15 de abril de 2025 - por Sidemar Castro
O Modelo de Yale é uma estratégia de investimentos adotada pelo fundo de endowment da Universidade de Yale. Ao longo dos anos, essa abordagem se destacou por oferecer retornos superiores aos principais índices de mercado, com menor volatilidade. Por isso, vem ganhando cada vez mais espaço e reconhecimento no mundo dos investimentos.
Os fundos de endowment são fundos mantidos por universidades, principalmente nos Estados Unidos. Eles administram os recursos doados por ex-alunos e apoiadores das instituições.
Com os rendimentos gerados por esses investimentos, as universidades conseguem custear uma série de despesas importantes, como bolsas de estudo, salários de professores, compra de equipamentos e melhorias na infraestrutura.
Entenda o que é e como funciona esse modelo. Leia!
O que é o Modelo de Yale?
O Modelo de Yale é uma estratégia de alocação de investimentos criada por David Swensen, renomado gestor de portfólio e responsável pelo fundo de endowment da Universidade de Yale. Essa abordagem se destacou por gerar retornos extraordinários ao longo dos anos, com foco no crescimento sustentável e de longo prazo.
Swensen desenvolveu o modelo pensando nos fundos de endowment — fundos formados por doações de ex-alunos, que financiam despesas importantes das universidades americanas, como bolsas, pesquisa e infraestrutura. Como esses fundos têm um horizonte de investimento de muito longo prazo, ele viu uma oportunidade de melhorar os resultados usando uma estratégia mais moderna e diversificada.
Antes disso, a maior parte dos recursos dos endowments estava concentrada em ativos de renda fixa, considerados mais seguros. No entanto, Swensen percebeu que, historicamente, a renda variável oferecia retornos maiores. Por exemplo, entre 1802 e 2012, as ações nos EUA renderam, em média, 6,6% ao ano, enquanto os títulos de renda fixa entregaram cerca de 3,6%.
O desafio era a volatilidade da renda variável. Grandes quedas no mercado poderiam afetar seriamente o patrimônio dos fundos e comprometer suas funções. A solução de Swensen foi a diversificação inteligente.
Ele montou um portfólio equilibrado, com diferentes classes de ativos, como:
- Ações americanas e internacionais
- Fundos imobiliários
- Venture Capital (capital de risco)
- Fundos de retorno absoluto (hedge funds)
- Investimentos em recursos naturais
- Leveraged buyouts (aquisições alavancadas)
- Uma pequena parte em caixa e renda fixa
Com essa composição, o Modelo de Yale conseguiu capturar o potencial de retorno da renda variável, reduzindo os riscos por meio de uma ampla diversificação.
Hoje, essa estratégia é vista como um exemplo de sucesso na alocação de portfólio e serve de inspiração para diversos gestores e investidores ao redor do mundo.
O que são Fundos de Endowment?
Fundos de Endowment são como uma poupança gigante criada por uma organização, geralmente sem fins lucrativos, como universidades, hospitais, museus ou fundações. Primeiramente, imagine que essa organização recebe doações generosas ao longo do tempo. Então, em vez de gastar todo esse dinheiro de uma vez, ela decide investir uma parte significativa desse montante.
Dessa forma, o objetivo principal do fundo de endowment é gerar renda continuamente para apoiar as atividades da organização no futuro. Assim, o dinheiro investido cresce ao longo do tempo, e uma parte dos lucros gerados por esses investimentos é usada para financiar bolsas de estudo, pesquisas, programas culturais, manutenção de instalações e outras necessidades da instituição.
Além disso, é importante notar que, geralmente, o principal do fundo (o valor inicial doado) é mantido intacto, garantindo que a organização tenha uma fonte de recursos estável por muitos anos.
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Como o Modelo de Yale funciona?
Esse modelo funciona como uma estratégia de investimento usada por universidades para administrar fundos de doações, conhecidos como endowments. A Universidade de Yale, por exemplo, teve um retorno médio de 16,6% ao ano entre 1985 e 2008, superando o índice Dow Jones, com menos risco.
Esse modelo parte do princípio de que os recursos doados, geralmente por ex-alunos, são permanentes. Ou seja, não há expectativa de que o dinheiro seja devolvido aos doadores. Por isso, a universidade pode investir com foco no longo prazo.
O objetivo é usar apenas os rendimentos dos investimentos, não o valor principal, para financiar despesas importantes, como bolsas para estudantes, contratação de professores qualificados, investimentos em pesquisa e modernização da infraestrutura.
Quais são as vantagens e desvantagens do Modelo de Yale?
O Modelo de Yale se destaca pela diversificação, alocação em ativos alternativos e foco no longo prazo. Abaixo estão suas principais vantagens e desvantagens.
Vantagens
- Diversificação ampla: O modelo investe em uma variedade de ativos, como ações, renda fixa, imóveis, private equity e fundos de hedge, reduzindo os riscos através da descorrelação entre os ativos.
- Menor volatilidade: Por priorizar ativos alternativos e ilíquidos, a estratégia diminui a volatilidade da carteira em comparação com investimentos tradicionais, facilitando o gerenciamento do risco.
- Retornos acima da média: Historicamente, o fundo de Yale apresentou retornos superiores aos índices de referência, como o Dow Jones, com menor volatilidade. Entre 1985 e 2008, o retorno foi de 16,6% ao ano contra 12% do Dow Jones.
- Foco no longo prazo: A abordagem permite que os recursos sejam investidos sem preocupação com liquidez imediata, ideal para investidores que não precisam acessar o capital no curto prazo.
- Proteção contra flutuações econômicas: A estratégia oferece maior estabilidade financeira ao mitigar os impactos das oscilações econômicas de curto prazo.
Desvantagens
- Complexidade na execução: A implementação do modelo exige alta expertise e equipes qualificadas. Muitas instituições que tentaram replicá-lo falharam devido à falta de habilidade dos gestores.
- Dependência de ativos ilíquidos: Embora esses ativos reduzam a volatilidade, eles podem ser difíceis de vender em momentos críticos e muitas vezes requerem descontos significativos em situações adversas.
- Resultados inconsistentes fora de Yale: Apesar do sucesso na Universidade de Yale, outras instituições que adotaram o modelo frequentemente obtiveram retornos inferiores aos de carteiras simples baseadas em índices.
- Custos elevados: A alocação em ativos alternativos, como fundos de hedge e private equity, pode gerar custos altos devido à necessidade de consultores especializados e taxas administrativas.
- Risco de timing inadequado: Investimentos como imóveis e madeira são altamente sensíveis a ciclos econômicos e podem gerar prejuízos significativos se vendidos no momento errado.
Como investir no Modelo de Yale?
Você não precisa de dezenas de ativos para seguir o Modelo de Yale. Na verdade, uma carteira bem estruturada com cerca de vinte ativos já é suficiente para aplicar essa estratégia com eficiência.
Essa carteira pode incluir ações brasileiras, ações internacionais, small caps e fundos imobiliários, sempre com atenção à diversificação entre setores.
Mas não se preocupe: você não precisa começar com todos esses ativos de uma vez. Como o foco do modelo é o longo prazo, você pode montar a carteira aos poucos. É totalmente viável começar com três a cinco ativos e, com o tempo, ampliar sua diversificação por meio de novos aportes e do reinvestimento de dividendos.
À medida que sua carteira se desenvolve, você vai reunir uma seleção de empresas e ativos geradores de caixa ao redor do mundo, exatamente o que o Modelo de Yale propõe.
Outra vantagem é que é possível seguir esse modelo usando ETFs (fundos de índice). Por exemplo, você pode investir em um ETF de small caps brasileiras, outro de ações de tecnologia dos Estados Unidos, e assim por diante. Isso permite diversificar com praticidade e menor custo.
Portanto, mesmo com pouco capital inicial, você pode começar a investir com base no Modelo de Yale e aproveitar os benefícios da diversificação global desde cedo.
Qual é a origem e história do Modelo de Yale?
O Modelo de Yale foi criado por David Swensen, doutor em economia pela própria Universidade de Yale. Nos anos 1980, Swensen atuou no mercado financeiro e ocupou cargos de liderança em grandes bancos de Wall Street.
Após se destacar como investidor, ele retornou para Yale com uma nova missão: gerenciar o fundo de endowment da universidade, um fundo alimentado por doações, que tem como objetivo financiar as despesas da instituição ao longo do tempo.
Como esses fundos não precisam buscar lucros imediatos, eles têm liberdade para investir com foco no longo prazo. Por isso, podem se expor a ativos mais voláteis e ilíquidos, como ações, venture capital e private equity.
Além disso, como não há pressão para resgatar os recursos rapidamente, os endowments conseguem adotar uma postura contrária à do mercado, aproveitando oportunidades em momentos de crise ou baixa.
Foi nesse contexto que Swensen, ao lado de Dean Takahashi, desenvolveu o Modelo de Yale: uma estratégia que combina alta rentabilidade com baixa volatilidade, por meio de uma alocação diversificada e de longo prazo.
E os resultados confirmaram a eficiência do método. O modelo se mostrou vencedor ao longo dos anos, oferecendo retornos expressivos com riscos bem controlados.
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Fontes: Suno, Br Investing, Invest News e DXA Invest.