Risco-país: o que é, como funciona e como afeta os investimentos?

Risco-país é um conceito econômico que avalia o risco de investimento em países emergentes. Saiba o que é e como afeta os investimentos.

8 de agosto de 2024 - por Sidemar Castro


O risco-país é um conceito econômico usado para avaliar o risco de investimento em países emergentes. Ele expressa a probabilidade de insolvência de um país frente aos investidores estrangeiros.

Em outras palavras, quando estrangeiros consideram investir em um país, o risco-país é um termômetro para avaliar a capacidade da nação em honrar seus compromissos financeiros e dívidas, especialmente em momentos de incerteza.

No Brasil, esse indicador orienta o mercado financeiro em relação à possibilidade de o país dar calote em seus credores. Vale ressaltar que o risco-país não deve ser confundido com o rating, que é uma avaliação específica feita por agências classificadoras de risco, indicando o grau de risco de crédito soberano de uma nação.

Saiba mais sobre o risco-país, o que é, como funciona e afeta os investimentos lendo a matéria.

O que é o risco-país?

O risco-país, também conhecido como risco-soberano, é um indicador econômico que avalia a capacidade de um país em honrar suas obrigações financeiras, especialmente em relação à sua dívida pública. Este conceito é crucial para investidores, pois fornece uma medida da confiança que mercados desenvolvidos têm em economias emergentes.

O risco-país é utilizado para orientar investidores sobre a situação financeira de um mercado emergente. Ele indica a probabilidade de um país não pagar suas dívidas, sendo essencial para a tomada de decisões de investimento. Um exemplo prático é o risco-Brasil, que mede a percepção de risco associada ao investimento no Brasil.

Cálculo do risco-país:

O cálculo do risco-país, em geral representado pelo índice EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus), considera diversos fatores, como:

  • Nível de déficit fiscal
  • Crescimento econômico
  • Relação entre arrecadação e dívida
  • Estabilidade política e social

Esses fatores ajudam a determinar a sobretaxa que os investidores exigem em relação ao rendimento dos títulos da dívida dos EUA, que são considerados os mais seguros do mundo. Por exemplo, se o risco-país do Brasil for de 200 pontos, isso significa que os investidores esperam um prêmio de 2% acima do rendimento dos títulos americanos.

Impacto Econômico

Um risco-país elevado pode levar à diminuição dos investimentos estrangeiros, resultando em custos de crédito mais altos e, potencialmente, em crises econômicas. A alta taxa de juros, resultante de um risco elevado, pode afetar negativamente a economia, aumentando o desemprego e reduzindo a renda da população.

Portanto, o risco-país é uma ferramenta vital para investidores que buscam entender os riscos associados a economias emergentes, ajudando a moldar decisões de investimento e a prever a saúde econômica de um país.

Como funciona o risco-país?

O risco-país é um indicador econômico que expressa a probabilidade de insolvência de um país em relação aos investidores estrangeiros. Em outras palavras, ele avalia a capacidade da nação de honrar seus compromissos financeiros e dívidas.

Quando estrangeiros consideram investir em um país, o risco-país é um termômetro importante para entender a segurança desse investimento, especialmente em momentos de alta incerteza.

Rating

É essencial não confundir o risco-país com o rating. Enquanto o risco-país mede a possibilidade de inadimplência, o rating é uma avaliação das agências classificadoras de risco sobre o grau de risco de crédito soberano de uma nação.

No Brasil, por exemplo, avaliações recentes da S&P Global e da Fitch classificam o país como ‘BB-‘, indicando que ainda não atingiu o grau de investimento e é considerado especulativo.

Para medir o risco-país, existem dois instrumentos principais:

  1. EMBI+Br: O Emerging Markets Bond Index Plus, calculado pelo banco J.P. Morgan Chase, é um índice ponderado composto por títulos da dívida externa de governos de países emergentes, denominados em dólar. O EMBI+Br é específico para o Brasil e reflete os prêmios pagos pelos títulos brasileiros em comparação com os papéis do Tesouro dos Estados Unidos.
  2. Credit Default Swap (CDS): Esse instrumento funciona como uma espécie de seguro. Caso um país não pague suas obrigações, o emissor do CDS faz o pagamento dessa obrigação para quem comprou o seguro. Investidores estrangeiros observam esses números para avaliar o risco de investir no Brasil.

Em resumo, o risco-país é um indicador crucial para entender a estabilidade econômica de um país e seu potencial impacto nos investimentos.

Quais são os indicadores de risco?

1) Risco-País (Sovereign Risk)

O risco-país avalia a probabilidade de insolvência de um país em relação aos investidores estrangeiros. Quanto maior o risco-país, maior a incerteza sobre a capacidade do país de honrar suas dívidas.

Instrumentos como o EMBI+Br e Credit Default Swaps (CDS) são usados para medir esse risco.

2) Rating de Crédito

As agências classificadoras atribuem notas (ratings) aos países com base em sua capacidade de pagamento de dívidas. Notas como AAA (grau de investimento) ou BB- (especulativo) indicam o risco de crédito soberano.

3) Taxa de Juros da Dívida Pública

A taxa de juros paga pelo governo em seus títulos reflete o risco percebido pelos investidores. Taxas mais altas indicam maior risco. O aumento dos juros da dívida pública afeta a economia, os investimentos e, dessa forma, o risco-país

4) Déficit Fiscal e Dívida Pública

Um alto déficit fiscal e uma dívida pública crescente podem aumentar o risco-país, pois indicam desequilíbrio nas finanças do governo. O risco-país está diretamente relacionado à saúde das contas públicas.

Um déficit fiscal persistente e uma dívida crescente podem prejudicar a confiança dos investidores e a estabilidade econômica.

5) Instabilidade Política e Social

Eventos políticos, protestos e instabilidade social afetam negativamente a confiança dos investidores e aumentam o risco. A estabilidade política e social é fundamental para manter o risco-país sob controle.

Governos estáveis, políticas previsíveis e um ambiente social harmonioso são fatores que contribuem para reduzir o risco-país.

6) Volatilidade Cambial

Flutuações bruscas na taxa de câmbio podem afetar a capacidade de pagamento das dívidas em moeda estrangeira. A volatilidade cambial está intrinsecamente ligada ao risco-país, pois afeta a inflação, a competitividade das empresas e a estabilidade econômica.

É essencial que os formuladores de políticas e os investidores considerem esses fatores ao avaliar o ambiente econômico de um país

7) Setor Bancário e Financeiro

Problemas no sistema bancário e crises financeiras aumentam o risco-país. A saúde do setor bancário e financeiro é crucial para manter o risco-país sob controle.

Quando esses setores enfrentam problemas, os investidores ficam mais cautelosos, o que pode afetar negativamente a percepção de risco do país.

Lembrando que esses indicadores são interligados e influenciam a percepção dos investidores sobre a solidez econômica de um país.

Como o risco-país afeta os investimentos?

O risco-país é um indicador que mede a percepção dos investidores internacionais sobre a capacidade de um país honrar suas dívidas e manter a estabilidade econômica. Ele é influenciado por diversos fatores, como a situação política, a dívida pública, a inflação, o crescimento econômico e a taxa de câmbio.

Quanto maior o risco-país, menor o apetite dos investidores estrangeiros por ativos daquele país. Isso ocorre porque há uma maior percepção de que o investimento pode não ser recuperado ou que o retorno será menor do que o esperado.

Empresas e o próprio governo de um país com alto risco-país pagam taxas de juros mais elevadas para captar recursos no mercado internacional. Isso ocorre porque os investidores exigem uma remuneração maior para compensar o risco adicional.

Um aumento no risco-país tende a gerar uma saída de capital do país, o que pode levar à desvalorização da moeda local, à elevação da inflação e ao aumento das taxas de juros. O risco-país é um termômetro da confiança dos investidores no país. Quando o indicador aumenta, a confiança diminui, o que dificulta a atração de novos investimentos.

O risco-país desestimula investimentos estrangeiros, aumenta o custo de captação de recursos, gera instabilidade econômica e reduz a confiança dos investidores. O baixo risco-país atrai investimentos estrangeiros, reduz o custo de captação de recursos, promove a estabilidade econômica e aumenta a confiança dos investidores.

Como o risco-país afeta a economia?

O risco-país tem um impacto significativo na economia de uma nação, influenciando diversos aspectos financeiros e sociais.

Um dos principais efeitos é a fuga de capitais. Um aumento no risco-país geralmente resulta na saída de investimentos estrangeiros. Fundos de investimento tendem a evitar países com altos riscos, o que reduz a disponibilidade de capital para a economia local. Isso pode levar a uma diminuição nos investimentos em infraestrutura e em setores produtivos, resultando em menor crescimento econômico e geração de empregos.

Outro é o custo de capital. Com um risco-país elevado, o governo e as empresas enfrentam dificuldades para obter empréstimos, pois os credores exigem juros mais altos para compensar o risco adicional. Portanto, isso eleva o custo do crédito, tornando mais caro para empresas e consumidores financiar projetos e compras, o que pode desacelerar o crescimento econômico.

O aumento do risco-país geralmente leva a um aumento nas taxas de juros, tanto para empréstimos governamentais quanto para financiamentos privados. Isso não apenas encarece o crédito, mas também pode contribuir para um cenário de inflação elevada, já que o custo de vida aumenta devido aos juros mais altos.

A desvalorização da moeda é outro efeito. A fuga de capitais e a diminuição da confiança dos investidores podem resultar em uma desvalorização da moeda local. Isso ocorre porque a menor demanda por ativos denominados na moeda nacional leva a uma queda em seu valor em relação a outras moedas, impactando negativamente o poder de compra da população.

Tudo isso tem um enorme impacto social. A combinação de menos investimentos, aumento do custo do capital e desvalorização da moeda pode resultar em maiores taxas de desemprego e redução da renda da população. Isso, por sua vez, afeta o consumo e pode levar a uma recessão econômica.

Fontes: Brasil Escola, Bora Investir, Empiricus, Genial, CNN Brasil, Nomad Global

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