Tesouro IPCA: o que é, como investir, como funciona

O Tesouro IPCA é um título público que rende a inflação (IPCA) mais uma taxa fixa, garantindo proteção contra perda de poder de compra.

31 de dezembro de 2020 - por Sidemar Castro


O Tesouro IPCA é um investimento que combina segurança com rentabilidade real, já que acompanha a inflação e ainda oferece um ganho extra. É ideal para quem quer proteger o dinheiro no longo prazo, mas só vale a pena se você puder esperar até o vencimento.

Resgatar antes pode trazer perdas por causa das variações do mercado. Leia e entenda neste artigo como funciona e como investir.

Leia mais: IPCA: o que é e como funciona esse índice?

O que é Tesouro IPCA ?

O Tesouro IPCA é um tipo de investimento que ajuda você a proteger seu dinheiro da inflação.

Funciona assim: você empresta dinheiro ao governo e, em troca, recebe de volta esse valor corrigido pela inflação (medida pelo IPCA) mais uma taxa de juros fixa. Isso significa que, mesmo que os preços subam, seu investimento vai render acima da inflação, mantendo o poder de compra.

É uma ótima opção para quem pensa no futuro e quer garantir uma rentabilidade real, mas o ideal é deixar o dinheiro aplicado até o vencimento do título. Se resgatar antes, pode acabar perdendo por causa das oscilações do mercado.

Leia também: Como investir em Tesouro IPCA? O passo a passo para começar a investir

Para que serve o Tesouro IPCA ?

O Tesouro IPCA serve para proteger o seu dinheiro da inflação e garantir que ele continue crescendo com o tempo.

Ele é ideal para quem quer investir pensando no futuro, como aposentadoria, faculdade dos filhos ou qualquer outro plano de longo prazo.

Como ele rende o IPCA mais uma taxa fixa, você tem a segurança de que seu investimento vai acompanhar o aumento dos preços e ainda gerar um ganho real. Mas o segredo está em manter o título até o vencimento, porque se vender antes, pode acabar perdendo por causa das oscilações do mercado.

Características do Tesouro IPCA

1) Protege seu dinheiro da inflação

O Tesouro IPCA é como um escudo contra a perda de valor do seu dinheiro. Ele acompanha o IPCA, que é o índice oficial da inflação, e ainda paga um juro extra. Ou seja, seu dinheiro não só se mantém, como cresce de verdade.

2) É um dos investimentos mais seguros

Investir no Tesouro IPCA é praticamente emprestar dinheiro para o governo. E como o governo tem meios de garantir o pagamento, o risco de calote é quase nulo.

3) Funciona melhor se você tiver paciência

Esse título é feito para quem pode esperar. Se você deixar o dinheiro até o vencimento, tudo certo. Mas se precisar tirar antes, pode acabar recebendo menos do que esperava.

4) Dá para receber uma graninha a cada seis meses

Tem uma versão do Tesouro IPCA que paga juros semestrais. É ótimo para quem quer uma renda extra entrando na conta com regularidade.

5) Quanto mais tempo deixar, menos imposto paga

O imposto sobre os ganhos diminui com o tempo. Se você deixar o dinheiro por mais de dois anos, paga menos imposto do que se tirar antes. É um incentivo para pensar no futuro.

6) Tem uma taxinha, mas nada assustador

A B3 cobra uma taxa de custódia de 0,25% ao ano. É pequena, mas vale lembrar dela na hora de calcular o quanto você vai realmente ganhar.

Saiba mais: Taxa de custódia – O que é e formas como é cobrada nos investimentos

Como funciona o Tesouro IPCA?

O Tesouro IPCA funciona como um empréstimo que você faz ao governo. Em troca, ele te devolve o valor investido corrigido pela inflação (IPCA) mais uma taxa de juros fixa. Isso significa que, mesmo que os preços subam, seu dinheiro vai render acima da inflação, mantendo o poder de compra.

Essa combinação de rentabilidade é chamada de híbrida, porque junta uma parte que varia com o IPCA e outra que já é definida no momento da aplicação.

Se você mantiver o título até o vencimento, recebe tudo com essa correção. Mas se vender antes, o valor pode variar conforme o mercado, o que pode gerar ganhos ou perdas.

Tipos de títulos do Tesouro IPCA

1) Tesouro IPCA+

Esse é para quem quer investir e esquecer. Você aplica hoje e só mexe no dinheiro lá na frente, quando o título vence. Durante esse tempo, ele vai render com base na inflação e ainda te dar um ganho extra. É ótimo para quem está pensando no longo prazo e não precisa da grana agora.

2) Tesouro IPCA+ com juros semestrais

Se você gosta de ver o retorno aparecendo na conta, esse é o seu tipo. A cada seis meses, cai um valor referente aos juros do investimento. É como receber um “salário extra” enquanto o restante continua rendendo até o vencimento.

3) Tesouro RendA+

Imagina ter uma renda garantida por 20 anos quando você se aposentar. O Tesouro RendA+ faz exatamente isso. Você escolhe quando quer começar a receber e, a partir daí, o Tesouro te paga todo mês. É uma forma segura de montar sua aposentadoria sem depender só do INSS.

4) Tesouro Educa+

Se a ideia é garantir o futuro educacional dos filhos, esse título pode ajudar. Ele começa a pagar mensalmente por cinco anos, justamente na época em que os custos com escola ou faculdade costumam pesar. É como montar uma poupança inteligente para a educação.

Entenda: Títulos públicos, o que são? Como funcionam, tipos e como investir

Como calcular o Tesouro IPCA ?

Calcular o rendimento do Tesouro IPCA é mais simples do que parece. Esse título tem uma rentabilidade composta por duas partes: uma taxa fixa, definida no momento da compra, e a variação da inflação medida pelo IPCA.

Na prática, isso significa que o seu dinheiro vai render o IPCA acumulado no período mais a taxa acordada. Por exemplo, se você comprou um título com IPCA + 5% ao ano e a inflação foi de 4%, seu rendimento total será de 9% naquele ano.

Mas atenção: esse cálculo só vale se você mantiver o título até o vencimento. Se vender antes, o valor pode variar conforme o mercado, e aí entra a chamada marcação a mercado, que pode aumentar ou reduzir o retorno.

Saiba mais: Marcação a mercado, o que é? Como funciona na renda fixa e nos fundos

Vantagens de investir no Tesouro IPCA

Você já reparou como a inflação corrói o valor do que poupamos? Pois o Tesouro IPCA existe justamente pra combater isso.

Esse investimento combina dois elementos: ele acompanha o IPCA (o índice oficial de preços no Brasil), para recompor o que se perde com a inflação, e ainda soma uma taxa fixa para gerar ganho real. Isso significa que, se você mantiver o título até a data acordada, não importa o quanto os preços subam, você não só “recupera” essa alta como ganha por cima.

Para quem pensa no longo prazo, educação dos filhos, aposentadoria, comprar imóvel no futuro, ele se encaixa muito bem. Mesmo com as oscilações de taxas de juros ou variações de mercado, se você for paciente e segurar até o vencimento, a promessa de ganho real vale bastante. E o fato de ser emitido pelo Tesouro Nacional dá aquela segurança a mais, uma tranquilidade de saber que o risco de inadimplência é baixíssimo.

Outra vantagem prática: o investimento mínimo é acessível, tem liquidez (embora o ideal seja não depender dele antes do vencimento) e diferentes versões, inclusive com pagamento semestral de juros se você quiser uma renda “extra” no meio do caminho.

Leia também: Tesouro Direto: o que é, como funciona e como investir?

Desvantagens e riscos do Tesouro IPCA

Investir no Tesouro IPCA parece uma escolha segura, e de fato é, mas não dá para ignorar alguns riscos.

Se você resolver tirar o dinheiro antes da hora, pode acabar recebendo menos do que investiu. Isso acontece por causa das oscilações do mercado, que afetam o valor do título no momento da venda.

Outro ponto é que, mesmo com a proteção contra a inflação, esse benefício só vale se você tiver paciência e esperar até o vencimento.

Tem também o imposto de renda, que vai comer uma parte dos lucros, e a taxa de custódia da B3, que é pequena, mas existe. E como os prazos costumam ser longos, esse tipo de investimento não é ideal para quem pode precisar do dinheiro a qualquer momento.

Então, antes de aplicar, é bom pensar se você está disposto a esperar e se esse título realmente combina com seus planos.

Veja também: Riscos dos investimentos, o que são? Quais são eles e como diminuí-los

Tributação e custos do Tesouro IPCA

1) Imposto de Renda

Sim, o Tesouro IPCA paga imposto, mas tem um lado bom: quanto mais tempo você deixar o dinheiro lá, menos imposto vai pagar. Se tirar antes de seis meses, a mordida é maior. Mas se tiver paciência e esperar mais de dois anos, a alíquota cai para 15%.

2) IOF

O Imposto de Operações Financeiras (IOF) só aparece se você for muito apressado e resgatar o investimento antes de completar 30 dias. Depois disso, ele desaparece. Então, se puder esperar pelo menos um mês, já escapa dessa cobrança.

3) Taxa de custódia da B3

A B3 cobra uma pequena taxa para cuidar do seu título, como se fosse uma taxa de “guarda”. É de 0,20% ao ano e só aparece em momentos específicos, como quando você recebe juros ou resgata o título.

4) Taxa da corretora

Algumas corretoras cobram uma taxa de administração, outras não. É como escolher um restaurante: alguns cobram couvert, outros não. Vale pesquisar bem para não pagar mais do que precisa.

Como investir no Tesouro IPCA?

1) Escolha uma corretora parceira do Tesouro Direto

Antes de tudo, você precisa ter uma conta em uma corretora ou banco que esteja habilitado para operar com o Tesouro Direto. A boa notícia é que tem muita opção por aí, e várias não cobram taxa extra.

2) Coloque o dinheiro na conta

Fez a conta? Agora é só transferir o valor que quer investir. Pode ser via Pix ou TED. Sem dinheiro na conta, não tem como aplicar.

3) Entre na plataforma e veja os títulos disponíveis

Você pode acessar pelo site do Tesouro Direto ou direto pela corretora. Vai encontrar uma lista com os títulos, cada um com prazo e rentabilidade diferentes. É como escolher um plano para o seu futuro.

4) Escolha o título que faz sentido para você

Quer receber um dinheirinho a cada seis meses? Tem título com juros periódicos. Prefere deixar tudo acumulando para o futuro? Tem também. O importante é alinhar com seus objetivos.

5) Invista e relaxe

Depois de escolher, é só confirmar o valor e aplicar. E não precisa ser muito: com menos de cinco reais você já entra no jogo. A partir daí, é só deixar o tempo fazer o trabalho.

6) Não se assuste com as oscilações

Se olhar o valor todo dia, pode achar que está perdendo. Mas isso só importa se você vender antes da hora. Se esperar até o vencimento, vai receber tudo certinho, com correção pela inflação e aquele juro extra.

Saiba mais: Como investir em Tesouro IPCA? O passo a passo para começar a investir

Tabela IPCA 2025

No ano de 2025, o IPCA começou com uma inflação bem modesta em janeiro, de cerca de 0,16%. Em fevereiro, houve um salto: o índice mensal foi de 1,31%, puxado por aumento em vários preços.

Março manteve uma alta relevante, 0,56%. Depois, a inflação vai desacelerando: abril ficou em 0,43%, maio em 0,26% e junho em 0,24%. Julho repetiu algo parecido, com 0,26%, até que em agosto tivemos uma surpresa: o índice foi negativo: -0,11%.

Se olharmos o acumulado do ano até agosto, esse conjunto de variações resultou em aproximadamente 3,15%. Já no acumulado de 12 meses, ou seja, comparando agosto de 2025 com agosto de 2024, o IPCA está em 5,13 %.

Estes dados mostram que apesar de inflação mensal instável, há uma tendência de desaceleração mais recente.

Entenda: Inflação acumulada, o que é? Cálculos e a relação com os investimentos

6 dicas para melhor seus rendimentos no Tesouro IPCA

  1. Não tenha pressa para resgatar.

O Tesouro IPCA é como um bom vinho: melhora com o tempo. Se você deixar o título até o vencimento, vai colher tudo o que foi prometido. Se tirar antes, pode acabar saindo no prejuízo.

  1. Escolha o prazo com carinho.

Antes de investir, pense: quando vou precisar desse dinheiro? Se a resposta for daqui a 10 anos, escolha um título que vença nesse período. Isso evita surpresas e decisões apressadas.

  1. Fique de olho nas taxas.

Às vezes, o mercado dá umas sacudidas e o Tesouro IPCA aparece com taxas mais altas. Se você estiver atento, pode aproveitar essas oportunidades e garantir um rendimento maior.

  1. Reinvista o que cair na conta.

Se você recebe juros semestrais, não deixe esse dinheiro parado. Reaplicar esses valores pode fazer uma diferença enorme lá na frente, graças aos juros sobre juros.

  1. Use a tabela do IR a seu favor.

O imposto de renda sobre os lucros diminui com o tempo. Se você deixar o dinheiro por mais de dois anos, paga menos imposto. É um jeito simples de aumentar o ganho líquido.

  1. Tenha uma reserva separada.

Não misture o Tesouro IPCA com o dinheiro que pode precisar em emergências. Se tiver que resgatar em um momento ruim do mercado, pode perder. Mantenha uma reserva à parte e deixe o IPCA trabalhar em paz.

Conheça mais: Como calcular corretamente a sua rentabilidade

Tesouro IPCA ou Tesouro Selic: qual o melhor?

A escolha entre Tesouro IPCA e Tesouro Selic depende muito do seu objetivo e do tempo que pretende deixar o dinheiro investido.

O Tesouro Selic é mais indicado para quem busca segurança e liquidez. Ele acompanha a taxa básica de juros da economia e tem baixa volatilidade, o que significa que você pode resgatar o valor a qualquer momento sem grandes riscos de perda. É ideal para reserva de emergência ou metas de curto prazo.

Já o Tesouro IPCA é voltado para quem quer proteger o dinheiro da inflação e garantir uma rentabilidade real no longo prazo. Ele rende o IPCA mais uma taxa fixa, o que ajuda a manter o poder de compra do seu dinheiro ao longo dos anos.

No entanto, esse título é mais sensível às oscilações do mercado, então só vale a pena se você puder esperar até o vencimento. Se vender antes, pode acabar recebendo menos do que investiu.

Diferenças entre Tesouro IPCA e CDBs

Se você está em dúvida entre investir no Tesouro IPCA ou em um CDB, a escolha vai depender do seu perfil e dos seus objetivos. O Tesouro IPCA é aquele investimento que protege seu dinheiro da inflação e ainda garante um ganho extra. Ele é emitido pelo governo, então é super seguro.

Já o CDB é oferecido pelos bancos e pode render bem, especialmente se for de uma instituição menor que paga taxas mais atrativas. Mas aí o risco é um pouco maior, embora o FGC entre em cena para proteger até R$ 250 mil por CPF.

Outra diferença está na liquidez. O Tesouro IPCA você pode vender a qualquer momento, mas se fizer isso antes do vencimento, o valor pode oscilar. Já o CDB pode ter liquidez diária ou não, depende do tipo que você escolher.

E tem mais: enquanto o Tesouro IPCA rende com base na inflação, o CDB geralmente segue o CDI, que é bem próximo da taxa Selic. Ou seja, o Tesouro IPCA é ótimo para quem quer pensar no longo prazo e manter o poder de compra, enquanto o CDB pode ser mais interessante para quem busca flexibilidade ou rentabilidade no curto prazo.

Diferenças entre Tesouro IPCA e LCIs

Se você está em dúvida entre Tesouro IPCA e LCI, vale entender que, embora os dois sejam investimentos de renda fixa, eles têm perfis bem diferentes.

O Tesouro IPCA é como um contrato com o governo: você empresta dinheiro e recebe de volta com correção pela inflação mais um juro extra. É ótimo para quem quer proteger o poder de compra no longo prazo. Já a LCI é emitida por bancos e serve para financiar o mercado imobiliário.

O atrativo aqui é que você não paga imposto de renda sobre os ganhos, o que pode deixar o rendimento mais interessante.

Na questão da segurança, o Tesouro IPCA leva vantagem por ser garantido pelo governo. A LCI também é segura, mas o limite de proteção do FGC é de R$ 250 mil por CPF.

E tem a questão da liquidez: o Tesouro IPCA você pode vender a qualquer momento, embora o valor possa variar. A LCI, na maioria dos casos, só permite resgate no vencimento. Ou seja, se você pode esperar e quer fugir do imposto, a LCI pode ser uma boa.

Mas se busca proteção contra a inflação e mais flexibilidade, o Tesouro IPCA pode ser o caminho.

Informe-se: Entenda o que é inflação e aprenda como se proteger

Quais as diferenças entre IPCA e IGP-M?

Sabe quando você escuta que o aluguel vai subir por causa do IGP-M, mas o governo está preocupado com o IPCA? Pois é, esses dois índices medem a inflação, mas cada um tem um foco diferente.

O IPCA é o que o governo usa para saber se os preços estão subindo demais para o consumidor comum. Ele olha para coisas do dia a dia, como comida, transporte, energia e educação. É mais “pé no chão”, digamos assim.

O IGP-M, por outro lado, é mais nervoso. Ele considera os preços no atacado, custos da construção e outros fatores que não afetam diretamente o consumidor, mas que mexem com o mercado como um todo. Por isso, ele sobe mais rápido em tempos de instabilidade e é usado para reajustar contratos, como aluguel e planos de saúde.

Então, se você está investindo e quer proteger seu dinheiro da inflação que realmente bate na sua porta, o IPCA é o índice mais confiável. Mas se está negociando contratos ou lidando com reajustes, o IGP-M é quem dita as regras.

Leia mais: Aula completa sobre Tesouro Direto, Renda+ e Educa+

Fontes: Santander, Bora Investir, Inter, BTG Paschoal, Toro, XPI, Suno.

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