Como analisar uma ação? Quais indicadores usar e como investir

14 de julho de 2021, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 12 min, 1 seg


Saber como analisar uma ação é fundamental para as pessoas que pretendem construir uma carteira de investimentos a longo prazo.

Existem duas formas principais de analisar uma ação: a análise técnica e a fundamentalista. A técnica é a análise que considera gráficos e variações dos preços dos ativos. Ela é utilizada principalmente por especuladores e traders.

Por outro lado, a análise fundamentalista é a mais completa e recomendada para os investidores de longo prazo. Isso porque ela verifica a saúde financeira do negócio, atuação da empresa e as perspectivas de crescimento futuro.

Como analisar uma ação?

Ao investir na bolsa de valores, o mais recomendado é focar no longo prazo. Sendo assim, é muito importante que o investidor analise corretamente uma ação antes de investir nela. Em outras palavras, se a intenção é permanecer com a ação por muitos anos, então é fundamental que ela seja de qualidade.

Desse modo, ao analisar uma ação é possível reduzir os riscos ao investir e potencializar as chances de obter os resultados almejados. Existem duas formas principais de analisar uma ação, por meio da análise fundamentalista e da análise técnica.

Como analisar uma ação? Quais indicadores usar e como investir

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1- Análise técnica

A análise técnica não é a mais recomendada para as pessoas que desejam construir um patrimônio a longo prazo. Isso porque, esse tipo de análise considera apenas as variações de preços com base na oferta e demanda de ativos.

Ou seja, não é considerado a atuação da empresa em si, mas somente as oscilações das cotações, que por sua vez são determinadas de acordo com as expectativas dos investidores no curto prazo.

Essa análise é usada sobretudo por especuladores e traders, já que eles não se importam com a qualidade das ações, apenas com a possibilidade de ganhar muito dinheiro em pouco tempo. Lembrando que essa abordagem não é recomendada e na maioria das vezes resulta em prejuízos.

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2- Análise fundamentalista

Essa é a análise mais utilizada pelos investidores que desejam construir um patrimônio a longo prazo, já que por meio dela é possível analisar a saúde financeira do negócio, atuação da empresa e potencial de crescimento futuro.

Portanto, através dessa análise de ações, verifica-se dados financeiros como, por exemplo, balanço patrimonial, demonstração de resultados e lucro semestral. Além disso, é considerado aspectos mais subjetivos como diretrizes estratégias do negócio e a qualidade dos produtos e serviços oferecidos pela companhia.

Enfim, para fazer essa análise são utilizados diversos indicadores, e são eles que iremos te ensinar a usar neste texto. Em síntese, os principais pontos abordados na análise fundamentalista são:

1- Macroeconomia: O objetivo da análise macroeconômica é estabelecer os possíveis cenários que determinado mercado pode passar nos próximos anos.

Dessa forma, é analisada a conjuntura econômica, as perspectivas e os cenários futuros em vários setores. Na macroeconomia também é preciso estudar pontos como taxa de juros, inflação, nível de atividade e taxa de câmbio.

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2- Qualitativa: Na análise qualitativa são levados em consideração aspectos como governança corporativa, a qualificação dos gestores e o histórico de resultados da companhia.

3- Quantitativa: A intenção da análise quantitativa é verificar o resultado financeiro da empresa para apontar como está a saúde financeira do negócio. Dessa maneira, são considerados aspectos como rentabilidade, endividamentos e margens operacionais. 

4- Valuation: Para finalizar, a análise de valuation serve para estabelecer a relação entre o preço e o valor de negociação de uma companhia. Essa é uma análise bastante subjetiva, o que faz com que investidores encontrem resultados diferentes ao analisar a mesma ação.

Indicadores para analisar uma ação

Os indicadores fundamentalistas são muito importantes ao analisar uma ação. Isso porque, por meio deles, é possível verificar os diversos aspectos de uma empresa, desde a sua saúde financeira, até a qualidade da gestão do negócio. Nesse sentido, o objetivo ao usar os indicadores fundamentalistas é analisar aspectos como:

Como analisar uma ação? Quais indicadores usar e como investir

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  • Receitas, despesas e investimentos;
  • Gestão;
  • Modelo de negócio;
  • Concorrência;
  • Geração de caixa;
  • Crescimento;
  • Indústria em que a empresa está inserida.

É importante destacar que os indicadores fundamentalistas devem ser usados em conjunto. Ou seja, não adianta nada você considerar somente o preço sobre lucro, por exemplo.

Acontece que sozinhos os indicadores podem induzir o investidor ao erro. Por isso, não deixe de considerar o máximo de indicadores possível ao analisar uma ação. Enfim, alguns indicadores fundamentalistas que você pode usar são:

1- Valor de mercado

Esse indicador é usado para estabelecer o quanto uma empresa vale. O seu cálculo é: Valor de mercado = Valor de uma ação x Número de ações emitidas. Como não existe um resultado ideal, é interessante comparar o valor de mercado de uma empresa com o valor de mercado de outras companhias que sejam do mesmo setor.

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Esse indicador geralmente é usado como uma espécie de filtro para os investidores que desejam investir em empresas com um tamanho mínimo. Um detalhe importante é que este indicador não considera as dívidas da companhia. Isso significa que se ele for usado isoladamente, não é possível identificar o risco financeiro do negócio.

2- Liquidez corrente e seca

A liquidez corrente é usada na análise de ações para verificar qual a capacidade da companhia em cumprir as obrigações de curto prazo. O cálculo é o seguinte: Liquidez corrente = Ativo Circulante / Passivo circulante. Sendo que, o ativo circulante são os direitos de curto prazo que a empresa possui, como por exemplo, dinheiro em caixa e estoque.

Em contrapartida, o passivo circulante são as dívidas de curto prazo, como impostos e empréstimos. O resultado do cálculo ideal depende do segmento da empresa, mas no geral é interessante que o valor seja maior do que 1. Contudo, o mais recomendado é comparar o índice de liquidez corrente da empresa analisada com as suas concorrentes.

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Por fim, a liquidez seca é bem parecida com a liquidez corrente, porém, sem o estoque. O estoque é subtraído pois nem todas as empresas conseguem vender os estoques para honrar com as obrigações de curto prazo.

Em determinadas situações, como por exemplo, ao analisar uma ação do varejo, a liquidez seca é mais interessante do que a corrente. Sendo que a liquidez acima de 1 é boa e abaixo de 1 é ruim.

3- Enterprise Value (EV) para a análise de ações

Também chamado de valor do empreendimento, o Enterprise Value indica o valor teórico da empresa se ela fosse vendida. Para isso, ele leva em consideração os ativos e os passivos da companhia. O cálculo é EV= Valor de mercado da empresa + Dívida líquida – Caixa e equivalentes.

 É possível chegar ao EV também através da multiplicação do preço da ação pelo número total de ações circulantes. Assim como o valor de mercado, esse indicador pode ser usado como filtro do valor da empresa e como critério de comparação entre companhias da mesma indústria.

4- Preço/Lucro (P/L)

O P/L é um dos indicadores mais utilizados na análise de ações. Ele é tão usado pois serve para indicar o quanto o mercado está disposto a pagar pelos lucros da empresa. Dessa forma, ele é usado para apontar se uma ação está barata ou cara.

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O cálculo é: P/L = Preço da ação / Lucro da empresa nos últimos 12 meses. Não existe um resultado ideal para esse cálculo. Entretanto, quanto maior for o resultado, mais o mercado está disposto a pagar pelos lucros da organização. Isto é, as ações estão mais caras.

Em contrapartida, o P/L baixo é um indicativo de que as ações estão mais baratas. É preciso tomar muito cuidado ao usar o P/L pois ele não indica o motivo das ações estarem caras ou baratas. Logo, uma ação pode estar cara pois o mercado possui grandes expectativas sobre o negócio.

Em contrapartida, as ações podem estar baratas por diversos motivos, como por exemplo, problemas financeiros da empresa. Por isso, é essencial usar o P/L junto com outros indicadores e como critério de comparação entre empresas do mesmo setor.

5- P/VPA

O P/VPA é o indicador usado na análise de ações para verificar o quanto o mercado está disposto a pagar pelo patrimônio líquido da empresa. Desse modo, ele informa o (P) Preço pago no mercado pela ação, dividido pelo (VPA) Valor Patrimonial Individual de Ação. O cálculo é: P/VPA = Preço da ação / Valor Patrimonial da empresa.

Como analisar uma ação? Quais indicadores usar e como investir

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Normalmente, um P/VPA é sinal de que as ações estão sendo negociadas por um preço acima do patrimônio líquido do negócio. Já um P/VPA baixo indica que o preço da ação está abaixo do valor patrimonial.

Ao mesmo tempo em que um P/VPA baixo pode indicar uma oportunidade de investimento, ele também pode ser um indicativo de que a empresa não está entregando valor e não possui perspectiva futura.

6- ROE

O Return On Equity (ROE), é usado para indicar o retorno sobre o investimento realizado pelos acionistas. Ele serve também para apontar a capacidade que a empresa possui de agregar valor a ela mesma através dos seus próprios recursos.

Ou seja, o ROE serve tanto para indicar a rentabilidade do ativo, quanto para verificar a eficiência da gestão. Para calcular basta dividir o lucro líquido da companhia pelo patrimônio líquido. Existe também o ROIC (Return On Investment Capital) ou Retorno Sobre o Capital Total Investido.

A diferença entre o ROIC e o ROE, é que o ROE leva em consideração o retorno aos acionistas, ao passo em que o ROIC considera também o capital de terceiros. Esse indicador é usado para verificar o quanto a empresa consegue gerar com o seu capital total e o seu cálculo é feito por meio da divisão do NOPAT (EBIT – imposto de renda) pelo capital total investido.

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7- DY na análise de ações

O Dividend Yield (DY) é um indicador da distribuição de proventos. Nesse sentido, as empresas com maiores DY foram as que mais distribuíram proventos.

Esse indicador é usado sobretudo pelos investidores que montam carteiras com foco no recebimento de dividendos. Vale destacar que o DY aponta a distribuição de proventos passados, o que não garante a distribuição futura. 

8- Margem líquida

A margem líquida indica qual a lucratividade da empresa, tendo como base o lucro líquido. Basicamente, ela representa a porcentagem de lucros que a companhia obteve em relação às suas receitas. Para estabelecer a margem líquida de um negócio, basta dividir o lucro líquido pela receita líquida do período considerado.

9- Dívida Líquida/EBITDA

A dívida líquida é a soma do volume de empréstimos e financiamentos menos o caixa e demais equivalentes de caixa. Em contrapartida, o EBITDA indica a geração de caixa da companhia.

Dessa maneira, a Dívida Líquida/EBITDA serve como um indicador da alavancagem da empresa e quanto tempo seria necessário para pagar a dívida líquida utilizando a sua geração de caixa.

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10- CAPEX/Depreciação e CAGR

O CAPEX é o capital expenditure, isto é o investimento para compra de bens de capital. O interessante é que a empresa realize um investimento nela mesma maior do que a depreciação dos bens e capital comprados com o investimento.

Logo, quando o CAPEX é dividido pela depreciação, o valor deve ser maior do que 1. Caso o resultado seja menor, significa que a empresa está investindo menos do que o crescimento da depreciação. 

Já o CAGR (Compound Annual Growth Rate) indica a taxa composta anual de crescimento. Ele não representa um retorno real, mas sim um número fictício que estima qual seria o crescimento se ele fosse constante.

11- Informações da empresa para a análise de ações

As informações sobre a empresa não são indicadores de fato. No entanto, essas informações são importantes para analisar a saúde financeira do negócio, a qualidade da gestão e as perspectivas futuras do negócio.

Sendo assim, algumas informações que o investidor deve analisar são: balanço patrimonial, Demonstrativo de Resultado de Exercício (DRE) e o Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC).

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Além disso, vale a pena considerar alguns fatores como por exemplo o planejamento estratégico do negócio, a capacidade dos gestores, a cultura de inovação, o investimento em tecnologia e o capital intelectual.

Como investir em ações?

O primeiro passo da investir em ações é conhecer o seu perfil de investidor. Apesar das ações serem consideradas como ativos de risco, o nível de risco varia bastante. Depois disso, é preciso fazer uma análise de ações e escolher aquelas com bons fundamentos e que se encaixe no seu perfil de investidor.

O próximo passo é abrir sua conta na iSaEx e fazer uma transferência. Por fim, basta informar as ações e a quantidade desejada e investir. Para saber mais detalhes de como investir, veja o vídeo de Raul Sena, o Investidor Sardinha:

Agora que você conhece os principais indicadores da análise fundamentalista, não deixe de conhecer mais sobre eles, leia: Indicadores fundamentalistas – Pra que servem e lista dos 12 principais

Fontes: Btg pactual digital, Riconnect, Suno e Guia do investidor

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