Mercado de Capitais: o que é e como funciona?

O mercado de capitais é o ambiente onde se compra e vende ativos financeiros. É um intermediador entre investidores e capital. Saiba como.

16 de outubro de 2020 - por Sidemar Castro


O mercado de capitais é um sistema financeiro que permite a captação de recursos para empresas e governos através da emissão de títulos, como ações e debêntures. Nesse mercado, os investidores compram títulos com o objetivo de obter lucros a partir dos juros ou da valorização desses ativos.

Além disso, as empresas e governos podem utilizar os recursos captados no mercado de capitais para financiar seus projetos e atividades. O mercado de capitais é regulamentado por órgãos financeiros, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para garantir a proteção dos investidores.

Ele é fundamental para o desenvolvimento econômico, pois ajuda a alocar recursos de forma mais eficiente.

O que é mercado de capitais?

O mercado de capitais é o ambiente onde se negocia (compra e vende) ativos financeiros. É, portanto, uma espécie de intermediador, conectando quem precisa captar recursos com quem tem capital sobrando e deseja investi-lo.

Ele é um conjunto de instituições, agentes econômicos e instrumentos legais dedicados à distribuição de valores mobiliários que viabiliza, por exemplo, a emissão de ações e debêntures pelas empresas, possibilitando a realização de investimentos e a otimização da prestação de serviços ou do processo produtivo.

O funcionamento do mercado de capitais se dá principalmente pelo mercado primário e pelo secundário:

  • Mercado primário: é o ambiente onde as empresas de capital aberto fazem o lançamento de seus títulos — como ações, títulos de dívida ou do Tesouro Direto — pela primeira vez no mercado (processo, aliás, chamado de Oferta Pública Inicial). Nesta etapa, a negociação acontece de forma direta entre organizações e investidores.
  • Mercado secundário: aqui, a negociação de títulos ocorre unicamente entre investidores — aqueles que compraram os ativos no mercado primário e agora desejam passá-los adiante.

Para funcionar de forma adequada, o mercado de capitais conta com estas partes integrando a sua estrutura: empresas, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Bolsa de Valores, Corretoras, bancos e demais instituições financeiras.

Como ele funciona?

O mercado de capitais funciona por meio da B3, das instituições financeiras e corretoras. Dessa forma, ele funciona como um sistema onde os investidores e as empresas podem negociar ativos.

Ocorre a negociação de vários tipos de ativos neste mercado. Exemplos disso são os títulos de dívida como as debêntures e as letras financeiras. Também ocorre a negociação de ações, moedas, commodities e derivados.

Aqui está uma visão geral de como ele funciona:

  • Emissão de títulos: As empresas ou governos que precisam de recursos para financiar seus projetos emitem títulos no mercado primário. Esses títulos podem ser ações (representando uma participação na empresa) ou títulos de dívida (representando um empréstimo ao emissor). A emissão desses títulos é muitas vezes facilitada por bancos de investimento.
  • Compra de títulos: Os investidores compram esses títulos com a expectativa de obter um retorno sobre seu investimento. Isso pode vir na forma de dividendos (para ações) ou pagamentos de juros (para títulos de dívida).
  • Negociação de títulos: Após a emissão inicial, os títulos são negociados no mercado secundário. Isso permite que os investidores comprem e vendam títulos entre si. A negociação é facilitada por corretoras e ocorre em bolsas de valores.
  • Regulação: O mercado de capitais é regulado por entidades governamentais para garantir que ele funcione de maneira justa e transparente. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é a entidade responsável por regular o mercado de capitais.
  • Retorno do investimento: Se o projeto financiado pelos títulos emitidos for bem-sucedido, os investidores receberão um retorno sobre seu investimento na forma de dividendos ou pagamentos de juros. Se o projeto não for bem-sucedido, os investidores podem perder parte ou todo o seu investimento.

Lembre-se de que investir no mercado de capitais envolve riscos, e é importante fazer sua própria pesquisa e considerar procurar o conselho de um consultor financeiro antes de fazer qualquer investimento.

Como é a classificação do mercado de capitais?

Mercado à vista

O mercado à vista é onde ocorrem as operações de compra e venda de ações aos preços determinados através da oferta e demanda do momento. Assim como no mercado de bens e serviços, no universo financeiro é possível adquirir ativos sem pagar e/ou receber a prazo através do mercado à vista.

No mercado à vista, o que determina o preço de uma ação é justamente a quantidade de ativos ofertados e a demanda existente dos investidores. Através dessa dinâmica de mercado, o preço de equilíbrio do mercado à vista na bolsa de valores é determinado.

Ao ir às compras, normalmente, o consumidor se depara com dois tipos de possibilidade de pagamento para os bens que deseja comprar: à vista ou à prazo. Caso o consumidor decida dividir a compra no seu cartão de crédito, o pagamento à prazo será realizado. No entanto, existe a opção de quitar o valor do bem no seu momento da compra, através do pagamento à vista.

O mercado à vista na B3 (Bolsa de Valores do Brasil) funciona de forma muito similar. Contudo, é necessário aguardar a liquidação e custódia da ação, para que o investidor a tenha em sua carteira de investimento. Normalmente esse processo tem uma duração D+2. Ou seja, após 2 dias do envio da ordem de compra ou venda do ativo a operação é completamente realizada.

Mesmo com esse pequeno prazo, é possível considerar a operação à vista, já que o pago é o preço corrente do mercado.

Mercado futuro

O mercado futuro é um ambiente onde são negociados contratos futuros, que são um tipo de derivativo. Em termos simples, os contratos futuros representam o compromisso de comprar ou vender uma certa quantidade de um determinado bem em uma data futura e por um preço pré-definido.

O bem envolvido nesse compromisso, também chamado de ativo subjacente, pode ser tanto uma mercadoria quanto um ativo financeiro. Por exemplo, os contratos futuros de soja negociados na B3. Quem opera um deles, no fundo, está negociando o direito de comprar ou de vender o equivalente a 450 sacas de 60 kg de soja.

Todos os contratos futuros precisam seguir um determinado padrão, de modo que todos os investidores tenham a certeza de que estão negociando exatamente a mesma coisa e nas mesmas condições. Isso permite que eles sejam negociados na bolsa de valores.

Os contratos futuros são importantes principalmente porque protegem empresas e investidores das oscilações de preço e da demanda para produtos como commodities, índices, dólar, entre outros. Dessa forma, em vez de comprar e vender ativos, como ações ou dólar, no mercado à vista, você negocia contratos futuros, que serão realizados em data futura, conforme as condições do mercado daquele momento.

Assim, dependendo dos resultados diários do período entre a negociação do contrato e seu vencimento, você pode obter lucro ou prejuízo na operação. Operar com contratos de mercado futuro pode minimizar os riscos ou maximizar os lucros.

Mercado de opções

No mercado de opções,  são negociados contratos que dão ao titular o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender um determinado ativo por um valor determinado em uma data específica do futuro. É um tipo de derivativo, pois o preço de uma opção “deriva” do preço do ativo a que ela está atrelada.

As opções podem ser utilizadas para diversos fins, como proteger os investimentos, especular em busca de ganhos no curto prazo, buscar ganhos rápidos, alavancagem, e operações estruturadas. Dependendo do seu objetivo, você utilizará uma estratégia diferente com as opções.

Existem opções sobre diversos tipos de ativos. No Brasil, o mercado mais volumoso e conhecido é o de opções de ações, negociadas na B3. Mas também existem opções sobre moedas, sobre contratos futuros de juros, entre outras.

Os principais participantes desse mercado são:

  • Titular: É quem compra a opção e tem o direito de comprar ou vender o ativo-objeto.
  • Lançador: Já o lançador é que vende a opção para o titular, dando a ele o direito de comprar ou vender o ativo-objeto da opção, e em troca assume a obrigação de comprar ou vender o ativo-objeto.

Mercado a termo

O mercado a termo é um ambiente de negociação onde se realizam negociações de contratos a termo, definido por operações que envolvem duas partes para comprar ou vender um ativo em uma data futura por um preço pré-estabelecido.

Nesse tipo de mercado, o comprador e o vendedor assumem um compromisso de longo prazo. O vendedor se compromete a pagar o valor da ação mais juros, em data futura fixada. É importante ressaltar que o mercado a termo é uma operação de risco, adequada para perfis moderados e arrojados.

O mercado a termo é usado principalmente para negociação em moedas estrangeiras, onde os contratos são usados ​​para proteger contra o risco cambial. As commodities também são negociadas em mercados a termo.

Mercado de derivativos

Os derivativos são instrumentos financeiros cujos preços estão vinculados a outro instrumento que lhes serve de referência. Eles são ativos que estão vinculados a outros ativos, como ações, índices, dólar, petróleo, café e soja. Isso significa que eles não possuem um valor intrínseco, pois o seu preço depende do valor base do ativo de referência.

Os derivativos são um tipo de contrato financeiro entre duas partes. Nele, os investidores acordam condições prévias referentes a preço e quantidade de compra ou venda de um ativo e determinam um prazo futuro para que os termos sejam executados. Sendo assim, quando um investidor adquire derivativos de ações, por exemplo, ele não está comprando a ação em si. O que ele compra é um “documento” com o valor da ação acordado naquele momento.

O mercado de derivativos surgiu por conta das relações comerciais de produtos agrícolas, cujos preços flutuavam bastante. Atualmente, todas as negociações dos derivativos são feitas por meio de contratos bem definidos e com regras para liquidação, e funcionam atrelados à bolsa de valores, possuindo dois objetivos principais:

  • Proteger financeiramente empresas ou investidores;
  • Movimentar os preços por meio de especulação e alavancagem, o que pode gerar altos lucros para pessoas experientes.

O mercado de derivativos é segmentado em: mercado a termo, mercado futuro, mercado de opções e mercado de swaps. Cada um desses possui regramento e funcionamento próprios. Dado as diferenças entre os contratos, é preciso que o investidor tenha o domínio sobre eles para que seja capaz de adequar essas aplicações às suas estratégias.

Qual é a estrutura do mercado de capitais?

Bolsa de Valores

A Bolsa de Valores é o local onde a maior parte dos ativos do mercado de capitais são negociados. No Brasil, a principal bolsa de valores é a B3.

A Bolsa de Valores fornece um ambiente transparente e regulamentado para a negociação de uma variedade de ativos, permitindo que investidores comprem e vendam esses ativos em busca de rentabilidade.

Instituições Financeiras

As instituições financeiras desempenham um papel crucial no mercado de capitais. Elas atuam como intermediárias na emissão e negociação de ativos financeiros.

Bancos e outras instituições financeiras ajudam a viabilizar as operações do mercado de capitais. Eles podem atuar como intermediários, facilitando a emissão e negociação de ativos financeiros.

Sociedades Corretoras e Distribuidoras

As sociedades corretoras e distribuidoras são instituições financeiras que atuam no mercado de capitais como intermediários entre compradores e vendedores de títulos. Elas desenvolvem suas atividades por meio da disponibilização de plataformas digitais, consultoria financeira, financiamento para compra de ações, administração e custódia dos valores mobiliários.

As corretoras e as distribuidoras devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada.

O que é uma ação no mercado de capitais?

Uma ação no mercado de capitais é uma pequena fração do capital social de uma empresa. Quando você compra uma ação, você está comprando uma pequena parte dessa empresa. Isso significa que você se torna um acionista da empresa.

As ações são negociadas na Bolsa de Valores. O retorno do investimento em ações pode vir de várias formas, dependendo do volume de papéis, do tipo de ação e do desempenho dos ativos. Esse retorno pode vir na forma de dividendos (lucros distribuídos aos acionistas) ou na valorização do preço da ação no mercado.

A valorização ou desvalorização de uma ação pode ser influenciada por vários fatores, como o desempenho da empresa, a situação macroeconômica, notícias relevantes para o setor, entre outros. Portanto, o investimento em ações pode trazer lucro ou prejuízo ao seu titular.

Lembre-se de que investir em ações envolve riscos, e é importante fazer sua própria pesquisa e considerar procurar o conselho de um consultor financeiro antes de fazer qualquer investimento.

Quais são os ativos negociados no mercado de capitais?

Renda variável

Os ativos negociados no mercado de capitais podem ser classificados em duas categorias principais: renda fixa e renda variável.

Renda Fixa

Os ativos de renda fixa são aqueles cujos rendimentos são informados ao investidor no momento da aplicação. Alguns exemplos de ativos de renda fixa negociados no mercado de capitais incluem:

  • Títulos públicos: São ativos emitidos pelo governo federal para financiar a dívida pública e atividades do Governo, como projetos de infraestrutura, educação e muitos outros. Eles são vendidos por meio do Tesouro Direto e podem ser comprados por qualquer investidor.
  • Títulos privados de renda fixa: Incluem CDBs, LCIs/LCAs e Letras de Crédito (LC).
  • CRIs e CRAs.

Renda Variável

Os ativos de renda variável são marcados por uma maior volatilidade e imprevisibilidade. Alguns exemplos de ativos de renda variável negociados no mercado de capitais incluem:

  • Ações: São pequenas parcelas de uma empresa de capital aberto negociadas no mercado. Ao adquirir uma ação, o investidor se torna sócio da empresa.
  • Fundos imobiliários: São papéis que representam uma parcela de algum empreendimento imobiliário.
  • Fundos de investimentos: Esses fundos reúnem diversos investidores, cujos recursos são destinados a investimentos no mercado financeiro.

.Leia mais: Agora que você sabe como funciona o mercado de capitais, aproveite para descobrir como funciona o mercado de ações.

GDR: o que são e como funcionam os Global Depositary Receipts?

Sociedade de Crédito Direto (SCD): o que é e como funciona?

IPI: o que é, como funciona e quando este imposto é cobrado?

Método de equivalência patrimonial: o que é e como funciona?