23 de abril de 2025 - por Sidemar Castro
David Swensen foi o diretor de investimentos da Universidade de Yale, onde teve a responsabilidade direta pela gestão dos fundos e ativos da instituição, que ultrapassavam os 25 bilhões de dólares.
Reconhecido como um dos criadores do renomado Modelo de Yale, Swensen influenciou profundamente o mercado financeiro com essa metodologia de alocação de ativos voltada para o investimento institucional de longo prazo.
Leia a biografia de David Swensen no texto a seguir.
Biografia de David Swensen
Nascimento e educação de David Swensen
David Swensen nasceu em 26 de janeiro de 1954, em Ames, Iowa, e cresceu em River Falls, Wisconsin. uma pequena cidade no meio-oeste dos Estados Unidos, onde seu pai era professor de química e reitor universitário. Desde cedo, Swensen demonstrou uma inclinação para o aprendizado e a análise, características que mais tarde se tornariam essenciais para sua revolucionária abordagem de investimentos.
O caminho acadêmico de David Swensen foi marcado por excelência e dedicação. Ele iniciou seus estudos superiores na Universidade de Wisconsin-River Falls, a cidade em que vivia. Contudo, foi na Universidade de Wisconsin-Madison, em Madison, no Wisconsin, que ele consolidou sua formação em economia, recebendo seu diploma de bacharel.
Com um talento nato para números e uma paixão pelo funcionamento dos mercados, Swensen prosseguiu sua trajetória acadêmica na renomada Universidade Yale. Lá, ele concluiu seu doutorado em economia, aprofundando-se em estudos sobre finanças e mercados de capitais. Assim, durante seu doutorado, ele desenvolveu uma pesquisa voltada para a análise de títulos corporativos, tema que resultou em um artigo relevante sobre modelos de avaliação desses ativos.
Vida pessoal de David Swensen
Swensen morava em Westville, Connecticut, durante sua carreira em Yale, onde também era muito ligado à comunidade universitária. Além disso, ele era casado com Meghan McMahon e teve três filhos biológicos e dois enteados. Sua família e amigos destacavam sua dedicação como pai presente, participando ativamente das práticas esportivas, jogos e momentos familiares, mesmo com sua intensa carreira profissional.
Além de seu amor pela família, Swensen era um entusiasta do esporte, especialmente fã dos Green Bay Packers, seu time de futebol americano de Wisconsin, e um ávido jogador de tênis. Sendo assim, ele organizava eventos beneficentes ligados ao esporte, como o “Swensen Tennis Extravaganza”, que arrecadava fundos para a comunidade de Yale.
David Swensen enfrentou uma longa batalha contra um câncer renal, diagnosticado em 2012, e faleceu em maio de 2021 no Yale New Haven Hospital, aos 67 anos. Mesmo diante da doença, ele manteve uma postura corajosa, generosa e com bom humor, conforme lembranças de sua esposa e pessoas próximas.
Alguns ex-alunos de Yale organizaram uma campanha para nomear uma das duas novas faculdades residenciais em homenagem a Swensen; no entanto, as duas faculdades residenciais acabaram sendo nomeadas em homenagem a Benjamin Franklin e Pauli Murray. Em 2023, entretanto, a Escola de Administração de Yale anunciou a criação do Swensen Asset Management Institute.
Trajetória e carreira de David Swensen
Irmãos Salomão
Em 1980, seguindo seu interesse acadêmico na avaliação de títulos corporativos, David Swensen entrou para o Salomon Brothers. A sugestão partiu de Gene Dattel, um banqueiro de investimentos da empresa e ex-aluno de Yale, que ficou profundamente impressionado com Swensen.
No ano seguinte, em 1981, ele trabalhou como associado na área de finanças corporativas e participou da estruturação do primeiro acordo de swap cambial do mundo. Esse acordo, firmado entre a IBM e o Banco Mundial, permitiu à IBM se proteger contra a exposição ao franco suíço e ao marco alemão, enquanto o Banco Mundial passou a oferecer empréstimos de forma mais eficiente nessas moedas.
Lehman Brothers
Antes de assumir o cargo em Yale, em 1985, Swensen passou três anos em Wall Street como vice-presidente sênior da Lehman Brothers. Lá, ele se especializou nas operações de swap da empresa e concentrou seus esforços no desenvolvimento de novos produtos financeiros.
Segundo o livro “When Genius Failed”, de Roger Lowenstein, foi Swensen quem arquitetou a primeira transação de swap cambial da história.
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Univerdade de Yale
Aos 31 anos, em 1985, Swensen foi convidado a gerenciar o fundo patrimonial da Universidade de Yale. A oferta partiu de William Brainard, orientador de sua tese de doutorado, recomendado por James Tobin, economista premiado com o Nobel
Swensen assumiu o cargo em 1º de abril de 1985, aceitando uma redução de 80% em seu salário. No ano seguinte, foi acompanhado por Dean Takahashi, formado em Yale, que logo se tornou seu braço direito.
Quando Swensen começou, o fundo valia cerca de US$ 1 bilhão. Em 2019, entretanto, esse valor havia saltado para US$ 29,4 bilhões.
Até 2005, o fundo gerava um retorno anual médio de 16,1%. Por isso, Swensen ficou conhecido como o “homem dos 8 bilhões de Yale”, em referência ao valor que ajudou a acumular para a universidade entre 1985 e 2005.
Segundo Richard Levin, ex-presidente de Yale, a contribuição de Swensen foi maior que a soma de todas as doações feitas à instituição ao longo de mais de duas décadas. Para Levin, portanto, o sucesso veio da “habilidade extraordinária” de Swensen em escolher os melhores gestores externos de investimento. Aliás, vários de seus ex-funcionários passaram a liderar fundos de universidades como MIT, Stanford e Princeton — todos com desempenhos igualmente impressionantes.
Em setembro de 2014, Swensen tomou a iniciativa de reduzir a exposição do fundo de Yale a empresas com grande pegada de carbono. Ele escreveu uma carta aos gestores do fundo, onde pediu que levassem em consideração os impactos climáticos de seus investimentos e evitassem empresas que não demonstrassem esforços reais para reduzir emissões. Em vez de um desinvestimento radical, Swensen optou por uma abordagem mais sutil e flexível.
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David Swensen e o Modelo de Yale
A partir de 1985, Swensen começou a orientar a estratégia de investimentos da universidade e, com base nisso, criou a filosofia que ficou conhecida como o Modelo de Yale. Também chamado de Modelo dos Fundos Patrimoniais, o método foi desenvolvido por Swensen e Takahashi e detalhado no livro “Pioneering Portfolio Management”.
O modelo propõe dividir o portfólio em cinco ou seis partes iguais, alocando cada uma em diferentes classes de ativos. Seus pilares são a diversificação ampla e a ênfase em ações e ativos com potencial de alto retorno, evitando investimentos com ganhos historicamente baixos, como renda fixa tradicional e commodities.
Uma das ideias mais inovadoras de Swensen foi enxergar a liquidez como algo negativo, já que ativos muito líquidos tendem a gerar retornos menores. Por isso, o Modelo de Yale dá preferência a investimentos menos líquidos, como private equity e venture capital, o que marca uma diferença em relação aos portfólios mais tradicionais. O modelo também depende fortemente da escolha criteriosa de gestores especializados.
Estratégia
Essa estratégia, que aloca pouco capital em ações e títulos tradicionais dos EUA, favorecendo investimentos alternativos, passou a ser adotada por grandes fundações e universidades.
Logo nos primeiros anos à frente do fundo, Swensen e Takahashi buscaram aplicações que combinassem diversificação e alta rentabilidade. Assim, eles aproveitaram características únicas de um fundo universitário, como horizonte de investimento perpétuo, isenção fiscal e uma rede influente de ex-alunos.
Desse modo, isso permitiu alocar recursos em empresas de tecnologia, fundos de hedge e de venture capital. Na época, poucos gestores operavam com esses tipos de ativos, por isso, Swensen teve que abrir caminho, literalmente criando o espaço para esses investimentos.
Em 2019, cerca de 60% da carteira do fundo de Yale estava alocada em investimentos alternativos, como fundos de hedge, venture capital e private equity.
David Swensen e a filantropia
A filantropia de Swensen se manifestou de várias formas, tanto diretamente quanto por meio do impacto financeiro que sua gestão proporcionou à Yale. Sendo assim, sob sua liderança, o patrimônio da universidade cresceu de cerca de 1 bilhão de dólares em 1985 para mais de 42 bilhões em 2021.
Desse modo, esse feito permitiu aumentar significativamente os recursos destinados ao orçamento operacional da instituição, beneficiando estudantes, professores e pesquisas. Esse crescimento tornou Yale mais acessível, especialmente para estudantes de primeira geração e de baixa renda, ampliando o alcance social da universidade.
Além disso, Swensen foi generoso pessoalmente e atuou como mentor e professor, dedicando-se a formar novos profissionais e a apoiar a comunidade acadêmica. Ele também aconselhou diversas instituições educacionais, fundações e órgãos públicos, contribuindo para o desenvolvimento financeiro de organizações além de Yale.
Sua abordagem filantrópica era marcada pelo compromisso com o serviço e a missão institucional, buscando equilibrar as necessidades presentes com a sustentabilidade futura dos recursos.
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Legado de David Swensen
David Swensen recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, em reconhecimento à sua excelência na gestão e estratégia de investimentos do fundo patrimonial de Yale.
Em 2012, ele foi homenageado com a Yale Medal, concedida por seu “serviço individual excepcional à Universidade”. Já em 2008, foi eleito membro da American Academy of Arts & Sciences, uma das instituições acadêmicas mais prestigiadas dos Estados Unidos.
No ano anterior, em 2007, recebeu a Mory’s Cup por seu “serviço notável a Yale” e também foi agraciado com a Hopkins Medal, reconhecendo seu compromisso, dedicação e lealdade à Hopkins School, onde estudou.
Ademais, em 2004, foi vencedor do Institutional Investor Award for Excellence in Investment Management, prêmio que celebra os profissionais mais influentes da área de gestão de investimentos.
Além disso, em 2008, Swensen foi incluído no Hall da Fama dos Gestores de Hedge Funds da Institutional Investor’s Alpha. Assim, ele dividiu esse reconhecimento com alguns dos nomes mais renomados do setor, como Alfred Jones, George Soros, James Simons, Paul Tudor Jones, Kenneth Griffin, Julian Robertson, Seth Klarman, e Steven A. Cohen, entre outros.
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Fontes: Suno, Mais Retorno e Brazil Journal.