18 de fevereiro de 2021 - por Jaíne Jehniffer
Muita gente ainda pensa que investir é algo apenas para quem tem muito dinheiro, mas isso não é verdade. Hoje, com menos de R$ 100, já dá para começar a aplicar e ver o seu dinheiro rendendo aos poucos. Investir não é privilégio dos ricos, e sim uma oportunidade para qualquer pessoa fazer o próprio patrimônio crescer.
Embora investir não vá te deixar milionário da noite para o dia, ele é um passo importante para construir uma base financeira sólida.
Com paciência, disciplina e constância, é possível conquistar bons resultados ao longo do tempo. Leia!
.Leia mais: Investimento: o que é, como e por que investir?
Por que você deveria investir?
Investir, para quê? Imagine olhar para dentro de alguns anos e ver que, além de ter guardado dinheiro, você fez com que ele gerasse mais valor, que ele trabalhasse para você. Esse é o poder de investir.
Como mostra o guia do Banco do Brasil, não é necessário começar com grandes quantias ou ser expert em finanças; o mais importante é entender seu perfil, definir seus objetivos e começar com o que for possível.
Investir significa assumir o protagonismo das suas finanças, escolher a direção e dar os passos que vão permitir tantas realizações, sejam viagens, estudos, ou aquela aposentadoria tranquila. O tempo torna-se seu aliado, e o hábito de investir faz o resto.
Leia também: Perfil de investidor: o que é, tipos e como descobrir o seu
Quais são os principais tipos de investimentos que existem?
Existem diversas opções de investimento para quem está em dúvida de como começar a investir com pouco dinheiro. Confira algumas possibilidades:
1) Tesouro Selic
A maioria das pessoas que decidem sair da poupança escolhe começar a investir através de títulos públicos. Sendo que um dos favoritos dos brasileiros, é o Tesouro Selic.
Essa opção de investimento é interessante, pois rende mais do que a poupança, possui liquidez diária e ainda é tida como a alternativa de investimento mais segura do Brasil.
Em suma, o Tesouro Selic funciona como uma espécie de empréstimo, em que o investidor empresta seu dinheiro em troca de uma rentabilidade que acompanha a taxa Selic. Como a taxa Selic é definida a cada 45 dias pelo Copom (Comitê de Política Monetária), o rendimento dessa aplicação é variável.
2) Tesouro IPCA
O Tesouro IPCA é outra maneira de começar a investir por meio de títulos públicos. A principal diferença entre o Tesouro IPCA e a Selic é a forma de retorno.
Isso porque, no Tesouro Selic, a rentabilidade acompanha as variações da taxa Selic. Já o Tesouro IPCA, remunera a inflação do período mais uma taxa previamente acordada.
A grande vantagem dessa alternativa de investimento, é que ocorre sempre ganho real. Afinal de contas, o investidor sempre recebe o IPCA (inflação) e uma taxa combinada no momento da aplicação.
Entretanto, ao optar pelo Tesouro IPCA, é importante que o investidor mantenha o título até o vencimento da aplicação, caso contrário, ele pode não conseguir a rentabilidade desejada.
3) Fundos imobiliários
Os Fundos de Investimento Imobiliário (FII), funcionam como uma espécie de reunião de investidores. Ao comprar cotas do fundo, o investidor se torna cotista e o responsável por aplicar o patrimônio do fundo, é o gestor.
Uma grande vantagem dos FIIs é o pagamento mensal de dividendos, já que os fundos são obrigados a distribuir mensalmente a renda obtida com o aluguel ou venda dos imóveis do fundo.
Desse modo, essa opção é interessante para as pessoas que desejam uma fonte de renda mensal que pode ser resgatada, reinvestida para aumentar a participação ou aplicada em outros ativos.
4) ETFs
Os Exchange Traded Funds são uma boa opção para quem deseja começar a investir em ações. O seu funcionamento é similar a um fundo de investimento, porém, ele replica a carteira teórica de ações de algum índice.
Isso significa que o gestor não possui uma gestão ativa, em que escolhe as ações que acredita que terão melhor valorização.
O objetivo é apenas constituir uma carteira o mais parecida possível com a do índice. Dessa forma, como os ETFs acompanham um índice de referência, a sua performance será parecida com a do índice. Sendo assim, se o índice subir, o desempenho também sobe, e vice-versa.
Os ETFs são uma boa maneira de diversificar a carteira de investimentos com pouco dinheiro. Além disso, como o gestor faz os aportes de acordo com os índices, o investidor não precisa se preocupar em analisar as ações. Afinal de contas, a análise de ações pode ser um pouco difícil para os investidores iniciantes.
5) Começar a investir na Bolsa de valores
A B3- Bolsa de Valores Brasileira, é um ambiente onde os investidores podem adquirir pequenas parcelas de empresas, as chamadas ações. Ao investir em ações, é possível lucrar com a valorização dos papéis, ou por meio de dividendos.
Ao comprar uma ação, o investidor se torna sócio minoritário da companhia, obtendo benefícios de acordo com o tipo de ações que tiver adquirido, que pode ser:
- Ações ordinárias: Ao adquirir ações ordinárias, o investidor passa a ter direito de participar da assembleia da empresa e contribuir com o futuro da companhia.
- Ações preferenciais: As ações preferenciais possuem prioridade no recebimento de dividendos, mas não trazem consigo o direito de participação nas decisões da empresa.
Passo a passo de como começar a investir
Agora que você conhece alguma opções para começar a investir com pouco dinheiro, vamos ao passo a passo de como investir na prática:
1) Objetivos: O primeiro passo para investir, é estabelecer os seus objetivos. Esse passo é muito importante, pois irá influenciar as estratégias a serem tomadas e os tipos de ativos escolhidos.
2) Perfil de investidor: Existem três principais perfis de investidores: conservador, moderado e arrojado. Em síntese, o conservador é aquele que prefere ativos menos arriscados, o moderado aceita uma parcela de risco e o arrojado aceita altos riscos em troca de altas rentabilidades.
3) Estratégia de investimento: O terceiro passo para começar a investir é definir sua estratégia de investimentos. Sendo que, ao definir sua estratégia e os ativos em que você irá investir, é importante considerar as informações levantadas nos passos anteriores, isto é, seus objetivos e perfil de investidor.
4) Corretora de valores: Muitas corretoras oferecem bons serviços com taxas gratuitas. Portanto, pesquise e abra uma conta da qual você mais gostar.
5) Invista: Depois de passar por todas as etapas anteriores, resta fazer uma transferência para a sua corretora de valores e começar a investir.
6) Diversifique: Além de manter bons ativos na sua carteira, não se esqueça de fazer uma boa diversificação. Para aprender a diversificar por ativos e setores, veja o vídeo de Raul Sena:
Existe valor mínimo para começar a investir?
Você pode começar a investir com valores pequenos, a partir de R$ 1 ou R$ 30, dependendo do tipo de aplicação. O mais importante é dar o primeiro passo e criar o hábito. Não existe um valor fixo para começar a investir.
Tudo depende do tipo de investimento que você escolhe. Por exemplo, o Tesouro Direto permite aplicações a partir de R$ 30, enquanto alguns fundos exigem aportes maiores, como R$ 100 ou R$ 1.000. Já a poupança pode ser iniciada com qualquer valor.
O Banco Central recomenda começar com uma reserva de emergência antes de investir, e a XP aponta que o ideal é alinhar o valor ao seu perfil e objetivos. O essencial é começar com o que você tem disponível e ir ajustando ao longo do tempo.
Dicas para investir com segurança
A segurança no universo dos investimentos se constrói sobre pilares bem definidos que protegem o seu patrimônio e garantem que você alcance seus objetivos financeiros com tranquilidade.
O ponto de partida é a saúde financeira básica. Isso significa, essencialmente, eliminar as dívidas com juros altos, que funcionam como um ralo para o seu capital.
Em seguida, a prioridade absoluta é a constituição da Reserva de Liquidez (ou Reserva de Emergência). É um capital de giro, geralmente equivalente a três a seis meses das suas despesas, alocado em ativos de risco mínimo e com resgate imediato, como títulos públicos atrelados à Selic ou alguns Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com liquidez diária.
O próximo passo é a definição do seu perfil de risco e dos seus objetivos. Não há investimento seguro que sirva para todos; a segurança é relativa à sua capacidade de tolerar perdas e ao seu horizonte de tempo. Um objetivo de curto prazo pede investimentos mais conservadores e de alta liquidez, enquanto um objetivo de longo prazo permite alocações com maior potencial de retorno, mesmo que mais voláteis.
A estratégia mais eficaz para mitigar riscos é a diversificação. Distribuir o capital entre diferentes classes de ativos, emissores e prazos faz com que o mau desempenho de um investimento seja compensado pelo bom resultado de outro. Por exemplo, você pode combinar a segurança da Renda Fixa (como Títulos do Tesouro Direto, protegidos pelo governo federal, ou ativos bancários cobertos pelo FGC – Fundo Garantidor de Créditos) com uma parcela em Renda Variável.
Por fim, mantenha-se informado e faça uma análise contínua da sua carteira. O mercado muda, e seus objetivos também podem mudar. Revisar periodicamente suas aplicações e garantir que elas ainda estejam alinhadas com seu perfil e metas é a chave para uma jornada de investimento segura e bem-sucedida.
Melhores opções de investimento para iniciantes
1) Comece pela tranquilidade: investimento seguro e de fácil acesso
Investir exige certo conforto. Por isso, iniciar com aplicações que você entende, que oferecem liquidez e que não têm muita oscilação ajuda a se sentir no controle.
2) Aplicar no governo: uma porta de entrada muito usada
Títulos públicos são considerados dos investimentos mais seguros do Brasil, e permitem que quem está começando entre com valores menores.
3) Banco como parceiro: explorar CDBs e similares
Os bancos oferecem CDBs, que são mais acessíveis e, em muitos casos, bem adaptados para quem está aprendendo. Vale checar liquidez, rendimento e taxas.
4) Expandir o leque: misturar ativos via fundos/ETFs
Depois que você já tiver montado a “base”, vale usar parte do dinheiro para explorar investimentos que englobam vários ativos ao mesmo tempo, diminuindo o risco de depender de um só.
5) Alvo de longo prazo: renda variável com plano e paciência
Se o objetivo for multiplicar patrimônio e você tiver tempo (5, 10, 20 anos), incorporar renda variável faz sentido. Mas é preciso encarar que haverá altos e baixos.
Saiba mais: 3 investimentos para começar com pouco sendo iniciante
Erros de investidores que você deve evitar
1) Não montar uma base de segurança antes de investir
Pular direto para aplicações sem antes ter uma reserva de emergência ou verificação dos custos pode deixar você vulnerável a imprevistos.
2) Desconhecer os investimentos em que você está aplicando
Se você não entende como funciona o ativo, os riscos envolvidos, ou simplesmente copia porque “vi alguém falando”, o erro está praticamente garantido.
3) Confundir investimento com aposta ou especulação
Muitos veem o investimento como um “jogo” ou “aposta”, quando na verdade exige consistência, paciência e clareza.
4) Não diversificar ou diversificar de maneira errada
Ou seja, achar que só porque diversificou uma vez já está tudo resolvido, ou simplesmente jogar em diversos ativos sem critério. Isso pode gerar resultados ruins.
5) Deixar de revisar ou monitorar o que você investiu
O mundo muda: taxas, cenário econômico, inflação. Se você “colocou e esqueceu” sem saber se aquilo continua fazendo sentido, pode estar perdendo oportunidade ou gerando risco desnecessário.
Aprenda: Como montar uma carteira de investimentos?
Vale a pena investir na poupança?
Sim, a poupança vale a pena em um aspecto: a absoluta tranquilidade e a isenção de Imposto de Renda. Para quem realmente não quer ter nenhuma complicação ou não tem familiaridade com o mundo dos investimentos, ela cumpre o papel de ser um cofrinho seguro e acessível.
Porém, se o seu objetivo é ver seu patrimônio se multiplicar ao longo do tempo, a poupança é uma escolha fraca. A regra de rendimento dela é fixa e, na prática, rende menos que o CDI, que é o referencial de mercado para a Renda Fixa.
Hoje, é muito simples encontrar CDBs de liquidez diária ou títulos do Tesouro Selic que oferecem segurança similar (com a garantia do FGC ou do Tesouro Nacional) e rentabilidade superior. Eles exigem apenas a abertura de conta em uma corretora ou banco de investimento, o que é rápido e sem custos na maioria das vezes.
Portanto, embora a poupança seja o refúgio da simplicidade, ela não é a melhor escolha para quem busca eficiência financeira. É mais vantajoso utilizá-la apenas se você for movimentar o dinheiro frequentemente.
- Leia também: Enfim, agora que você sabe como investir e diversificar, aprenda como analisar os ativos por meio da Análise Fundamentalista, o que é? Conceitos, cálculos e como aplicar.
Fontes: XPI, Serasa, BB, Banco Central.