Finanças corporativas: o que é, como gerir e como usá-las?

Finanças corporativas referem-se às decisões estratégicas e operacionais relacionadas às finanças de uma empresa. Veja como gerir e usá-las.

27 de maio de 2024 - por Sidemar Castro


As finanças corporativas referem-se à gestão financeira de um negócio, envolvendo a administração dos recursos financeiros, a detecção de problemas e a tomada de decisões relacionadas a investimentos, financiamentos, dividendos e custos.

Em síntese, as finanças corporativas são responsáveis por gerenciar o dinheiro da empresa com o objetivo de aumentar seu valor monetário, exigindo um trabalho sério e a tomada de decisões estratégicas para manter as finanças equilibradas e aumentar a competitividade da empresa.

O que são as finanças corporativas?

Por definição, as finanças corporativas envolvem todas as decisões financeiras tomadas pelas empresas, bem como as ferramentas e análises utilizadas para tomar essas decisões. Elas abrangem desde grandes investimentos até o controle das contas a serem pagas e são essenciais para a criação de valor aos acionistas no longo prazo.

O principal objetivo é maximizar a saúde financeira da empresa e administrar os riscos financeiros. Para garantir o crescimento do negócio, as finanças corporativas utilizam uma série de ferramentas, análises e estratégias específicas.

O planejamento estratégico envolve definir a melhor estratégia para que a organização alcance seus objetivos. Isso inclui avaliar caminhos para o crescimento e a rentabilidade, estabelecer metas claras e mapear as etapas do processo.

Acompanhar a rentabilidade dos serviços ou produtos, eliminando ou reformulando aqueles que não estão gerando o lucro esperado. Separar as contas pessoais das contas jurídicas, controlar rigorosamente o fluxo de caixa e registrar as movimentações financeiras com organização e transparência.

As finanças corporativas envolvem muito mais do que o controle de contas a pagar e a receber. Além disso, consideram fatores como financiamento de recursos, investimentos, dividendos e custos.

Como gerir as finanças corporativas?

Gerir as finanças corporativas de forma eficaz é fundamental para o sucesso e sustentabilidade de uma empresa.

Algumas práticas importantes incluem desenvolver um plano financeiro detalhado, incluindo orçamentos, projeções de fluxo de caixa e análise de cenários. Isso permite tomar decisões informadas e antecipar possíveis desafios.

Em seguida, monitorar de perto os custos e despesas da empresa, identificando oportunidades de redução e otimização. Isso ajuda a manter a rentabilidade e a saúde financeira.

Gerenciar eficientemente o capital de giro, incluindo contas a receber, estoques e contas a pagar. Tudo isso garante liquidez e evita problemas de fluxo de caixa.

Avaliar cuidadosamente potenciais investimentos, considerando fatores como retorno esperado, risco e alinhamento com a estratégia da empresa. Investir de forma prudente é essencial para o crescimento.

Determinar a melhor combinação de capital próprio e de terceiros para financiar as operações e investimentos da empresa. O que também envolve analisar o custo de capital e o nível de endividamento ideal.

Acompanhar constantemente os resultados financeiros, comparando-os com metas e orçamentos. Esse comportamento permite identificar tendências, ajustar estratégias e tomar ações corretivas quando necessário.

Finalmente, implementar essas práticas, juntamente com o uso de ferramentas e sistemas financeiros adequados, é fundamental para uma gestão financeira corporativa bem-sucedida.

Quais são os indicadores das finanças corporativas?

Os indicadores financeiros são essenciais para avaliar o desempenho de uma empresa e tomar decisões estratégicas. Aqui estão alguns dos principais indicadores das finanças corporativas, juntamente com suas explicações:

1) Margem Bruta

A margem bruta é um indicador-chave de performance que mensura o retorno percentual atingido com as vendas realizadas por uma empresa, indicando o lucro obtido a cada venda após a dedução dos custos diretos de produção ou compra de produtos.

Essa métrica é essencial para avaliar a rentabilidade do negócio, permitindo verificar se a empresa gera lucro suficiente para cobrir seus custos de produção e gerar retorno financeiro.

Caso a margem bruta indique perdas, ajustes imediatos no departamento financeiro são necessários para garantir a continuidade do negócio; por outro lado, se indicar ganhos, a empresa pode analisar oportunidades para investimentos estratégicos

2) Margem EBITDA

A Margem EBITDA é um indicador financeiro crucial que se refere à razão do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização pela receita líquida de uma empresa. Essa métrica é importante para analisar a lucratividade operacional de um negócio, fornecendo uma visão clara da rentabilidade da empresa sem considerar gastos como juros, impostos, depreciação e amortização.

Ela é calculada dividindo o lucro operacional (EBITDA) pela receita líquida e multiplicando o resultado por 100 para obter uma porcentagem. Este indicador é essencial para investidores compararem empresas do mesmo setor e identificarem oportunidades de investimento, além de auxiliar gestores a avaliar a eficiência operacional e a capacidade de geração de caixa do negócio.

3) Margem Líquida

A margem líquida é um indicador financeiro que avalia a porcentagem de lucro que uma empresa gera em relação à sua receita total, após a dedução de todos os custos de produção e despesas. Para calcular a margem líquida, é necessário dividir o lucro líquido pela receita líquida e multiplicar o resultado por 100 para obter a porcentagem.

Este indicador é crucial para avaliar a saúde financeira de um negócio, indicando se a empresa está gerando lucro de forma eficiente em relação às suas vendas. Além disso, a margem líquida é essencial para comparar o desempenho financeiro de uma empresa com seus concorrentes e para auxiliar investidores e gestores na tomada de decisões estratégicas.

4) Faturamento

O faturamento em finanças corporativas representa o volume total de capital que uma empresa obtém a partir das vendas realizadas em um determinado período. Esse valor pode ser dividido em faturamento bruto e faturamento líquido.

O faturamento bruto corresponde à quantia total recebida, calculada multiplicando o preço de venda pelo total de produtos vendidos no período. Por outro lado, o faturamento líquido é o valor restante após a dedução dos impostos, proporcionando uma visão mais precisa do desempenho financeiro da empresa.

5) Custos Fixos e Variáveis

Custos fixos são aqueles que não variam de acordo com o volume de produção ou vendas. Eles fornecem uma base de operação e permanecem relativamente constantes ao longo do tempo. Exemplos incluem aluguel, salários de funcionários administrativos, seguros e depreciação de ativos.

Já os custos variáveis são aqueles que aumentam ou diminuem proporcionalmente com o nível de atividade da empresa. Quanto maior a produção ou vendas, maiores serão esses custos. Exemplos incluem matéria-prima, mão de obra direta e despesas de envio.

6) Ticket Médio

O ticket médio é um indicador que reflete o valor médio gasto por cada cliente nas compras efetuadas em um negócio. Ele é um indicador de desempenho que mostra o quanto a equipe comercial tem conseguido fechar negócios mais vantajosos para a empresa. O ticket médio é calculado dividindo o faturamento total pelo número de vendas do período.

Esse indicador serve para entender e projetar o crescimento de um negócio, pois um ticket médio alto é sinal de uma ótima performance em vendas. Além disso, o ticket médio pode ser usado para analisar o desempenho de produtos ou serviços específicos. Ele também serve como uma bússola para entender se o caminho que leva ao domínio do mercado é certo ou não.

7) Retorno sobre o Investimento (ROI)

O Retorno sobre o Investimento (ROI) é uma métrica financeira utilizada para avaliar a eficiência de um investimento, seja ele uma campanha de marketing, uma aquisição de equipamentos ou qualquer outro tipo de investimento.

O ROI calcula a razão entre o lucro líquido de um investimento e seu custo, expressa como uma porcentagem. Isso permite avaliar se o investimento está gerando um retorno financeiro positivo ou negativo e comparar a eficiência de diferentes investimentos.

A fórmula para calcular o ROI é simples: ROI = (Receita – Custo do Investimento) / Custo do Investimento. Por exemplo, se uma empresa investiu R$ 1.000,00 em uma campanha de publicidade e gerou R$ 5.000,00 em vendas, o ROI seria de 400%, indicando que para cada real investido, a empresa obteve quatro reais de retorno.

O ROI é importante porque demonstra se os investimentos estão dando um retorno positivo ou negativo, permitindo que os gestores tomem decisões embasadas em dados. Além disso, o ROI pode ser usado para comparar a eficiência de diferentes investimentos e para avaliar a rentabilidade geral de uma empresa.

No entanto, é importante notar que o ROI tem limitações, como não incorporar os riscos associados aos investimentos e desconsiderar a depreciação da moeda ao longo do tempo. Além disso, o ROI pode ser influenciado por fatores como a inflação e as taxas de juros.

8) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é uma demonstração contábil essencial que apresenta um resumo das receitas, despesas e resultados de uma empresa em um determinado período. Ela mostra o desempenho financeiro da empresa, indicando se houve lucro ou prejuízo.

A DRE é obrigatória para a maioria das empresas, exceto Microempreendedores Individuais (MEI). Ela deve ser elaborada anualmente, seguindo o regime de competência, onde receitas e despesas são registradas no período em que ocorrem.

As principais técnicas de análise da DRE são:

  • Análise Horizontal: compara os valores ao longo de diferentes períodos
  • Análise Vertical: calcula a participação percentual de cada item em relação à receita líquida

A DRE é fundamental para avaliar a lucratividade e o desempenho financeiro da empresa, auxiliando na tomada de decisões estratégicas.

9) Grau de Endividamento

O grau de endividamento é um indicador financeiro que mede a proporção dos recursos de uma empresa provenientes de fontes de financiamento de terceiros em relação ao capital próprio. Em outras palavras, ele mostra o nível de comprometimento da empresa com dívidas em comparação ao seu patrimônio líquido.

Para calcular o grau de endividamento, utiliza-se a seguinte fórmula:

Grau de Endividamento = (Capital de Terceiros / Ativos Totais) x 100

Onde:

  • Capital de Terceiros = Passivo Circulante + Passivo Não Circulante
  • Ativos Totais = Ativo Circulante + Ativo Não Circulante

O resultado é expresso em percentual, indicando quanto dos ativos da empresa são financiados por capital de terceiros. Um alto grau de endividamento significa que a empresa possui uma maior dependência de recursos externos, o que pode comprometer seu fluxo de caixa para pagamento de dívidas e juros. Por outro lado, um baixo índice indica uma maior participação de capital próprio.

Quais as vantagens de organizar as finanças corporativas?

Organizar as finanças corporativas é fundamental para o sucesso e a saúde financeira de uma empresa. Aqui estão algumas vantagens importantes:

1) Tomada de Decisão Estratégica

A organização financeira fornece informações cruciais para a tomada de decisões estratégicas. Com finanças bem organizadas, a empresa pode avaliar riscos, oportunidades e direcionar seus recursos de forma mais eficiente.

2) Acesso a Capital

Empresas financeiramente organizadas têm mais facilidade em obter financiamento. Isso inclui empréstimos bancários, investimentos de capital de risco e outras fontes de capital.

3) Eficiência Operacional

A gestão financeira eficiente otimiza o uso dos recursos da empresa. Isso resulta em maior produtividade, redução de desperdícios e melhoria nos processos internos.

4) Cumprimento de Compromissos Financeiros

A organização financeira permite que a empresa cumpra suas obrigações, como pagamento de fornecedores, salários e impostos. Evita atrasos e penalidades financeiras.

5) Planejamento de Longo Prazo

Com finanças bem gerenciadas, a empresa pode criar planos de crescimento sustentável a longo prazo. Isso inclui investimentos, expansões e estratégias de mercado.

Em resumo, organizar as finanças corporativas é crucial para orientar as estratégias da empresa e alcançar crescimento e prosperidade a longo prazo.

Quais são as principais decisões a se tomar com a finanças corporativas?

1) Decisões de Investimentos

Essas decisões são cruciais, pois impactam diretamente o futuro da empresa. Investir em projetos requer cuidado e análise criteriosa para garantir retorno positivo. Escolhas erradas podem resultar em prejuízos significativos, tornando essencial a avaliação minuciosa de cada investimento.

2) Decisões Relacionadas ao Operacional

Este tipo de decisão abrange aspectos do dia a dia da empresa, como desenvolvimento de produtos, remuneração dos colaboradores, estratégias de marketing e precificação.

A gestão eficaz dessas áreas contribui para a maximização da rentabilidade e a redução de custos, sendo fundamental para o sucesso financeiro da organização.

3) Decisões de Financiamento

As decisões de financiamento estão ligadas às fontes de capital necessárias para a operação e lucratividade do negócio. Isso envolve desde a obtenção de linhas de crédito até negociações com fornecedores para garantir o funcionamento da empresa. Gerenciar adequadamente essas fontes de capital é essencial para manter a saúde financeira e a sustentabilidade do empreendimento.

Essas três categorias de decisões em finanças corporativas são fundamentais para o sucesso e a prosperidade de uma empresa, exigindo análise cuidadosa e estratégica em cada etapa do processo financeiro.

Fontes: Vexpenses, FIA, Insper, Celero, Gestão Cont, Concur, Singularity U Brazil

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