinam até 40% de seu patrimônio para ativos no exterior. Por fim, um fundo pode, até mesmo, ter todos os seus ativos no exterior. 

Em relação aos custos, se o fundo for de ação, o Imposto de Renda (IR) é de 15% em cima dos ganhos. Por outro lado, se forem de renda fixa ou multimercado, a tributação segue a tabela regressiva, onde o desconto começa com 22,5% e abaixa até o mínimo de 15%. 

2. Brazilian Depositary Receipts (BDRs)

Os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) são certificados que representam ações de empresas estrangeiras negociadas no Brasil. Eles são uma maneira ideal para empresas estrangeiras estabelecerem presença no mercado de capitais mais dinâmico da América Latina. A listagem no Brasil aumenta a visibilidade da empresa e contribui para abrir o caminho para futuras ofertas públicas, aquisições e consolidação do crescimento dos negócios.

Os BDRs são emitidos por uma instituição financeira depositária no Brasil. As ações da empresa estrangeira (ativos subjacentes aos BDRs) são bloqueadas no exterior na conta da instituição custodiante do programa. Essas ações devem ser de empresas sediadas em países cujos reguladores assinaram um acordo de cooperação com a CVM ou que são signatários do memorando de entendimento multilateral da IOSCO (Organização Internacional das Comissões de Valores).

Os BDRs são regulados pela Instrução CVM 332, pela Instrução CVM 480, pelo Regulamento e Manual de Emissoras da B3, além de outras disposições e regulamentos legais aplicáveis.

Existem dois grupos principais de BDRs: os patrocinados e os não patrocinados. Eles são classificados de acordo com a forma como são trazidos para a negociação no mercado brasileiro.

Os custos de se investir fora do Brasil por meio de BDRs é o mesmo que aplicar em ações comuns brasileiras. Portanto, existem os gastos com taxas de custódia, corretagem e emolumentos. Além disso, o imposto é de 15%.  Enfim, existem dois tipos de BDRs:

  • Patrocinados: A própria empresa no exterior contrata uma instituição depositária para que os certificados de representação de suas ações sejam negociados no Brasil. Ou seja, os BDRs patrocinados são aqueles que a própria empresa tem interesse. 
  • Não patrocinados: Como o próprio nome sugere, nos BDRs não patrocinados, a empresa não tem interesse. Portanto, é a instituição depositária que opta por assumir as responsabilidades com foco em disponibilizar mais opções de investimento no exterior para os seus clientes. 

3. Exchange Traded Funds (ETFs)

As ETFs ou Exchange Traded Funds, são fundos de índice. Ao seguir o índice, o ETF procura realizar os mesmos investimentos do índice. No caso, para investimentos no exterior, as ETFs seguem índices de ações estrangeiras na B3. 

Para esse tipo de aplicação, o investidor compra cotas de ETFs na bolsa da mesma maneira que se compra ações. Como são negociadas na bolsa de valores brasileira, para investir no exterior por meio de ETFs, também não precisa mandar dinheiro para fora do país. 

Os custos de se aplicar em ETFs são similares ao investimento em ações. Dessa maneira, a alíquota é de 15% de imposto de renda em cima dos lucros. Entretanto, diferente das ações, não existe isenção de imposto em investimentos abaixo de R$ 20 mil por mês.

4. Certificados de Operações Estruturadas (COEs)

A sigla COE significa Certificados de Operações Estruturadas. Os COEs são espécies de pacotes com características tanto de renda fixa, quanto variável.

Existem diversos tipos de investimentos possíveis realizados através de COEs como ações, ouro ou moedas. Com tanta diversidade, é claro que existem os ativos do exterior. Portanto, esse tipo de investimento também não necessita do envio de dinheiro para fora do Brasil. 

Investir no exterior, por meio de COEs possui alguns custos como taxa de administração, que varia entre 0,5% a 2% no ano. Além disso, existe ainda o imposto de renda com tabela regressiva que começa em 22,5% e reduz até o valor mínimo de 15%. 

Como abrir conta em corretora no exterior?

Para abrir uma conta em uma corretora no exterior, você pode seguir os passos abaixo:

1. Preencha seus dados pessoais no formulário da corretora, como:

  • Nome completo
  • E-mail
  • Telefone
  • Endereço
  • Comprovante de residência

2. Envie os documentos solicitados, que podem incluir:

  • CPF
  • Passaporte
  • Comprovante de residência
  • Declaração do Imposto de Renda
  • Contrato de abertura de conta com a corretora em questão
  • Formulário W-8BEN preenchido, que comprova que o investidor não reside nos EUA

3. Transfira o dinheiro para a conta.

É importante notar que o processo pode variar dependendo da corretora. Além disso, é essencial verificar se a corretora está registrada na Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira, e na Financial Industry Regulatory Authority (FINRA), entidade sem fins lucrativos que se dedica a preservar a segurança dos investidores e a integridade dos mercados.

O que deve ser considerado para investir no exterior?

Investir no exterior pode ser uma ótima maneira de buscar novas oportunidades ou diversificar seu portfólio. No entanto, é importante considerar os seguintes fatores de risco antes de fazer isso:

  • Riscos Políticos: Os riscos políticos podem afetar o valor dos seus investimentos.
  • Regulamentos Diferentes: Cada país tem seus próprios regulamentos para investimentos.
  • Custos: Pode haver custos adicionais associados ao investimento no exterior.
  • Riscos de Taxa de Câmbio: As flutuações nas taxas de câmbio podem afetar o valor dos seus investimentos.
  • Riscos Econômicos: Refere-se à capacidade de um país pagar suas dívidas. Um país com finanças estáveis e uma economia mais forte deve oferecer investimentos mais confiáveis do que um país com finanças mais fracas ou uma economia instável.
  • Riscos Soberanos: Este é o risco de que um banco central estrangeiro altere seus regulamentos de câmbio, reduzindo significativamente ou anulando o valor de seus contratos de câmbio.
  • Diversificação: Investir fora do seu país de origem pode ser uma maneira eficaz de diversificar seu portfólio.

Por que investir no exterior?

Investir no exterior é uma forma de aproveitar todas as vantagens dessa forma de aplicação. Uma das grandes vantagens, é a diversificação da carteira de investimentos.

Além disso, investir no exterior é uma forma de se proteger das variações da economia no Brasil, o que, consequentemente, te ajuda a se proteger contra perdas de dinheiro.

Atrelado às características anteriores, investir no exterior representa um balanceamento nos resultados da carteira de investimentos. Em outras palavras, quando o mercado brasileiro tiver baixa, e o mercado exterior estiver funcionando normalmente, a sua carteira terá um balanço entre os dois resultados. 

Como declarar os investimentos no exterior?

Saber como declarar os investimentos no exterior é essencial para que você não caia na malha fina. No caso das aplicações nos EUA, você pode declarar os ativos diretamente no Imposto de Renda, pois existe um acordo dos EUA com o Brasil para evitar a bitributação.

Para declarar suas ações no exterior, vá até a ficha Bens e Direitos e use o código 31 – Ações. Na localização, escolha o código correspondente ao país em que você adquiriu ações, como por exemplo, 249 – Estados Unidos.

No campo Discriminação, preencha todas as informações sobre as ações, como quantidade, data da compra, número do contrato de câmbio da remessa ao exterior e nome da corretora.

Quais são as vantagens de investir no exterior?

Aqui estão algumas vantagens de investir no exterior:

Diversificação

O investimento internacional pode ajudar os investidores a espalhar seu risco de investimento entre empresas e mercados estrangeiros, além de empresas e mercados domésticos.

Crescimento

O investimento internacional aproveita o potencial de crescimento em algumas economias estrangeiras, particularmente em mercados emergentes.

Vantagens Fiscais

Muitos países (conhecidos como paraísos fiscais) oferecem incentivos fiscais para investidores estrangeiros. As taxas de impostos favoráveis em um país estrangeiro são projetadas para promover um ambiente de investimento saudável que atraia riqueza externa.

Proteção de Ativos

Os centros offshore são locais populares para reestruturar a propriedade de ativos. Através de trusts, fundações ou uma corporação existente, a propriedade individual da riqueza pode ser transferida.

Privacidade

Os centros offshore oferecem privacidade de várias maneiras:

  • Confidencialidade Bancária: A confidencialidade bancária, muitas vezes sinônimo de sigilo bancário ou privacidade, envolve a obrigação dos bancos de proteger as informações pessoais e financeiras de seus clientes. Os bancos offshore normalmente operam sob regulamentações jurisdicionais que garantem um nível mais alto de confidencialidade em comparação com os bancos domésticos.
  • Quadro Legal: As jurisdições offshore têm leis rigorosas que proíbem a divulgação de qualquer informação do cliente sem o seu consentimento explícito. Por exemplo, jurisdições como a Suíça têm leis de sigilo bancário em vigor há décadas, e a violação dessas leis pode levar a penalidades severas.
  • Privacidade versus Sigilo: Embora tanto os bancos offshore quanto os onshore sejam obrigados a proteger a privacidade de seus clientes, os bancos offshore oferecem um nível mais alto de sigilo. No entanto, é crucial distinguir entre privacidade e sigilo ilícito. Os bancos offshore estão comprometidos em combater a lavagem de dinheiro, a evasão fiscal e outros crimes financeiros e cooperam plenamente com as autoridades regulatórias internacionais nessas questões.
  • Confidencialidade Bancária em Ação: Os bancos offshore implementam várias medidas para garantir a privacidade do cliente. Desde a utilização de tecnologias avançadas de criptografia até a utilização de contas numeradas, essas instituições tomam várias medidas para proteger os dados de seus clientes.

Ampla Gama de Investimentos

Dependendo da sua situação, o investimento offshore pode oferecer muitas vantagens, incluindo benefícios fiscais, proteção de ativos e privacidade.

Incentivos para Investir no Exterior

Existem muitos incentivos para investir no exterior, independentemente do país de origem. E o aumento da diversificação é um deles.

Quanto custa investir no exterior?

Investir no exterior pode ser mais caro do que investir em empresas nacionais. No entanto, o custo exato pode variar dependendo de vários fatores, incluindo a corretora que você usa, o tipo de investimento que você está fazendo e o país em que você está investindo.

Além disso, pode haver custos adicionais associados à conversão de moeda e ao pagamento de impostos no exterior. Portanto, é importante pesquisar e entender todos os custos potenciais antes de começar a investir no exterior.

Vale a pena investir no exterior?

Investir no exterior pode ser uma boa opção, dependendo dos seus objetivos financeiros e da sua tolerância ao risco. Aqui estão algumas razões pelas quais você pode considerar o investimento no exterior:

Uma delas é a diversificação. Investir internacionalmente pode ajudar a espalhar o risco de investimento entre empresas e mercados estrangeiros, além de empresas e mercados domésticos.

Outra, é o crescimento. O investimento internacional aproveita o potencial de crescimento em algumas economias estrangeiras, particularmente em mercados emergentes.

As taxas de impostos podem ser muito favoráveis em um país estrangeiro. Os centros offshore são locais populares para reestruturar a propriedade de ativos. E, por fim, há a questão da privacidade.

No entanto, é importante notar que investir no exterior também pode ter desvantagens, incluindo custos mais altos e maior escrutínio regulatório que as jurisdições e contas offshore enfrentam.

Além disso, a volatilidade da taxa de câmbio pode afetar o valor dos seus investimentos. Portanto, é essencial fazer sua própria pesquisa e considerar cuidadosamente seus objetivos e tolerância ao risco antes de investir no exterior.

Enfim, agora que você já viu que aplicar no exterior é relativamente fácil, veja o vídeo de Raul Sena, o Investidor Sardinha, e descubra como investir com pouco dinheiro:

Fontes: SunoExame, Infomoney, Meu Bolso em Dia, Avenue US, Portal FGV, Toro

SG&A: o que é, como funciona e como calcular?

DMPL: o que é, para que serve e como fazer?

Guidance: o que é, para que serve e qual a importância?

SFH: o que é e como funciona o sistema financeiro de habitação?